Bairro Cristo Rei guarda valioso tesouro
José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com
1964, densa
floresta estendia-se por todo o vale do Rio Poti da velha Catarina. Macacos e
animais e aves silvestres abundavam na região, rica de babaçus, pequis, jatobás
e guabirabas, deleites da garotada e caçadores, ainda sem leis ambientais. Alguns
sítios e belas varandas de ricos contrastavam com a miserável vida dos
camponeses morando em taperas. Barões barravam projetos da Prefeitura de rasgar
suas propriedades para implantar avenida. “Se entrar aqui, meto bala!” – desafiava
arrogante desembargador.
Prefeito biônico da ditadura militar, coronel Joel Ribeiro enfrentou os
bastiões e construiu a Avenida Marechal Castelo Branco. Antes, porém, chegara à
Catarina o jovem jesuíta Padre Pedro Biodan Maione, que revolucionaria a pacata
região meio rural, em centro de cultura, religiosidade e desenvolvimento.
Padre Pedro,
italiano, família rica, experiência pastoral no Japão, modesta residência,
identificava-se com a simplicidade e comida frugal da recém-criada paróquia do
Cristo Rei: “Nunca tinha visto tanta pobreza e falta de
atividade cultural”.
A congregação
jesuíta caracteriza-se pelo princípio de erguer escolas antes de construir
templos. No Brasil, a missão começou com Padre José de Anchieta, fundador da
cidade de São Paulo, além de Padre Manuel da Nóbrega em missões.
Hoje, Padre
Pedro Maione e sua companheira de pastoral, Lígia de Sousa Martins, ambos 88
anos, saudáveis e ativos, recordam tempos difíceis do início da atividade
pastoral no Cristo Rei: “Nosso empenho não era servir apenas liturgia ao rebanho, mas cultura e educação
profissional.” A Lígia
deve-se a ideia do nome Cristo Rei à Fundação que iria sustentar as obras
sociais da paróquia. O Centro Social D. Avelar servia de local para celebrações
litúrgicas e tarefas
culturais. “Dom Avelar
Brandão Vilela, pastor de transformações sociais, ofereceu-nos todo apoio nas
atividades do Centro Social.” Anos depois, construiu-se o belo templo, ali
próximo .
Padre Pedro
estimulava os jovens a cursos de música instrumental. O paroquiano Vieira
Touranga, vereador, homem público, despojado e sério, apoiava as atividades
sociais.
“Nossa gente
simples não perde para nenhum povo de primeiro mundo. O que lhe falta é
educação. Maestro Aurélio Melo, da Orquestra Sinfônica de Teresina, estudou música em nosso Centro
Social” –
orgulha-se o jesuíta.
Com ajuda
financeira e técnica do irmão e engenheiro, Padre Pedro construiu prédio do
museu de dois pavimentos, moderno e bonito. Encantei-me com preciosidades do
império romano... Bem, não revelo o que mais vi, a pedido do sacerdote, “questão de
segurança, que falta o prefeito Firmino me garantir.”
Padre Pedro
Maione, rocha de fé como cálculos vulcânicos conservados no museu: “Para que visitar a
terra de Jesus, se eu O
encontro na eucaristia? Lamento sacerdotes com falta de entusiasmo pela missão
que lhes foi confiada pelo Senhor. É falta de fé.” Explica-se honrosa homenagem a Cristo
Rei ao bairro que, nestes dias, dedica-lhe festivo novenário.
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