segunda-feira, 1 de abril de 2013

"Poder, exercício do Servir"(Papa Francisco)


José Maria Vasconcelos
josemaria001@hotmail.com

Manhãzinha, sentado à mesa, café, leite, aveia. Só. Olhar fixo na telinha, atento à homilia do Papa Francisco, entronizando-lhe o pontificado. Carismático, afetuoso, sem dialética acadêmica, falava, não discursava. Ia direto ao cotidiano.
Estadistas, bispos, cardeais, padres e freiras, todas as nações e credos representados na Praça de São Pedro. Transmissões televisivas planetárias, a sensação de eu estar no meio da Praça. Lembrava o Pentecostes, após a ascensão de Jesus Cristo aos céus. Evangelista Lucas narra, nos Atos dos Apóstolos(cap.2), que o Espírito Santo de Deus cobriu as cabeças dos discípulos em forma de línguas de fogo. Curiosos de todos os idiomas encontravam-se presentes em Jerusalém, entendiam a fala dos apóstolos em sua própria língua, admiravam a fantástica transformação de homens rudes em sábios do Espírito Santo. Em nome dos companheiros, Pedro discursou. Era início da manhã. Fundava-se a Igreja de Cristo, como Jesus prometera na despedida para o céu: "Ide ao mundo, pregai o evangelho...Estarei convosco até a consumação dos séculos... E as portas do inferno não prevalecerão contra Ela."
A homilia do Papa Francisco surpreendeu, pelo recado prático, especialmente aos gestores e líderes. A leitura do evangelho do Dia de São José narrava o despojamento do esposo de Maria, guardião do menino Jesus e sua mãe. Zeloso, humilde e obediente à orientação do anjo Gabriel.
"O Poder é o exercício do Servir"- disse o Papa. Não me contive sentado à mesa. Levantei-me, xícara na mão, fitei o sereno pontífice declarando o maior componente da esperança para uma autoridade eleita: Servir, Servir. Repito, Servir. Não disse Servir-se, mas Servir. Eis o mandamento de Cristo, proposto no Lava-Pés, durante a Ceia. Lavar os pés não traduz subserviência escrava, nem lavar as mãos, ato de covardia.
"O poder exige despojamento e serviço." Dito por um cardeal servidor, agora Papa, é uma ordem. A sociedade clama por gestores do servir, sem se servir dos recursos públicos. Migalhas não consolam excluídos.
Igreja do servir não explora o milagre fácil e farto dos pães e peixes. "Buscai o reino de Deus e sua justiça. O resto vem como consolo"- eis o projeto de Cristo.
A homilia do Papa Francisco acendeu o fogo do Espírito. Todas as línguas entenderam a fala. Falta só o batismo espiritual, especialmente dos líderes.

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