segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Duas homenagens a José Marques da Costa

Cidade de Alto Longá

Duas homenagens a José Marques da Costa

Meu saudoso pai(José Marques da Costa) irmão da ex-funcionário dos Correios e Telégrafos de Campo Maior Julita Marques da Costa(in memoriam), será homenageado em Teresina dia 31 de agosto de 2016

O mesmo estará dando nome a uma rua provavelmente no
as imediações do Zoobotânico

José Marques foi vaqueiro dos bons, administrador das fazendas de Juca de Castro(Altos e Alto Longa), Vereador por Alto Longá (1958-1962), proprietário rural, empresário no ramo de empresa de Ônibus, Comerciante em Alto Longa e Teresina, foi proprietário de uma  vacaria na Catarina(Teresina ainda pequena) e foi o grande responsável pelo desenvolvimento  e criação da feira aos sábados em Altos, quando ele em uma Camioneta Willis Drive(adquirida na Casa Inglesa em 1959) transportava ás sexta-feira, tarde e noite as mercadorias e animais para serem comercializadas(inicialmente muito pequena e depois transformou-se em gigantesca feira livre).

Papai fabricava rapadura e cachaça(Engenho secular da fazenda Bonsucesso-Altos atualmente Pau Dárco do Piauí e aos domingos fazia a entrega dos referidos produtos aos  comerciantes ao longo da estrada Altos -Teresina, dentre eles: Mucuim, Moraes e em Teresina, Flor, Agostinho Nogueira Lima etc.

