Reginaldo Miranda |
JESUÍNO JOSÉ DE FREITAS
Reginaldo Miranda
Entre os filhos mais ilustres da
cidade de Jerumenha, a que tive oportunidade de perfilar está o desembargador
Jesuíno José de Freitas. Nascido por volta de 1838, era filho do capitão
Gonçalo José de Freitas, antigo vereador de Jerumenha, e de dona Ana Maria de
Sousa.
O desembargador Jesuíno Freitas
descendia de famílias radicadas no termo de Jerumenha umas quatro gerações
antes de seu nascimento. Pelo lado paterno era neto de dona Luísa Maria de
Sousa e do tabelião José de Freitas Fragoso, que adotou esse apelido em
homenagem a um padrinho e foi o primeiro da família a fixar residência na sede
municipal, embora nascido no alto Itaueira, do mesmo termo(seu pai chamava-se
Antônio Luís de Lavor de Paes Barreto, radicado no alto Itaueira). Na verdade,
os Freitas descendem dos pernambucanos Manuel de Albuquerque Melo e Eufrásia da
Cruz Neves, e os Sousa dos baianos Manuel José Ferreira e Francisca de Sousa
Rabelo.
Iniciando as primeiras letras em
Jerumenha, mudou-se para o Recife onde se bacharelou em Direito no ano de 1864,
na mesma turma do filólogo maranhense Felipe Franco de Sá. Nesse particular,
seguiu os passos do irmão primogênito José Manuel de Freitas, também
desembargador, que se formara na mesma Faculdade seis anos antes.
De retorno ao Piauí, juntamente
com o irmão primogênito alistou-se nas fileiras do Partido Liberal, onde
militou até o fim do Império. Também, dedicou-se à advocacia. Por esse tempo
convola núpcias com Regina de Sousa Martins, filha do coronel Elias de Sousa
Martins e sua primeira esposa, Maria Josefa da Purificação. Uma irmã de sua
esposa foi casada com o magistrado e político liberal Firmino de Sousa Martins,
primo de ambas. Embora não disputando eleições, Jesuíno Freitas teve
participação ativa na vida política da província, sobretudo na coordenação
política das campanhas do irmão e do concunhado, ambos deputados e presidentes
de província. Sobre a força de sua participação, basta ver que era o suficiente
para incomodar os adversários. O médico e líder conservador Raimundo de Arêa Leão,
incomodado com sua participação política só o chamava de Nonada e a ele dedicou
vários poemas satíricos, como o que segue: “Ó gorduroso, ó grande Jesuíno,/ Tu
que já tens (não rias) e deveras,/ Umas quarenta e tantas primaveras,/ Sem
exceção do tempo de menino;// Tu, que és cunhado e amigo do irmino,/ Desse mais bruto que as brutas
feras,/ Tu, que és juiz, mas olha, das severas/ Leis desse Neto rude,
pequenino,// Toma tento, rapaz, ou, como queiras,/ Meu velhote boçal, toma
juízo,/ Anda direito, deixa-te de asneiras,// Levanta o rosto, a cara
aparvalhada!/ Quero nela escrever, pois é preciso,/ Esta expressão simbólica –
Nonada”. Evidentemente, essa é uma crítica deselegante e injusta a um vitorioso
filho do Gurguéia, ilustre magistrado e político piauiense, à qual só
transcrevemos para registrar que o mesmo teve participação ativa na política
piauiense.
O bacharel Jesuíno José de
Freitas ingressou na magistratura, servindo por muitos anos como juiz de
Direito da comarca de Amarante, àquela época uma das mais prósperas da
Província. Nessa qualidade, em 1885 instalou o foro da cidade de Regeneração,
termo judiciário de Amarante.
Em 26 de dezembro de 1892, foi
transferido para a vizinha comarca de Caxias, no Maranhão, onde tomou posse no
dia 12 de janeiro do ano seguinte. Durante esse período coube-lhe executar a
Lei Estadual n.º 33, de 06.04.1893, que traçou novos limites entre os
municípios de Caxias e Barra do Corda. Lembramos que mesmo com a criação do
Tribunal de Justiça do Piauí, em 1891, permaneceu vinculado ao judiciário
maranhense, ao qual até então pertenciam as comarcas do Piauí.
E permanecendo no Maranhão, foi
promovido para uma das varas da comarca de São Luís em princípio do ano de
1895. Foi, porém, de pouca duração esse exercício, porque nos primeiros dias de
abril do mesmo ano alcançou o cargo de desembargador do Tribunal de Justiça do
Maranhão, onde tomou posse em 05.04.1895. Demorou no exercício desse cargo por
mais de onze anos, sendo aposentado no dia 10 de maio de 1906, em face de
problemas de saúde. Faleceu ainda no mesmo ano, na cidade de São Luís do
Maranhão, onde foi sepultado. Deixou um nome honrado e uma carreira sem
máculas.
Com esse registro desejamos
enfatizar a carreira brilhante e a vida honrada de um grande magistrado nascido
nas barrancas do Gurguéia, cuja trajetória de luta e ascensão profissional,
esperamos sirva de exemplo para as gerações vindouras.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMe chamo Pedro Noronha De Freitas Pinheiro. Sou tetraneto de Jesuino. Gostaria de saber o que Antônio Luis Lavor de Paes Barreto tem a ver com Jesuino. Antônio é pai de Jesuino? Não seria Manoel de A. Mello? Meu e-mail é: pnpedropinheiro@bol.com.br
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