domingo, 29 de março de 2015

Rompimento


ROMPIMENTO

Elmar Carvalho

Dedo em riste,
muito feroz e muito triste,
o homem, grosso e imundo, falou:
– Lembra-te, tu já lambeste meu cu!
A mulher, com gestos abstratos
feitos do mais singelo recato,
elegante e delicada, retrucou:
Lambi, mas não lambo mais ...
O homem quedou-se transformado
em pesada estátua de pedra e dor.
A mulher se foi
          –  leve e evanescente –
anjo que se libertou.   

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