Itamar Abreu Costa
Cardiologista e escritor

UM LEGADO DE DIGNIDADE E HONRADEZ DEIXADO A SEUS DESCENDENTES

Hoje volto minhas atenções para a trajetória de vida luminar percorrida por um cidadão de bem, que durante oito décadas, descreveu uma história digna das mais nobres referências que se possa estabelecer. É piauiense e meu inestimável conterrâneo, do qual sinto orgulho de citar. Seu nome é JOSÉ MARQUES DA COSTA, nascido a 02 de fevereiro de 1932 do século passado, na Fazenda Cajueiro, município de Alto Longá – Piauí. É filho do casal Agustinho Marques da Costa e Ernestina Marques de Araújo, família tradicional de minha terra. Aos 11 anos foi estudar em Teresina, a capital, a convite de parentes e amigos da família, época de forte apreensão para os brasileiros. O ano era de 1943, de muita tensão nervosa, pelo conflito da II Guerra mundial que estava começando. José Marques foi matriculado no Colégio Diocesano, um dos mais conceituados da época. Eram seus colegas de jornada estudantil Paulo Marques, Francisco Marques, Geraldo Marques, Carlos Said, Itamar Caldas e outros, todos oriundos da elite piauiense. José Marques não arredava sua mente e a grande saudade que sentia das Fazendas Pequizeiro, Pernambuquinho, Invejada, Garcinha, Bonsucesso e outras administradas pelo seu pai Agustinho Marques. E isso se constituía numa tortura diária, pelo cheiro cativante que sentia da terra molhada pelo orvalho da manhã e o aroma do campo exalado pelas rosas, jasmim, alecrim e patchouli.
Certo dia não suportando a pressão da saudade, simulou um argumento de ter sido informado que sua mãe Ernestina estava doente e carecendo de sua ajuda. O casal da casa a que era hóspede, sensibilizados, liberaram o jovem José, no compromisso de ele voltar aos estudos tão logo sua genitora melhorasse da saúde. Ao chegar à fazenda, os pais ficaram apreensivos com a sua chegada súbita, gerando um misto de alegria e tristeza pela saudade que sentiam do jovem. Fizeram preleções de praxe e acataram a decisão do filho. A vida de José Marques era voltada para o campo, seu mundo predileto e, apesar da idade, começaram a fluir idéias verdejantes de um trabalho fecundo voltado para o que gostava e que era seu único sonho. Tinha 15 anos de idade, de cor branca, forte, aparência saudável e uma disposição ferrenha impressionante. Nesse ínterim recebeu de Noé Fortes uma proposta de reunir o gado que acabara de comprar, espalhado por diferentes regiões, no que acatou de imediato e foi de sucesso o seu labor, conquistando a confiança do Empresário.
José Marques com sua aparência bonita lhe facultou conquistar o coração de muitas jovens daquela época. Namorava uma linda morena de nome Antônia, que residia nas proximidades da residência dos avôs materno Antônio Rodrigues e Joana, na agradável fazenda Cruzeiro, município de Altos, separada da Garcinha, onde morava os pais, pelo legendário Rio Gameleira. Nas férias, Francisca, que estudava e trabalhava em Teresina, se encontrou com José Marques e como num conto de fada, se apaixonaram, iniciando daí um forte namoro, com o casamento que foi realizado em 1949, ele com 17 anos de idade, apenas. Um casório que uniu famílias importantes, de Altos (Cruzeiro) e Alto Longá (Garcinha). Agustinho Marques e Ernestina ficaram felizes com o matrimonio. Agustinho era um homem alto, forte, um vaqueiro-lutador, guerreiro destemido, que administrou com proeminência as propriedades dos irmãos João de Castro Lima (Juca Feitosa) e Laurindo de Castro Lima. O seu trabalho ficou reconhecido por toda região. Ernestina era uma mulher de personalidade forte, exímia comerciante, que comprava pele de animais, cera de carnaúba, tucum e coco babaçu. Em 26 de dezembro de 1950, do casal José Marques e Francisca nasceu o filho primogênito, que recebeu o nome de José Itamar Abreu Costa e veio residir em Alto Longá. Francisca auxiliava no comércio de Adonias Bezerra Lima. José Marques passou a trabalhar como comerciante. Tinha uma mercearia no Mercado Público da cidade e um Quiosque em frente ao mesmo e por trás da Igreja Matriz de N.S. dos Humildes. Uma vacaria e a cria de gado leiteiro no Sítio Crioly. Sua residência inicial foi no bairro da Piçarra, em frente à residência do casal Manoel Dengoso e Maria Dengosa, exímia especialista na confecção do bolo frito, de agrado geral da comunidade. E sinto saudade daquele bolinho tão gostoso! O visinho de lado era D. Lousa e João Sabino. Posteriormente mudou-se para o centro passando a residir numa casa ampla, que pertencia ao pai Agustinho Marques. Ali nasceram Francyslene e os gêmeos Ismar e João de Deus. José Marques passou a trabalhar na Coletoria do Município, em virtude da amizade que nutria com a família Cabral (ex-prefeitos Antonio Cabral e Pitosa). Em 1954 comprou um imóvel do Tabelião Público Temístocles de Area Mattos e sua esposa Professora Geralda Mattos, minha inestimável Professora de saudosa memória.
José Marques era de uma versatilidade invejável, competente, meticuloso, audacioso e organizado. Sempre sonhava com coisas grandes. Não se acomodava com as conquistas já realizadas. Em 1957 foi designado por Agustinho Marques para residir na Fazenda Bonsucesso, no município de Altos e administrar mais de cinco mil hectares de terra que pertencia à viúva de Juca Feitosa, Senhora Dorinha, que residia em Belo Horizonte. Foi um desafio para a família. A esposa Francisca e os filhos do casal. Após a mudança, Itamar passou a estudar na Escola Reunida Basílio de Abreu Sepúlveda (seu bisavô) no Cruzeiro, recebendo a orientação de Tia Marica e Doquinha. Bonsucesso era uma fazenda bonita. Em frente à casa grande um belíssimo pátio e logo após, a visão do alto da casa do engenho, que mostrava um amplo canavial, onde era feita a rapadura e a cachaça de alambique. O extrativismo era pujante da cera de carnaúba e do tucum. Havia criação de gado, ovelhas, porcos e bodes. Em 1958 Itamar foi estudar em Beneditinos, na casa dos tios Adaildo e Nazareth, irmã de José Marques. Pelo Banco do Brasil em Campo Maior, José Marques comprou uma camionete Willy. As propriedades eram rendosas e isso facultava o crescimento do jovem administrador. Em 1958, por sugestão do pai, José Marques foi eleito vereador pelo município, mandato de 4 anos. Em 1959, Itamar foi estudar em Teresina na casa de sua tia Julita.
