DIREITA, ESQUERDA, VOLVER...
Francisco Miguel de Moura
Escritor, membro da Academia
Piauiense de Letras
Há,
na sociedade atual, aplicada à política, uma confusão dos diabos, envolvendo
duas palavras que em si não dizem nada - direita e esquerda – se usadas fora do
contexto. O contexto aqui é o da política, mas é, antes, também o da origem.
Para
confundir mais as coisas essas duas palavras também são conhecidas como dextra
e sinistra que significam, respectivamente, mão direita e mão esquerda. Logo,
as duas coisas existem ao natural. E quando o comandante manda seus comandados
fazer direita x esquerda, eles entendem perfeitamente. Por que nós ouros,
civis, não deveremos também saber e entender o que vem a ser direita e
esquerda?
Partindo-se
do princípio de que as duas formas têm origem na condição humana natural, o
filósofo Olavo de Carvalho explica que “direita e esquerda, muito antes de
serem diferenças ideológicas ou de programas políticos, são duas maneiras
diferentes de vivenciar o tempo histórico. Essas duas maneiras estão ambas
arraigadas no mito fundador da nossa civilização, a narrativa bíblica, que vai
de uma origem a um fim, do Gênesis ao Apocalipse”.
Nosso sábio leitor já dever ter
notado que a origem das duas expressões se localiza num tempo muito remoto,
anterior mesmo à contagem pelos homens - esses pobres vermes que somos e
pensamos valer muito só porque temos olhos (de pouco alcance), ouvidos (idem) e
boca-voz-palavra (idem), dotados de sentimentos tão superficiais que se guardam
numa pequena memória, cuja existência não pode ser concebida historicamente.
Começa num “pré-tempo” ou num “não-tempo”.
Citando novamente o filósofo
Olavo de Carvalho, que não é de direita nem de esquerda, mas um profundo
pensador do nosso tempo com base atualizada e em consonância outros tempos,
informamos:
“Se nas esferas superiores do
pensamento florescem então por toda parte concepções pueris que empolgam as
atenções por uma décadas para depois serem atiradas à lata de lixo do
esquecimento, o distúrbio geral da percepção do tempo não poderia deixar de
também se manifestar, até com nitidez aumentada, em domínios mais grosseiros da
atividade mental humana, como a política”. E acrescentaria eu às sábias
palavras do filósofo: - para sofrer todas as deturpações possíveis, como
estamos vendo no Brasil de então. E me parece que não só no nosso país, mas em
todo o globo, em toda a humanidade e desumanidade.
No meu entendimento, como só há
um número em matemática, o numero 1 (hum), que já expliquei noutro artigo,
também só há uma posição com relação ao tempo: – o nosso e o absoluto. Essa
posição se chama CENTRO. Esquerda e direita são variações que podem ser
acrescidas de outras palavras também políticas como “social”, “democrática”,
“comunista”, teologal, religiosa, centro-esquerda, centro-direita, etc.
Não será que com isto pode ser
explicado também que o exército, em qualquer país e em qualquer tempo, não tem
direita nem esquerda, ele é o centro? Volver é centro, esquerda X direita é
apenas o movimento necessário à tropa.
Na verdade, em política, quem
está na “esquerda” quer sempre ir para o centro, jogando diatribes contra os
que estão na “direita”, e vice-versa. Na verdade todos querem o centro, o poder
material, terreno, para ser o rei, o astro e transformar o que seria do povo em
coisa particular, sua. No momento atual do Brasil, a chamada “esquerda” parece
reproduzir isto, com discursos falsos e mentirosos, com inação e capacidade
máxima de poluir as relações éticas, morais e até as físicas, beirando a uma
ligação à cadeia tráfico-traficantes.
Mas ninguém se iluda, por causa das tremendas contradições esquerda x
direita: os seus discursos confundem muito aqueles menos favorecidos pela
cultura, educação e prudência.
O tempo político é cheio de
misérias, daí porque os pobres se apegam às religiões e muitas vezes se tornam
dogmáticos e cegos aos reclamos da evidência do natural e do eterno.
E porque aqui falei em ETERNO,
nunca houve palavra que tanto já me confundiu. Mas agora a vejo esclarecida na
Bíblia, no “Livro dos Provérbios”, sobre a Sabedoria de Deus, cap. 8 vers.
22-31: “O Senhor me possuiu como primícias de seus caminhos, antes de suas
obras mais antigas; desde a eternidade fui constituída, desde o princípio,
antes das origens da terra. Fui gerada quando não existiam os abismos, quando
não havia os mananciais das águas, antes que fossem estabelecidas as montanhas,
antes das colinas fui gerada. Ele ainda não havia feito as terras e os campos
nem os primeiros vestígios de terra do mundo. Quando preparava os céus, ali
estava eu; quando lançava a abóbada sobre o abismo, quando firmava as nuvens lá
no alto e reprimia as fontes do abismo, quando fixava ao mar os seus limites –
de modo que as águas não ultrapassassem suas bordas – e lançava os fundamentos
da terra, eu estava ao seu lado como mestre de obras; eu era o seu encanto, dia
após dia, brincando, todo o tempo, em sua presença, brincando na superfície da
terra e alegrando-me em estar com os filhos dos homens”.
Neste final de citação bíblica,
sinto que o filho de Deus, Jesus, sempre existiu, tal como a escritora
portuguesa Maria Helena Ventura, no seu livro “Um homem só”, pesquisadora que
foi morar por uns tempos em Israel e escrevê-lo com mais consciência. E
sente-se também que Deus não é um ente criado à semelhança do homem de esquerda
ou de direita, mas a sabedoria insondável do eterno. Enfim, direita ou esquerda
são falsos argumentos que se escondem atrás do mal e das maldades humanas.
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