terça-feira, 3 de março de 2015

Ideologia servil e consciência crítica saudável


Ideologia servil e consciência crítica saudável

José Maria Vasconcelos 
Cronista, josemaria001@hotmail.com

Ando desencantado com a cultura atual de se engolir sem mastigar. Destaco, especialmente, ideologias que escravizam paixões sem freios da consciência crítica. Explico.

Ideologia, conjunto de ideias, doutrinas e visões de um indivíduo ou grupo para ações, principalmente políticas. Ideologia para convencer e impor uma doutrina, geralmente de discurso populista, demagógico, cuja retórica pode resvalar na força física e convulsão social. A ideologia exige lideres falantes, às vezes medíocres, donos de bordões e frases de efeito.

         O mundo vive uma babel de ideologias e paradigmas políticos, religiosos, filosóficos, fascistas, comunistas, capitalistas, anarquistas, nacionalistas, conservadores e modernistas. O filósofo alemão Karl Mark construiu sua ideologia baseada na aversão à classe burguesa (empresários, clero, governantes), dominadora e controladora da sociedade, no período da Revolução Industrial, que gerou mais lucros com as máquinas e segregou a classe proletária. Daí, meio passe para o comunismo (sistema de igualdade social), na Rússia e outros países. Depois, o fascismo alemão, entre outros países. A ideologia capitalista, surgida em países ricos, como Inglaterra e Estados Unidos, que visava à defesa dos lucros e riqueza. A ideologia democrática, defendida na Grécia antiga, ressurgiu nos iluministas da Revolução Francesa.

Jean-Paul Sartre, filósofo francês, marxista, encantava-me no tempo de estudante. Jovens dos anos 60-70 inspiravam-se no anarquismo e náusea à sociedade de consumo de Sartre. Nascia o movimento hippie, constituído de jovens burgueses, alienados. Vestiam toscas roupas, calçavam tamancos e chinelos rústicos, sobreviviam do artesanato primário, nas praças e avenidas, consumindo maconha, mas pacíficos, adeptos da contracultura e do Paz e Amor. Sartre recusou o prêmio Nobel de Literatura e distinções oficiais, arredio à furupa burguesa. Ainda me recordo de um de seus princípios: “O homem está condenado à liberdade”. “Ouro de Tolo”, canção do rebelde Raul Seixas, traduz bem o espírito hippie.

Grupos que defendem uma ideologia, frequentemente, tentam convencer outras pessoas a seguirem a mesma ideologia, provocando confrontos, conflitos de rua e de governos. Exige-se, portanto, prudência e sensatez na formação da consciência crítica: acompanhar fontes diversas da informação sobre ideologias que se pregam a toda hora, especialmente no meio político e na mídia. Analisar e filtrar o discurso e testemunhos de vida. Imprensa livre não vive arribada pelo governo. Partidários das ideologias doentias não toleram a imprensa livre, sempre alcunhada de venal, golpista, fascista e burguesa, bordões surrados da falange esquerdista. Elegem culpados para suas mazelas e interesses. O populista Hitler atribuiu aos prósperos judeus a mísera situação da Alemanha. As esquerdas, aos americanos. O petismo ao Fernando Henrique  e Cardoso.

Em momento de convulsão ideológica, devemos exercitar a consciência crítica, baseada no patrimônio de saberes que herdamos das gerações anteriores e que partilhamos com a comunidade de virtudes cristãs a que pertencemos.        

Nenhum comentário:

Postar um comentário