domingo, 1 de novembro de 2015

Seleta Piauiense - Félix Pacheco


PLENILÚNIO

Félix Pacheco (1879 - 1935)

Todo este luar de amor, que há nos meus cantos,
Nasceu de outros anelos e outras penas.
Se, por graça do céu, me não condenas,
Deixa-o brilhar aqui, desfeito em prantos.

Libertei-me dos pérfidos quebrantos,
E a multidão volúvel das falenas
Já me não turva as ilusões serenas,
Nem te escondo aventuras nestes mantos.

Nada mais, hoje, do passado existe.
Sinto que me entrou n'alma o luar superno,
Como a benção de Deus baixando ao triste.

Nunca mais tive dor, nem tive inferno,
Desde que sobre mim, cantando, abriste
O plenilúnio do carinho eterno!    

Nenhum comentário:

Postar um comentário