quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Natal de Oeiras


Natal de Oeiras

Dagoberto Carvalho Jr.

Chamavam-se “berços”
de alecrim, andré-miúdo
e ingênua criatividade –
os presépios de minha infância,
cuja visitação era o Natal de Oeiras.
Antes das “árvores” que vieram de fora
e tomaram as salas,
colorindo-as de alegria alheia.
Lembro-me do que foi de Burane,
na Praça da Bandeira;
o de Dona Lourdes, na Rua do Norte;
o do Colégio das Irmãs,
em seu sobrado-convento,
antigo palácio dos presidentes da província.
O da casa de minha avó,
no Beco do Quartel,
tinha cama de madeira
porque o menino já era grande
e dormia vestido de gesso.
Uma vez faltou luz elétrica.
Demora-me a noite na memória,
como a lanterna vermelha que me levou
aos santos endereços da saudade;
que nunca mais deixou de iluminar os meus Natais.


Recife, Natal de 2010

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