quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

PAULO ALMEIDA E AS PALMAS DOS COLEGAS

Elmar e Paulo Almeida

6 de fevereiro   Diário Incontínuo

PAULO ALMEIDA E AS PALMAS DOS COLEGAS

Elmar Carvalho

Na época em que fui fiscal da extinta Superintendência Nacional do Abastecimento – SUNAB, Delegacia do Estado do Piauí, integrei algumas blitzes com a participação de outros órgãos, inclusive a Polícia Federal – SDR-PI, mormente na época dos famigerados congelamentos, que não deram certo nem na poderosa Roma antiga, no tempo do imperador Deocleciano.

Por essa razão, conheci alguns agentes policiais, servidores burocráticos e delegados, entre os quais recordo os nomes dos delegados Jonas Duarte, Antônio Vanderley Portela e Vasconcelos, que ao aposentar-se foi morar em sua terra natal, a bela e aprazível Tianguá, da qual se tornou vice-prefeito, e Airton Franco, que fixou residência em Fortaleza, onde passou a escrever crônicas e artigos, após ter exercido o cargo de secretário de Segurança Pública do Piauí.

No curso de Direito, na Universidade Federal do Piauí, fui colega de alguns agentes e servidores da nossa briosa PF. Recordo o nome de alguns, entre os quais cito: Benjamim de Oliveira, Audenir Rufino Mota, conhecido como Federal, de alegria contagiante, sempre afável e simpático, Francisco Cláudio Bruno Sales, escrivão, cearense, boa praça, José Carlos Fontenele, Nelson Estevan de Andrade, que depois ascendeu a delegado de Polícia Federal, mediante concurso, Lucídio Leódido, natural de Buriti dos Lopes, portanto conterrâneo de minha mulher, Lúcio Machado Vale, hoje juiz de Direito na comarca de São Luís – MA, e Paulo Nunes de Almeida.

Alguns, como o outro Paulo Almeida, o Davi, o Luís Alberto e o Luiz Carlos Martins Alves, são irmãos maçônicos, entusiastas e dedicados à sublime Ordem. Outros foram meus vizinhos, como o Daílo Barreto Marinho, o Martins, o Ribamar, casado com a Bernadete, que foi minha colega na Sunab, o Odom Baltazar Nobre Filho e o Sica (Siqueira), pintor e pirógrafo de enorme talento e apurada técnica. 

Merece referência especial o saudoso irmão Odeon Batista, de grande estatura moral e física, sempre vibrante e cordato, que foi grão mestre do GOB-PI – Grande Oriente do Brasil – Piauí, sobre o qual escrevi uma crônica, publicada na internet.

Vários desses servidores já se aposentaram. Muitos não mais tive a satisfação de rever. Voltei a reencontrar, com certa frequência, o Paulo Nunes de Almeida. De vez em quando nos encontramos na praça de alimentação do shopping Riverside, na qual seu filho Ravanelli tem um bar e lanchonete. No domingo passado, enquanto sorvíamos uma cerveja, ele me contou um fato de sua vida profissional, que acho interessante trazer à luz da publicidade.

Paulo sempre foi uma pessoa afável, prestativa e de boa formação moral. No seu último dia de expediente, antes de aposentar-se, cumpriu seus deveres com o zelo de sempre, com observância do horário regulamentar. Ao final de sua jornada de trabalho, fechou as gavetas e o armário cuidadosamente, e entregou as chaves a quem de direito. Não deixou pendências funcionais e nem objetos particulares nas gavetas, escaninhos e prateleiras.

A administração regional do Piauí não lhe prestou nenhuma homenagem, nem mesmo um simples agradecimento ou obrigado. Não lhe foi outorgada nenhuma singela medalha de honra ao mérito; sequer um diploma de papel. Nenhuma nota no Boletim registrou o fato. Devo advertir que Paulo não precisa dessas honrarias, e não tem queixas por não tê-las recebido. Ao contrário, acha que apenas procurou cumprir o seu dever, e isso deveria ser a rotina de qualquer servidor público.

Todavia, quando se encontrava no hall de saída, um grupo de aproximadamente oito servidores perguntou se poderia acompanhá-lo até o portão, tendo ele respondido afirmativamente. Esses funcionários o seguiram até a saída da repartição, batendo calorosas palmas em sua homenagem. Através desse gesto simples, mas significativo e comovente, esses colegas estavam dizendo para o Paulo Nunes de Almeida que ele havia cumprido a sua missão funcional de forma honrada e digna, e que era um bom colega e um homem de bem.

Acho que essa saraivada de palmas, sinceras e vibrantes, valeram mais do que insígnias de latão e ouropéis que lhe fossem outorgados pela administração a título de honraria. A honra, ele a agasalhava em seu coração e o demonstrou ao longo de sua vida profissional. Que esse despretensioso registro possa servir de exemplo e estímulo a outros servidores públicos.   

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