sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

Papa Francisco e as 15 doenças do poder


Papa Francisco e as 15 doenças do poder

José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

  
                O ano de 2014 despede-se, trôpego retirante, carregando na mochila memoráveis e vergonhosas decepções. Escândalos monumentais provocados pela roubalheira e corrupção diárias. Um sonoro tabefe na dignidade nacional. Apavorante sensação de que vale a pena o crime resvalar para a imoralidade, quando se há pedigree político e dinheiro para dissimular, defender-se, comprar. Condenados a longos anos de cadeia, agraciados com brevidade da pena ou soltura para conquistar mandato.

         No clima natalino, pensei enviar mensagem, meio melosa e romântica, como exige a data, para algumas autoridades. Faltaram-me coragem e franqueza. Louvá-los, compactuaria com a turbidez moral que os distingue. Foram poucos, pouquíssimos agraciados, apesar do volume de secretários, parlamentares, assessores palacianos. Tanta fartura de cargos que só banana e pequi na feira. Certos convocados não se seduziram pelo canto da sereia. A tentação edênica do fruto proibido pudesse exibir a nudez da vergonha.

         O noticiário informa que o Papa Francisco reuniu a Cúria para confraternização natalina. Todos esperavam gentilezas, mas receberam presente de grego. Em vez dos mimos, uma viril e corajosa filtragem de água túrbida, típica dos líderes e estadistas. O discurso do pontífice valeu como ultimato, aquela exigência que um Estado apresenta a outro, cuja não aceitação implica declaração de guerra.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário