domingo, 17 de março de 2013

Seleta Piauiense - Cid Teixeira de Abreu



Soneto de amor

Cid Teixeira de Abreu (1937 - 2004)


o meu amor é só. como as gaivotas,
criei-o na aurora dos rochedos,
acima da impotência dos enredos,
na trilha insondável de outras rotas

meu amor é meu ser e meus segredos,
a virtude trincada de revoltas.
se não há o querer de eras remotas,
ausência também há de velhos medos...

e cibório de nervos e memória
tensa, coberta de sangue — oh granito!
dólmans brancos nas páginas da história.

o meu amor... quem sabe compreendê-lo,
se a própria alma, na angústia do infinito,
é chama e cinza, é ternura e gelo?!...

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