quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Um comentário sobre o texto O Imortal


Um comentário sobre o texto O Imortal

Cunha e Silva Filho

Elmar, acabo de ler seu texto "O imortal" e me pergunto se o mesmo seria um conto. O que sei é que o texto se inscreve na linha de alguns que você tem classificado de composições impulsionadas pela mágica e pelo mistério dos sonhos.

Os sonhos são ora indecifráveis, ora tendem a se associar a alguma coisa que antes consideramos ocorrências e experiências ao nível da realidade empírica.

Entretanto, o seu texto, escrito com tantos detalhes e perfeição, sobretudo na descrição visivelmente plástica, me surpreende como peça literária.

Se você diz que não é um crítico de arte, o texto nega a sua afirmativa, já que a força de sua escrita equivale àquela capacidade que o observador-artista possui na possibilidade de fazer uma leitura objetiva do que vê diante de si.

Esta argúcia do olhar do escritor-poeta diante do analisado, seja um objeto qualquer, seja a figura humana, é que, repito, me deixa intrigado.

Não sei se em alguma parte afirmei que a habilidade de um verdadeiro ficcionista está no seu talento descritivo-narrativo e o texto em exame o demonstra. Você sabe empregar, em doses certas, o que se movimenta (ação narrativa) e o que permanece ou está estático (traço essencial da descrição).


Os poeta, como você e outros (Da Costa e Silva, por exemplo) a meu ver, têm um interesse enorme pelo pormenor, pelo nome das coisas, objetos, cores, sentidos das palavras, mundo animal, vegetal, mineral, o Cosmo enfim. Sem tais talentos, não pode haver ficção genuína, convincente, viva, palpável, visível, que não só a técnica auxilia, mas principalmente o talento e a capacidade de querer o artista, o poeta, o escritor em geral superar-se ao longo de sua experiência com o texto literário, com o conhecimento em geral e com a leitura dos grandes escritores e a experiência haurida na criteriosa observação das obras de artes.   

Um comentário:

  1. Caro amigo Cunha e Silva Filho,
    Mais uma vez devo reconhecer que você acertou na mosca.
    Com efeito, o ponto de partida foi um sonho que tive. Só não o esqueci, como acontece com a maioria dos sonhos, porque tive a felicidade de acordar enquanto sonhava.
    Entretanto, passei algumas semanas meditando sobre o sonho, procurando acrescentar-lhe alguns pormenores, que lhe pudessem dar uma consistência de conto, pelo que transformei a matéria-prima inicial, acrescentando-lhe novos ingredientes.
    Já tenho lido muito sobre arte plástica, inclusive sobre o hiperrealismo, como você inferiu.
    Abraço,
    Elmar

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