quinta-feira, 10 de março de 2016

A cidade


A CIDADE

Ivanildo di Deus
(professor e pesquisador da história de Luzilândia)

Ao completar 126 anos que tornou-se emancipada politicamente do município de Barras, Luzilândia, que já foi uma das mais economicamente importantes cidades do Piauí, hoje maqueia-se, mais uma vez, para um evento festivo: um festival que de longe traduz a verdadeira realidade sócio-econômica do município.
É assim, nos postulados maquiavélicos: “se fazes um governo ruim, entretem, engana o povo com festas para que sejam vendados seus olhos e ele não possa ver as mazelas, as desgraças  que a cidade esconde”.
Inexiste, no âmbito do poder público municipal (diga-se “prefeitura”) alguma política pública que vislumbre o desenvolvimento sócio-econômico e faça produzir riqueza e renda para os munícipes e transforme novamente Luzilândia num dos municípios piauienses mais destacados.
Num passado não tão distante outros governantes municipais de visão desenvolvimentista, como João José Filho,souberam lutar e empreender esforços para trazer aviação, agências bancárias, fazer calçamentos, construir escolas e ensino superior,enfim, trazer desenvolvimento e consequentemente, melhores condições de vida para os luzilandenses.
Não é assim hoje em Luzilândia e não é somente a crise econômica nacional e internacional como se é alegado a priori; é, e deverasmente o é, a falta de visão desenvolvimentista, a incompetência e o ingerenciamento das atuais gestoras municipais que, ao longo de mais de uma década sequer ousaram construir um metro de calçamento para melhorar a mobilidade e a vida daqueles munícipes governados por elas, especialmente aqueles moradores nos bairros periféricos da cidade.
Gilberto Gil, renomado artista nacional e ex-ministro da Cultura do Governo Lula, canta assim: “Nos barracos da cidade/Ninguém mais tem ilusão/Do poder da autoridade/Em tomar a decisão”. Faltou decisão, ousadia, falta de visão e compromisso com a coisa pública para construir/concluir obras com recursos oriundos do Governo Federal (rodoviária, praça da juventude, climatização das escolas, etc); faltou gestão para pagar o funcionalismo em dia, em especial os(as) sofridos(as) professores(as) que entraram em greve devido a longos quatro, seis meses, sem receberem pagamento... Por outro lado, obras alheias ao interesse público são vistas construídas pelas gestoras e eventos festivos caríssimos são realizados com recursos públicos, como shows musicais de artistas famosos.
Não é maqueando a cidade com eventos festivos e escondendo sua espúria realidade que Luzilândia se desenvolverá sócio-economicamente; só o será com a elaboração e realização de políticas públicas que lhe possibilitem isso e dignifique a vida dos luzilandenses.

Sobre ainda os postulados maquiavélicos, o cantor seresteiro Zezo vem e vai cantar para Luzilândia assim: “É a cidade esburacada/O povo dizendo ai/Invento uma micareta/E o sofrimento se esvai”. Deus ilumine-te, querida Luzilândia! Cubra-te o céu com o seu manto azulado e que acendam-se as centelhas do fogaréu por dias melhores!     

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