Dílson Lages Monteiro cultiva gêneros literários diversos e
publicou doze livros, passeando entre a prosa e a poesia, além de produzir
livros didáticos. Para o professor de Teoria Literária da Universidade de
Brasília, Ricardo Araújo, “A poesia de Dílson Lages tenta recuperar através do
sentidos “O sabor das imagens”, propondo novas associações de imagens e
ampliando o horizonte de possibilidades metafóricas". Ainda, segundo
Araújo, "Lages cria novas metáforas buscando ilações inusitadas e auscultando
os diversos sons provenientes destes seres peculiares que integram a
personalidade humana de cada um de nós".
O processo de criação de imagens na poesia de Dílson é também
destacado pelo escritor Francisco Miguel de Moura. Na mais recente edição de
Literatura Piauiense, editado em junho de 2015, Moura enfatiza que esse é o
traço estilístico que personifica a poética de Dílson. “Sua dicção poética tem
matriz na imagem com sobreposição de metáforas, no uso da metonímia e outros
tropos”, diz, enfatizando que o poeta “vai reinventando recursos além da
retórica tradicional, ao lado de criações linguísticas da modernidade”.
Rogel Samuel, romancista, críticos literário e professor
aposentado da Pós-graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, escreveu
que a poesia de Dílson, principalmente no livro Os olhos de silêncio, é uma
poesia “Zen”. Diz o escritor que “ é a poesia mínima, reduzida ao mínimo, no
minimalismo característico do pós-moderno”.
A atuação de Dílson Lages
na literatura vem se estabelecendo nos últimos anos pela exploração da
prosa de ficção em narrativas curtas e
longas. O morro da casa-grande (1997,
duas edições), novela, e O rato da roupa de ouro (2014), conto infantil, foram
recebidos com louvor por leitores e críticos literários. Adotados em escolas no
Piauí e fora dele, esses livros consolidaram um novo escritor em formação.
Naquele, o prosador uniu memória, ficção e poesia, para contar a destruição do
patrimônio cultural de sua cidade-berço; neste, resignificando elementos do
conto infantil clássico, aproveitou
para, por meio do lúdico, envolver as crianças em virtudes universais como a
bondade e o altruísmo.
Conforme o crítico literário
Manoel Hygino do Santos, da Academia Mineira de Letras, em artigo
publicado no jornal Hoje em Dia (Belo Horizonte-MG), “O morro da casa-grande
trata-se de um trabalho interessante, a que não faltam vocábulos praticamente
não usados no Sudeste e no Sul, expressões bem próprias do interior piauiense.
Mas um texto agradável, com uma narrativa que faz sentido e tem propósitos
claros, entre os quais o de proteger tanto quanto possível o legado das velhas
gerações”.
Analisando a linguagem empregada por Dílson Lages na novela
"O morro da casa-grande", o escritor e crítico literário Cunha e
Silva Filho, Pós-doutor em Literatura pela UFRJ, ressalta que a "ideia
propiciada pela leitura da sua narrativa teria aquela mesma sensação da leitura
de um texto poético". O crítico acrescenta que, "Há um dado que muito
conta a favor desse escritor: é que, ao lado da linguagem que, por vezes,
tangencia a poetização do seu tecido literário, ao mesmo tempo existe um cuidado
especial com a linguagem, com a sintaxe do discurso narrativo, e isso é bem
visível no espaço do enunciado, no qual as imagens poéticas e o lirismo
potencialmente forte se casam perfeitamente, numa harmonia de um discurso que
traz um sabor - diria - clássico".
Dissecando temática e estruturalmente a novela, Cunha e Silva
Filho esclarece que “o leitmotif da narrativa não deixa de ser a derrubada da
igreja na sua imbricação com a imagem fantasmagórica do morro da Casa-Grande.
Dessas duas circunstâncias podemos depreender toda a motivação do núcleo
do relato. A Igreja da Matriz de
Barras reforça esse elemento temático-nuclear com a chancela histórica de ilustrações inseridas
no corpo do texto , assim como de outras ilustrações e paisagens alusivas ao
meio rural, a um antepassado histórico, ao rio Marataoã, a ruas de Barras, a
outros logradouros da cidade e, finalmente,
a ilustrações representativas daquela igreja. Esses dados da realidade
no campo e na cidade, por assim dizer, quebram a chamada ilusão ficcional,
predispondo o leitor a uma volta ao mundo empírico e a ver a ficção como uma mera construção imaginativa, mas não
desligada dos seus liames histórico-culturais.”
Para a escritora e doutora em Estudos Literários pela UFG,
Rosidelma Fraga, “O projeto de escritura histórica é seco, medido e racional,
mas a forma como a narrativa é contada, sem dúvida, é de um lirismo derramado”.
Ela salienta que ‘a ênfase do narrador para a antiga cidade de Barras do
Marataoã é tão delineada que o rio de mesmo nome parece adquirir vida humana em
forma de lirismo puro: “O Marataoã parece que saiu do lugar – repetia a
balconista, com o leque nas mãos. O leque dançando, dançando, ao som seco e
abafado do vento. O leque atritando o ar em coreografias” (MONTEIRO, 2012,
p.13).’
