domingo, 9 de outubro de 2016

Pedro Rocha


Pedro Rocha 

Reginaldo Miranda
Ex-Presidente da Academia Piauiense de Letras

A região centro-sul do Piauí perdeu um médico humanitário; a sociedade florianense está mais pobre; Bertolínia perdeu um filho ilustre. Ao raiar do último dia 7 do corrente mês de outubro, faleceu na cidade de Floriano, onde residia, o médico Pedro Alves Pereira da Rocha, o estimadíssimo Dr. Pedro Rocha.

Ele entrou pela vida ao cair da noite de 29 de junho de 1934, em Aparecida, hoje Bertolínia. Nasceu na mesma praça em que o autor dessas notas, defronte à igreja de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Ali, na pequena praça viveu os dias felizes de sua infância, brincando ora à sombra das mamoranas, ora nos quintais de seus familiares, colhendo frutos e fazendo pequenas peraltices com os irmãos mais novos e os colegas de sua geração. Completada a idade escolar frequentou a Escola Agrupada Bertolino Rocha, cujo nome é uma homenagem ao seu bisavô, onde iniciou o ensino primário.

No berço familiar, recebeu lições valiosas que ajudaram a formar sua personalidade, sob a firme orientação de seu saudoso pai, Antenor Alves Pereira da Rocha, servidor do IBGE e então prefeito municipal por mais de uma década; a mãe sempre boníssima e dedicada, preocupada com a educação dos filhos, foi dona Idalina Mendes da Rocha, matriarca de uma geração bem sucedida. O menino de Aparecida também conviveu com o velho avô Manuel Emídio, então chefe político da pacata vila.

Ainda de calças curtas foi mandado para Floriano, convivendo na companhia de familiares, onde prosseguiu com sua formação educacional. Matriculado na Escola Agrônomo Parentes, ali concluiu o ensino primário. Nesse tempo, recebeu aulas de reforço ministradas pela professora Jovina de Carvalho Mendes, preparando-se para alçar maiores voos. Foi no Ginásio Santa Teresinha, daquela cidade que cursou o ensino ginasial.

Nessa altura da existência, adolescente foi mandado para Salvador, na Bahia, onde, durante três anos cursou o científico como aluno-interno do Colégio Maristas.

No ano de 1955, ingressa no curso médico da tradicional Faculdade de Medicina, então já integrada à Universidade Federal da Bahia, ao lado de um primo, Gilberto Martins de Araújo Costa, que, mais tarde, também se destacaria na profissão. Perspicaz e inteligente,Pedro Rocha houve-se com distinção ao longo do curso, formando-se em outubro de 1962. Na mesma Faculdade especializou-se em Ginecologia e Obstetrícia. Ao final dos estudos foi premiado juntamente com um grupo de colegas, com viagem de estudos à Europa.

De regresso ao Piauí, fixou-se profissionalmente na cidade de Floriano, então um importante polo regional. Abriu clínica médica e, a partir de janeiro de 1963, dedicou-se com afinco e denodo à profissão, atuando no atendimento clínico e cirúrgico da especialidade.Foi pioneiro no tratamento preventivo do colo uterino, prestando, assim, inestimável serviço àquela região.

Depois de submeter-se a concurso público, passou também a trabalhar no posto doantigo  INPS, hoje INSS. Como reconhecimento por seu relevante trabalho, a Câmara Municipal de Floriano outorgou-lhe o título de cidadania local.

Do início de sua atividade profissional, gostaria de lembrar um fato que me é muito caro. Estando minha mãe grávida do primeiro filho em agosto de 1964, começou a sentir dores e dificuldades na cidade de Bertolínia, ao final dos festejos de Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Porém, ali se encontrava o jovem médico Pedro Rocha, participando dos festejos religiosos. E sob instâncias de meu avô Dermeval Rocha, então prefeito da cidade, atrasou seu retorno à cidade de Floriano, adiando, assim, seus compromissos para fazer o parto de minha mãe numa segunda-feira(17 de agosto). Nasci, assim, por suas mãos na cidade de Bertolínia, nossa terra comum. Durante minha infância ele ainda teria oportunidade de me atender por algumas vezes, entre Bertolínia e Floriano, até minha mudança para Teresina, aos 13 anos de idade.

Sobre sua vida familiar, Pedro Rocha convolaria núpcias em 29 de junho de 1965, na cidade de Bertolínia, com a professora de inglês e artes industriais, Eva Macedo, natural de São João dos Patos, mas exercendo sua profissão em Floriano. O casal gerou quatro filhos, todos esmeradamente educados e bem-sucedidos na vida: Pedro Júnior e Jaime, são pós-graduados e empresários radicados em Fortaleza, o primeiro tendo sido meu contemporâneo de brincadeiras nas férias escolares em Bertolínia; Cristiane, é enfermeira com mestrado, professora universitária e coordenadora geral do SAMU-PI; por fim, Jairo, é médico cardiologista em Brasília(DF).


Pedro Rocha foi um profissional competente, dedicado, com larga folha de serviços prestados, sobretudo ao centro-sul do Piauí e ao leste maranhense. Homem honrado, decente, educado, um verdadeiro gentleman, cuja ausência fará falta a todos nós que privávamos de sua amizade e consideração. E, como preito de justa gratidão, registro essas notas para a memória dos pósteros.  

Um comentário:

  1. Lamentamos o falecimento do Dr Pedro Rocha, grande amigo, culto e sobretudo humano.
    "Ser médico é ser um sacerdócio, exercer a medicina no interior é mais que um sacerdócio é uma atitude superior" José Itamar Abreu Costa (escrito quando homenageou o Dr Paulo de Tarso Ribeiro Gonçalves.
    As nossas lamentações e os sinceros pêsames á família enlutada.São as manifestações de solidariedade que partem de todos os que fazem a Academia de Medicina do Piauí

    José Itamar Abreu Costa

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