segunda-feira, 1 de julho de 2013

UMA CARTA DE TALWER MENDES DE CARVALHO (*)



UMA CARTA DE TALWER MENDES DE CARVALHO

Noturno de Oeiras e outras evocações e A Casa no Tempo projetaram-me aos anos quarenta, na Teresina da época. O elenco de intelectuais citado no discurso de posse na Academia Piauiense de Letras, a começar com meus primos João Gabriel Baptista, casado com a também prima Maria de Jesus de Carvalho, irmã de O. G. Rêgo de Carvalho (para nós da família apenas Geraldo); Nerina Castelo Branco (esta com seus pais e irmãos, Dr. Dídimo, d. Ester, Afrânio e Rubens), minha vizinha na Rua Eliseu Martins; seu antecessor na Academia Hindemburgo Dobal (muito ligado a O. G. Rêgo de Carvalho), todos pessoas a quem recordo com profunda saudade. Ressalto que Rubens, irmão de Nerina, tornou-se meu primo ao se casar com Dulcila, filha de tia Elizabeth, irmã de minha mãe.

Não poderia deixar de reconhecer, profundamente grato, o destaque que me foi dado nos textos do livro, dos quais, seguramente, não sou merecedor. Minhas eventuais incursões no mundo literário foram provocadas pelo valor artístico das obras de outrem: Elmar Carvalho, Ferrer Freitas e José Expedito Rêgo. Circunscrevi-me a trabalhos de assessoria no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás e no Tribunal Regional Eleitoral, aos desembargadores Gonçalo Teixeira e Silva, amarantino radicado em Goiânia desde 1949, Marília Jungmann Santana e Alan Sebastião de Sena Conceição, de abril de 1994 a janeiro de 2007. Foram trabalhos que, apesar de algum valor, são de pouca importância. Não sou escritor nem aspiro a sê-lo.

Noturno de Oeiras integra, com todas as honras, o patrimônio histórico e cultural da cidade. E aqui, não há como esquecer, aparecem alguns expoentes da produção intelectual da querida Vila do Mocha: Possidônio Nunes de Queiroz, admirável autodidata; Gerson Campos, inteligência brilhante, desaparecido precocemente; Dagoberto de Carvalho Jr., especialista em Eça de Queiroz, incansável pesquisador da história; e quem mais? Não teria condições de enumerar todos. Acima de tudo, no entanto, paira o seu amor e dedicação de filho de Campo Maior, sem discriminação, aos acontecimentos e à constituição geográfica do Piauí.

Volto a cumprimentá-lo e a lhe desejar prossiga em sua produção poética.


(*) Não obstante tenha o notável jurista, signatário da missiva, dito que suas  "eventuais incursões no mundo literário foram provocadas pelo valor artístico das obras de outrem” e de que não é escritor e nem aspira a sê-lo, é fácil de se perceber, pela clareza e elegância de sua escrita, pela sua correção gramatical, pelo seu alto poder de síntese, que seria um escritor de mérito, e sobretudo um mestre do estilo castiço (todavia despido de desnecessários atavios e retorcidos torcicolos do rococó). 

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