segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

BARRABÁS! BARRABÁS! BAR...RA...BÁS!


BARRABÁS! BARRABÁS! BAR...RA...BÁS!

José Maria Vasconcelos
Cronista, josemaria001@hotmail.com

          Jovens, adultos, católicos, evangélicos e demais confissões vêm substituindo a folia carnavalesca pelos retiros espirituais. Geralmente, concentram-se em sítios, debaixo de árvores, para louvar o Senhor com músicas, entusiasmo, orações, palestras, lazer, comida frugal, confraternização. Quem já participou uma vez quer repetir a experiência, ano seguinte. Quase sempre, os grupos se reencontram, em outras oportunidades. Convidaram-me para ministrar palestra, nesta quaresma, sobre a figura bíblica de Barrabás. O tema cai bem na atual crise moral de corrupção e violência.

         Barrabás, assassino, baderneiro, assaltante, conforme relato dos evangelistas Lucas (capítulo 23) e Marcos (capítulo 15). Ou de Pedro em Atos dos Apóstolos (capítulo 3). Barrabás integrava a facção dos zelotes, que hostilizava o poder romano, em Israel. Preso, condenado à morte, aguardava o dia da execução na cruz.

Naqueles dias, Jesus Cristo dirigiu-se a Jerusalém para festa de Páscoa. Multidão de romeiros também pegavam estrada. Aproximando-se da cidade santa, Jesus entra na casa de Lázaro, falecido há quatro dias. Acompanhado de familiares do morto, dirigiu-se à sepultura de Lázaro e o ressuscitou. Romeiros que assistiram ao estupendo milagre divulgaram a notícia em Jerusalém. Multidões entusiasmadas foram ao encontro de Jesus. Montaram-no em jumento, aclamaram-no rei, espalhando vestes e galhos de oliveira à sua passagem. O delírio coletivo acendeu a cólera das autoridades, especialmente da classe sacerdotal e dos fariseus, que exploravam a população com altos dízimos, ofertas e corrupção. Iniciava-se processo para prender o Mestre e entregá-lo às autoridades romanas.

A multidão, inflamada pela retórica distorcida e populista dos líderes, vociferava, exigindo do governador Pilatos a condenação do Mestre, e liberdade para o bandido Barrabás. Covarde e conivente com a classe iníqua de magistrados e fariseus, Pilatos foi, mais tarde, deposto do cargo, levado para Roma, condenado à masmorra, em Viena.

A História está repleta de contrastes, quando a população, seduzida pela retórica dos discursos inflamados, substitui o senso crítico pela submissão ideológica. Hítler, cabo raso na Primeira Guerra Mundial, oratória inflamada, chegou ao poder ditatorial, atacando a causa da desgraça social e econômica da Alemanha, os judeus. Mussoline inaugurou o fascismo na Itália, movimento político e filosófico ou regime, que faz prevalecer os conceitos de nação e raça sobre os valores individuais e que é representado por um governo autocrático, centralizado na figura de um ditador: Stálin, da Rússia; Franco, na Espanha; Salazar, em Portugal; Getúlio Vargas, no Brasil; Peron, na Argentina; Mao Tsé Tung, China. Além das republiquetas, Coreia do Norte, Cuba, Venezuela, entre outras. O princípio se estabelece na demagogia, no ataque feroz ao capitalismo, na distribuição de pão e circo para engabelar a população e extorqui-la no voto, porém acumulando, disfarsadamente, fortunas, quebrando o Estado. A população, coitada, paga caro por substituir o trigo pelo joio. A virtude pelo vício. A dignidade pela corrupção da consciência. O sagrado pelo profano.      

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