sábado, 26 de dezembro de 2015

Confraternização com sabores proféticos


Confraternização com sabores proféticos

José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

  
         Festins, confraternizações, papai noel, amigo oculto, lembranças, presentes, boa comida, mesa farta. “Não só de pão vive o homem”, adverte o aniversariante divino. Nessas horas de badalos inebriantes, vale a pena um instante de silêncio, um mergulho no espírito, uma sobresa de mensagem bíblica. Que tal um apanhado de profecias, sobre a vinda de Jesus, encarnado, para montar sua tenda no meio de nós?

         Adão e Eva, depois de abusarem do livre arbítrio, envergonhados e nus, cobrem-se com galhos de figueira. Porém, Deus os veste com peles de cordeiro. Figueiras produzem uvas, que se transformam em vinho. Peles de cordeiros para esconder a vergonha da nudez do pecado. Ambas as metáforas expressam a vinda do Messias, milhares de anos depois, simbolizado pelo cordeiro pascal, acompanhado de pão e vinho de seu corpo: “Isto é meu corpo, meu sangue...tomai e comei!”

         Ainda no livro de Gênesis, Deus se dirige ao Maligno representado pela serpente: “Porei inimizade entre ti e a mulher (alusão à futura mãe de Jesus), entre tua descendência (alusão à descendência de Eva, contaminada pelo pecado) e a descendência dela (referência à descendência do Filho de Maria e graça dos batizados com o sangue do Cordeiro). Tu lhe ferirás os pés, mas ela pisará a tua cabeça (segundo teólogos, Maria não foi maculada pelo pecado original). Disse também à mulher (Eva): ‘Multiplicarei os sofrimentos de teu parto...’

         No capítulo 49 de Gênesis, o patriarca Jacó, vinte séculos antes de Cristo, à beira da morte, reúne os filhos e os abençoa. Ao colocar as mãos sobre a cabeça de Judá, exclamou, cheio do espírito de Deus: “Não se apartará o cetro (reinado) de Judá, até que venha aquele (Messias), a quem pertence por direito e a quem devem obediência os povos... Lavará com o vinho suas vestes, com o sangue das uvas...”. Os reis de Israel descendiam de Judá. Jesus descendeu de um deles, rei Davi.

         O profeta Miqueias, 700 anos antes de Cristo, proferiu fotográfica e lindíssima profecia: “Tu, Belém, pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá aquele que é chamado a governar Israel. Suas origens remontam aos tempos antigos, aos dias de longínquo passado”. Observe, agora, a analogia do  João, iniciando o seu evangelho: “No princípio era o Verbo (Messias), e o Verbo estava perto de Deus, e o Verbo era Deus... E o Verbo se encarnou e estendeu suas tendas no meio dos homens.”

         Como se vê, não só as mesas se fartam de comidas, bebidas, presentes e papai noel, quase sempre promessas voláteis como a digestão e as gloríolas de um mundo meio paganizado, quando não se dá tempo para vasculhar nossa trajetória na Terra. Centenas de passagens bíblicas vão fundo nas nossas origens e sentido da vida. Basta reservar tempinho do cotidiano, até mesmo das confraternizações e banquetes, para alimentar o espírito. Testemunho que nunca me arrependi desse tempo perdido em vão.

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