domingo, 13 de outubro de 2013

Seleta Piauiense - Taumaturgo Sotero Vaz


Coração

Taumaturgo Sotero Vaz (1869 – 1921)

Quando eu morrer, virgem formosa e pura,
Se acaso for o meu corpo cremado,
Vai e, entre a cinza que restar, procura
O coração que eu tenho em mim guardado.

Vai, que hás de vê-lo, doce bem amado,
Cheio de vida entre a poeira escura,
Como um astro que em pleno céu nublado
Surge valente e com vigor fulgura.

Hás de encontrá-lo palpitante e forte
Entre esses restos do que soube em vida
Amar-te e certo o saberá na morte...

Que o coração, querida, de quem ama,
Não se consome, pois é lei sabida
Que a chama não consome a própria chama.


Fonte: Antologia da Academia Piauiense de Letras, de Wilson Carvalho Gonçalves

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