segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

EM PÉ, tão saudável quanto A Pé

Dizem que o escritor Hemingway tinha o hábito de escrever em pé

EM PÉ, tão saudável quanto A Pé

José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

          Nunca ministrei uma aula ou palestra sentado. Sempre em pé. Sempre entusiasmado e valente no trabalho, embora já aposentado, rejeito aposento. Saudável danação para acordar na aurora, orar, plantar, colher, irrigar, escrever, atender a dezenas de mensagens de leitores, aporrinhá-los nas redes.

Avesso a badalações noturnas, escapulo, vez outra, à praça de alimentação do shopping. Lembra-me a Praça Pedro II, que reunia a moçada da modesta, pacífica, acolhedora Teresina. Todos se conheciam, menos as garotas desvirginizadas e repugnadas pelo preconceito. As puras circulavam, de incendiar a libido dos rapazes, em pé, flertando-as. O shopping me revive algumas semelhanças.

Sempre em pé, varo horas papeando, bebericando duas taças de vinho. Olho muita gente sentada em torno das mesas. São cadeirantes. Os em pé, pedantes, teste de resistência e saúde. Adepto do melhor em pé que sentado, nesta semana descobri que estou certo.

Novos estudos revelam que o hábito de ficar em pé traz inúmeros benefícios ao organismo, até maiores do que uma caminhada.

O mais recente estudo sobre o  assunto, publicado na revista científica Journal of Preventive Medicine, revelou ainda o “impacto de pequenos movimentos feitos em pé diminui os riscos de mortalidade”, experiência comprovado em 12 mil pessoas, entre 37 e 78 anos, durante doze ano. 30% dos que morreram eram sedentários. A revista Veja publicou, em outubro, excelente matéria sobre o tema.

Em pé, o cérebro fica em estado de alerta, aprimoram-se as faculdades mentais, melhora o desempenho nos estudos em 20%. Duas horas em pé, o cérebro queima, também, 20% das calorias, em comparação ao sentado. Não importa se o tempo é corrido ou fracionado. O mecanismo de retorno do sangue ao ao coração é estimulado pela tensão dos músculos, especialmente a panturrilha, previne coágulos e AVC. O consumo de oxigênio é maior não causando doenças cardiovasculares. Queima mais açúcares, santo remédio para diabéticos. A produção do fluido que lubrifica as articulação evita degeneração dos ossos e músculos. O homo erectus desenvolveu as funções cerebrais e musculares, indo a pé, atrás do alimento, roçando, aradando, plantando, colhendo, irrigando, “comendo o pão com suor de seu rosto”. Eis o preço, divinamente imposto, devido ao pecado da desobediência, da preguiça, do dolce far niente em paraíso. Acredito que já estou perdoado, já posso voltar ao paraíso, porque, em vez das lágrimas, dediquei-me a suar. Nada de preguiça, “mãe do cão”, segundo nossos tataravós.


Agora, perdoem-me, estou há uma hora, sentado, produzindo a crônica. Lá fora, pardais, rolinhas, sibites, beija-flores e monte de tarefas braçais me convidam a atividades. Em pé ou a pé. O sítio é uma academia.        

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