domingo, 5 de abril de 2015

Carta-comentário sobre Confissões de um juiz


Caro Elmar Carvalho,

          Primeiramente minha gratidão a sua gentileza de enviar-me seu livro Confissões de um Juiz. Chegou-me com uns vinte dias de postado. Impressionou-me a sua fotografia na capa, a mesma que vi no sonho que lhe narrei há uns meses. Apesar de ver isso como fenômeno mediúnico, não estou insinuando que sou um bom profeta, vidente ou adivinho, ou coisas parecidas, o certo é que vi esta fotografia no sonho sem nunca termos falado em lançamento desse seu último livro.

          Quando recebi suas Confissões eu continuava a leitura de “Como Viver ou Uma biografia de Montaigne em uma pergunta e vinte tentativas de resposta”, da escritora Sarah Bakewell – 2010. A Biógrafa narra e descreve como Montaigne responderia perguntas: como suportar a perda de um ente querido, como enfrentar a violência, como sairmos de situações embaraçosas, e tal. Aí continuei lendo suas Confissões alternando com a leitura da Biografia de Montaigne e com minhas leituras de obras da Doutrina Espírita.

          Na sua autobiografia fatos e situações se parecem com os vivenciados por Montaigne, contada por sua biógrafa, claro que com as adaptações peculiares de cada época. Montaigne teve a vida profundamente marcada por um acidente de equitação. No seu caso foi o acidente de carro, substituto do cavalo, sendo, felizmente, coisa sem maiores consequências. Montaigne sofreu até morrer fortes dores por pedras nos rins. Imagine a vida no século XVI, mesmo na França, sem os diagnósticos e sem as terapias que temos hoje. Com toda humildade e resignação você venceu as enfermidades de CA, reconhecendo que há fatos em nossa vida que fazem parte de nossas provações neste Planeta, estão submetidos aos desígnios de Deus.

          Quem ler suas Confissões, se antes pensava diferente, vai saber que em autobiografia o autor não fala só de si, uma vez que o autor é um ser no mundo e não pode fazer história de sua vida isolado do meio onde vive, dos fatos e pessoas com quem vivenciou, como no desempenho dos papéis sociais de Juiz de Direito, funcionário público, como militante em defesa do meio ambiente, da educação, da cultura e como bom filho e pai de família. Nas suas Confissões as narrativas sobre casos que lhe chegaram para ser resolvidos como Juiz de Direito vê-se o comportamento humano nas suas manifestações mais comuns. Um indivíduo represa a corrente de água sem se importar com as consequências nos seus vizinhos. Outro prefere ser processado como garanhão a ser absolvido de acusação injuriosa e do repúdio da sociedade. Outro que se gaba de ter transado com bêbado. Do advogado que procura pretexto para jogar indiretas no Juiz de sua Comarca. Eis ainda a condição do ser humano como egoísta, vaidoso, invejoso e tudo o mais que caracteriza nosso atraso moral.

          Depois fala de sua querida mãe, do dia de sua partida para a vida espiritual. Isso me sensibilizou muito, pois minha mãe nasceu e desencarnou em épocas perto de sua mãe. Minha mãe nasceu em 18.06.1933 e desencarnou em 15.01.2013. A gente não esquece essa pessoa por nada desta vida.

          Depois os amigos e os animais de estimação não foram esquecidos em suas Confissões, são retratados em crônicas ou são lembrados em acontecimentos que os envolveram.

          Então prezado Dr. Elmar, eram essas as considerações sobre seu livro, Confissões de um Juiz, cheio de histórias de sua vida de Magistrado e de sua vida como poeta, como cidadão e pai de família, enfim. Perdoe-me os acréscimos que lhe pareçam desnecessários, uma vez que outros leitores de suas Confissões lhe responderão fazendo críticas ou análise mais significativas do que estes meus simples comentários, pois são pessoas dotadas de habilidade e sensibilidade para captar e expressar o que uma obra literária – suas Confissões, neste caso, expõem com toda arte e amor ao mundo, uma vez que seu autor, poeta e escritor Elmar Carvalho é uma árvore boa, de onde se sabe, só sairão bons frutos.

Um grande abraço!

Luis Aires    

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