José Marques era criativo, comerciante nato e com o desejo frenético de prosperar sempre. Em 1962, foi candidato a reeleição não obtendo sucesso, por não possuir nenhuma vocação política. Comprou uma casa em Teresina à Rua Primeiro de Maio esquina com a Taumaturgo de Azevedo e um terreno ao lado da Rua Primeiro de Maio. Mudou-se com a família para a capital. Já em Teresina montou uma vacaria no local Portal de Catarina, sendo gerenciado por Manuel “Pé de Estrondo.” José Marques, um lídimo empreendedor, junto com Noé Fortes e Raimundo Vasconcelos, fez a Senhora Dorinha uma proposta de compra das propriedades administradas por ele. O negócio foi realizado e ao cabo de cinco anos todas as terras haviam sido pagas. Em 1982 José Marques dividiu com os quatro filhos parte das terras, cabendo a cada um 450 hectares, estimulando-os a trabalharem nas mesmas. A Fazenda Alto do Maceió vendeu ao médico Hugo Prado que, posteriormente transferiu para o Exército, onde hoje é um Stand de Tiro, dando uma certa proteção aos vizinhos (assistência médico-odontológico).
José Marques da Costa tem uma trajetória de vida louvável. Com a esposa Francisca o casal criou os quatro filhos, dando aos mesmos uma boa educação. O primogênito formou-se em Medicina. Hoje é proprietário do Instituto do Coração, em Teresina, um Órgão Hospitalar que desfruta do melhor conceito pelo padrão de qualidade que ostenta administrado condignamente com a esposa, Dra Edilane, minha sobrinha, dando ao ITACOR uma excelência de organização reconhecida pela comunidade. Edilane é exigente, organizada, metódica e perfeccionista, daí a razão de sua desenvoltura. A filha de José Marques, Francyslene, é Professora na Universidade Federal do Piauí. Os gêmeos Ismar e João de Deus têm curso superior e hoje são funcionários do Banco do Brasil.
Na década de quarenta e cinqüenta Alto Longá era uma cidade carente de tudo. Não tinha estrada, sem energia elétrica, sem saneamento básico. Faltava praticamente tudo. O transporte em uso, naquela época, era através de animais de raça, o cavalo alazão, a burra formosa, que eram vistos pelas ruas da cidade com freqüência. Os ciganos, vez por outra, passavam pela terra e traziam lindos animais, que negociavam com os habitantes da cidade. Cícero era o líder dos ciganos. Alto, de boa aparência e ostentava jóias de ouro pelo corpo, inclusive os dentes mostrados quando sorria. Era gentil, simpático e habilidoso e negociava seus animais com certa facilidade. José Marques quando passava montado em sua burra faceira e bem equipado atraía a atenção dos que estavam em sua volta. José Marques continuou sua trajetória de um trabalho incansável, administrando seus bens, residindo em Altos, até completar 75 anos, quando começou a sofrer um trauma psicológico mostrando sinais de senilidade precoce. Em decorrência desse fato, foi morar em Teresina sob os cuidados da filha Francyslene. Quando a saúde foi se agravando, foi montado para ele um apartamento cedido por dona Luiza, pessoa íntima da família, no conjunto residencial João Emílio Falcão, sendo-lhe dado todo apoio e os cuidados médicos de que se fazia mister.
No dia 27 de setembro de 2013 José Marques da Costa faleceu aos 81 anos de idade, deixando em todos o marco da grande saudade, pelo homem de conduta ilibada que foi, bom filho, bom pai, bom esposo, bom amigo e excelente administrador, que tratava a todos com humildade e urbanidade. Como uma justa homenagem o Auditório Cultural do Hospital ITACOR recebeu a denominação de Patrono José Marques da Costa, cuja memória será lembrada para sempre pelos seus pósteros. A FALRES, através de seu Presidente José Alves Fortes Filho e o colegiado da Academia, fizeram-lhe significativa homenagem admitindo-o como Patrono da Cadeira 56, que será doravante ocupada pela filha Francyslene Abreu Costa Magalhães, uma merecida, justa e digna homenagem a um homem do campo, cujo labor será lembrado eternamente por todos. Disse Bob Marley que a saudade é um sentimento, que quando não cabe no coração, escorre pelos olhos. Da eternidade José Marques da Costa poderá contemplar a beleza imensurável da obra que edificou, para a felicidade, alegria e grandeza de nossa gente. As coisas acontecem na hora certa. Exatamente quando devem acontecer! Momentos felizes louvem a Deus. Momentos difíceis busquem a Deus. Momentos silenciosos adorem a Deus. Momentos dolorosos confiem em Deus. Cada momento agradeça a Deus. “Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e vida. Aquele que crê em mim, ainda que morra, viverá.” (João 11.25).
Boa Vista – Roraima, 25 de Novembro de 2014.
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FRANCISCO DE ASSIS CAMPOS SARAIVA
Conterrâneo de José Marques da Costa
Grande admirador de sua obra      

Um comentário:

  1. Elmar, obrigado pela publicação destes textos em homenagem ao meu pai. Espero que os que lerem guardem no fundo do coração uma lembrança e tomem conhecimento da trajetória de vida de uma verdadeiro vencedor!
    Um abraço dos filhos:Itamar, Francyslene, Ismar E João de Deus.

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