Entre os que escreveram sobre o conto infantil O rato da
roupa de ouro, ricamente ilustrado por Ângela Rêgo, está o crítico literário de
O Globo José Castello. Em extensa resenha, Castello desnuda os mecanismos de
criação empregados por Dílson Lages,
para levar o tema da política e do poder aos pequenos. Para o crítico,
“A história de Dílson Lages Monteiro conduz seus pequenos leitores a uma
confrontação precoce (e divertida) com a fragilidade dos valores humanos.
Mostra-lhes que eles são móveis, que eles são instáveis, que eles são
transitórios — que eles são, enfim, o que define o próprio humano”.
O Portal Entretextos, que agrega colaboradores e entusiastas
da literatura, é criação de Dílson Lages. Fundado em 2002, o Portal é
referência em literatura. Em artigo intitulado “O uso de blogs e chats no
ensino de literatura”, publicado na revista Letras Hoje, da PUC-RS, o professor
da universidade Estadual de Maringá (UEL), Dr. Marciano Lopes e Silva,
recomenda Entretextos como uma das páginas literárias em Língua Portuguesa com
conteúdo relevante para utilização em aulas de literatura
(http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fale/article/viewFile/7528/5398).
Textos do Portal Entretextos são utilizados atualmente em
atividades do projeto didático A didatiteca virtual de ensino em português,
elaborado pelo Departamento de Português do Centro de Ensino de Línguas
Estrangeiras da Universidade do México (CELE – UNAM)
OBRAS PUBLICADAS:
a)Mais Hum (poemas – 1995);
b)Cabeceiras: a marcha das mudanças (estudo historiográfico –
1995) – coautoria;
c)Colmeia de concreto (poemas – 1997);
d)Os olhos do silêncio (poemas – 1999);
e)A metáfora em textos
argumentativos (ensaio – 2001)- duas edições
f)O sabor dos sentidos (poemas – 2001);
g)Entretextos (artigos e entrevistas – 2007);
h)Texto argumentativo – teoria e prática (didático – 2007) –
adotado em diversas escolas como livro-base para alunos de terceiro ano do
Ensino Médio;
i)Adiante dos olhos suspensos (poemas – 2009);
j) O morro da casa-grande
(romance – 2011) – duas edições. Obra adotada como leitura
obrigatória em várias escolas, inclusive
fora do Piauí.
l)O rato da roupa de ouro (infantil – 2012) – livro adotado
por diversas escolas do Piauí e fora do Estado.
m)Ares e lares de amores tantos (poemas – 2014).
OBRAS INÉDITAS:
Infantis – Meus
olhinhos de brinquedo (no prelo) , A
formiguinha espiã, A ovelha que voava, O
gato da pele de gente e Bem-ti-vi, bem tem vê;
Infanto-juvenil – O menino da alma de pássaro (em fase de
reescrituras);
Novela –
Capoeira de Espinhos
Fonte: Portal Entretextos
Caro Elmar Carvalho:
ResponderExcluirNa página de destaque do site Entretexto dando notícia da eleição do escritor Dílson Lages para a Academia Piauiense de Letras, não foi feliz o editorialista ao citar trechos de minha análise da obra" O morro da Casa Grande." Os trechos citados, a meu ver, deveriam se fundamentar na minha versão definitiva publicada no excelente encarte da fortuna crítica contendo duas análises sobre aquele livro, a minha e a do escritor mineiro, Manoel Hygino dos Santos sob o título "Coronéis e camaleões".
Os trechos citados no editorial do site do Dílson, ainda que tenham sido escritos por mim, não representam o meu pensamento crítico formulado no meu ensaio "A estreia de Dílson Lages Monteiro na ficção."
Como está no editorial, me parece truncado e ambíguo.É esta versão publicada no encarte que recomendo ao leitor.
Um abraço do
Cunha e Silva Filho
A Alval, prossegue no seu firme propósito de alimentar a CasaMater(Academia Piauiense de Letras) com seus membros efetivos:
ResponderExcluirHerculano Moraes, Elmar Carvalho, Homero Castelo Branco, Wilson Carvalho Gonçalves e agora o Professor Dilson Lages Monteiro . Inúmeros são os Patronos da Alval que compõem o quadro de Patronos e ocupantes de cadeiras na APL. Por exemplo Clidenor de Freitas Santos, A.Tito Filho.
A Alval, prossegue no seu firme propósito de alimentar a CasaMater(Academia Piauiense de Letras) com seus membros efetivos:
ResponderExcluirHerculano Moraes, Elmar Carvalho, Homero Castelo Branco, Wilson Carvalho Gonçalves e agora o Professor Dilson Lages Monteiro . Inúmeros são os Patronos da Alval que compõem o quadro de Patronos e ocupantes de cadeiras na APL. Por exemplo Clidenor de Freitas Santos, A.Tito Filho.
Caro Cunha,
ResponderExcluirO Dílson Lages entrou em contato comigo, apontando a solução para o erro que você apontou em seu comentário, de modo que o problema já foi solucionado no portal dele e neste blog.
Abraço,
Elmar
Complementando: o Acadêmico Magno Pires, honrosamente é membro efetivo da ALVAL e da APL
ResponderExcluirItamar Costa
Membro efetivo da Alval