terça-feira, 12 de março de 2013

Cardeais não estenderam a mão ao Papa



José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

Berlim, 2011. Imagens nítidas de uma cena, se não constrangedora, todavia questionável: Papa Bento 16 retira-se do Palácio do Governo, aplaudido pela multidão, para cumprimentos de selecionado grupo de autoridades postas em círculo, de pé. O pontífice dirige-se a cada chefe, total 15, estende-lhes a mão. Em resposta, recebe carinhoso e demorado aperto e sorriso. Em seguida, vai ao encontro de 19 cardeais, também em círculo. O Papa repete o mesmo gesto: estira-lhes a mão. Curiosamente, só 6 cardeais devolvem-lhe a cordialidade. 11 derretem-se de gentilezas para com as demais autoridades, menos para o chefe da Igreja, de mão estendida, cujo troco a frieza. Só agora, tsunami balançando a arca de Pedro, mas não à deriva, pipocam interpretações diversas sobre a cena de Berlim envolvendo o famoso conterrâneo. 

Fábio Simões confessou com surpresa: "Ficou bem esquisito! Uns poucos o cumprimentam e a maioria não! É protesto? É não aceitação? É quebra de protocolo da boa educação? O que ficou "no ar" foi o Papa de mão estendida "no vácuo"! Esquisito mesmo!" Luís Roberto Turatti acrescentou: "Católico que é católico respeita e admira o Papa. Quem achar que ele está errado, ou cometeu isso ou aquilo e está descontente, é simples: MUDE DE RELIGIÃO! Criticar por criticar não soma nada, absolutamente, aliás, só se perde tempo. Nós, católicos praticantes e atuantes, queremos qualidade e não quantidade, assim nos ensinou muito acertadamente Bento XVI. Concordo com a postagem." Pedro Araújo também viu a cena e emendou: "Tem gente que mesmo vendo, não acredita. Quem quer que seja a autoridade máxima da Igreja, não cumprimentá-la, por motivo de uma formalidade , é inconcebível... Ele estava de mão estendida! Até por uma questão de respeito ou Amor cristão! Imagine: AMAI OS VOSSOS INIMIGOS! FAZEI O BEM AOS QUE VOS ODEIAM." 

A atitude de o Papa estender a mão, quebrando o protocolo, induz uma regra de urbanidade e fraternidade devolver-lhe a mesma cordialidade. Ora, protocolo à parte, o que vale é a reciprocidade. O que não houve de 11 cardeais. 

A falta de cordialidade, até para com adversários, é pecado mortal, fere o mais sagrado princípio cristão, a caridade. Comete-se, especialmente, onde fervilham interesses e disputas de poder: congressos, câmaras, paróquias, e, por que não, na Cúria romana. Não é fácil repetir o primeiro mandamento da cena do Lava-Pés do Mestre. Imagine um modesto aperto de mão, arrogantemente rejeitado ao maior representante da Igreja. Deus está vendo o que se passa nessas cabeças coroadas, por trás da fumaça branca ou preta emergindo da sala do Conclave, todos em círculo como na cena de Berlim.

Um comentário:

  1. Sou um apreciador das crônicas do prof. José Maria Vasconcelos. Diante da atitude dos cardeais, mesmo tendo ocorrido no ano passado, fica uma pergunta que a maioria dos católicos faz no momento atual: o Papa Bento XVI renunciou ou renunciaram o Papa?

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