segunda-feira, 3 de outubro de 2016

POLÍTICA PARNAIBANA A PARTIR DE 1950


POLÍTICA PARNAIBANA A PARTIR  DE  1950

Alcenor Candeira Filho

I.             I N T R O D U Ç Ã O

“Berço-cama-mesa, universo e verso reais,
a memória é fraca e tênue como o corpo;
o que reluz d’outrora agora, muito pouco...
                             A voz d’antanho tange numa voz de morto...

                             O poema é faca de ponta que escava em vão.
                             A lua, no entretanto, que no céu circula,
é a mesma d’outrora e na lâmina tremula.

                                       (“Memorial da Cidade Amiga”-  A.C.F.)




          Em setembro de 2016 publiquei  em alguns blogues/portais piauienses  e em jornal o seguinte artigo:

                            RETORNO AO “NORTE DO PIAUÍ”

 “Fui colaborador contumaz durante algum tempo dos jornais A AÇÃO,NORTE  DO  PIAUÍ  e  A  LIBERTAÇÃO,  dirigidos respectivamente por Mão Santa, Mário Rodrigues Gomes Meireles e  Bernardo Batista Leão.
          Todos esses jornais, bem como os demais que circularam ou circulam na cidade, sempre acolheram em suas páginas jornalistas, escritores, professores, doutores,artistas. No mundo da internet, blogues e portais também vêm dando espaço para todos.  E assim vai girando o mundo dos que lutam com palavras, ainda que “sem maior proveito/ que o da caça ao vento”, como disse Carlos Drummond de Andrade no poema “O Lutador”.
          Minha iniciação na imprensa escrita parnaibana se deu nos anos 70 em jornais alternativos ou marginais: O LINGUINHA  e  INOVAÇÃO.
           Colaborações esporádicas em revistas culturais:  PRESENÇA,  CADERNOS DE TERESINA,  ALMANAQUE DA PARNAÍBA,  REVISTA DA ACADEMIA PIAUIENSE DE LETRAS  e  REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE OEIRAS.
          A maior parte do que publiquei em jornais da Parnaíba trata de assuntos culturais, especialmente literários.
          Até hoje não entendo a falta de apetite para escrever sobre
política municipal, porque em verdade sou apaixonado pelo assunto e tenho sido político militante, com  filiação partidária, desde 1972, quando iniciava a vida profissional como advogado e professor e apoiei publicamente, inclusive com discursos em palanque, a candidatura a prefeito de Elias Ximenes do Prado pelo MDB.  Partido adversário: ARENA. Era a época do bipartidarismo ditatorial. Elias derrotou o deputado Ribeiro Magalhães, que tinha o apoio dos governos federal (Garrastazu Médici), estadual (Alberto Silva) e municipal (Carlos Carvalho).
          Sempre estive filiado a agremiação partidária, apesar de nunca ter disputado mandato popular. Encontro-me filiado ao PTB desde que o deputado José Hamilton Furtado Castelo Branco assumiu a presidência do partido em Parnaíba.
          É inconcebível, porque meramente utópico, um mundo sem governantes e governados.
          Encaro a política como ciência, arte e prática e a considero fundamental no destino dos povos, em qualquer época. Não se deve generalizar na crítica aos que detêm ou detiveram mandato eletivo. Como em todos os setores da sociedade se haverá sempre de distinguir o “alto” do “baixo clero”, “o joio do trigo”.
Gosto de ler, ver e ouvir notícias e opiniões políticas. Hábito antigo, mas O CRIME DA PRAÇA DA GRAÇA é o único livro de minha autoria que trata de política municipal.
          Quem sabe um dia não venha a escrever artigos sobre o passado e o presente da política parnaibana, a partir de 1950, quando desde o nascimento era vizinho do prefeito João Orlando de Moraes Correia. Em razão dessa vizinhança guardo vaga lembrança da visita a Parnaíba feita em agosto de 1950 pelo então candidato à presidência da república Getúlio Vargas, que se hospedou no casarão da rua Grande, hoje avenida Presidente Vargas, onde residia João Orlando.
          Há algum tempo só tenho escrito esporadicamente em jornais e blogues locais:O BEMBEM, O PIAUGÜÍ,  BLOG DO POETA ELMAR CARVALHO, PORTAL COSTA NORTE e ACESSE 24 HORAS.
          Daqui para frente espero publicar um texto, como aliás já fiz na edição anterior, em todas as edições do jornal NORTE DO PIAUÍ.
Para mim é um feliz retorno ao conceituado jornal, após algumas décadas de ausência voluntária.”

          Esse artigo recebeu em 07-09-2016 no  “Blog do Poeta Elmar Carvalho” o seguinte comentário do professor e escritor Cunha e Silva Filho, residente no Rio de Janeiro:

“  Evocativo o seu artigo. Gostei das informações que desconhecia de sua pessoa: o lado político, mas num sentido de dignificação do termo.  Político como sinônimo da Política, da Ciência. Isso faz parte do ser do escritor. Por mais que o artista da palavra oculte a dimensão política, ela se encontra na sua forma de ver o mundo e os homens. Está registrada na sua textualidade.
          Tudo isso é muito saudável. E V. faz bem em manter-se nessa postura equidistante, sem radicalismos.
          Pelo que vi, o poeta e professor tem um lastro considerável de atividade no jornal e na cátedra.
          Esse negócio furado de absenteísmo não existe no fundo, porquanto todos nós, homens letrados, não podemos viver insulados só nas formas puramente mallarmaicas da produção literária, seja poética,  ficcional, dramatúrgica, musical e artística em geral.
          Literatura é vida,sentimento, emoção, beleza, procura da perfeição, das formas e das ideias.
          Por conseguinte, ter ojeriza à política não é um bom sinal para qualquer intelectual. A coragem faz parte da vida de um autor.
          Não quero afirmar com isso que tenhamos que ser panfletários. Contudo, só entendo o fenômeno literário quando unido às formas e às imagens da vida. A técnica, o conhecimento teórico são fundamentais, mas de nada valem se não são sentidos pela recepção do leitor como manifestações da vida latejante e plena de emoção, de convencimento só observáveis no momento em que uma obra se realiza como recriação na escrita.
          Sou dionisíaco antes de ser apolíneo.
          Que o seu retorno aos jornais lhe tragam alegrias e bem-estar na alma e na vida intelectual.
          Um abraço do
Cunha e Silva Filho”


          Inexiste neste trabalho compromisso com o rigor da pesquisa histórica, embora da história não haja distanciamento irresponsável.  Além do que é certeza histórica, me reportarei a alguns interessantes episódios , verídicos ou não, de que tive conhecimento ao longo de seis décadas  através de informações de terceiros ou como testemunha presencial.

(Continua na próxima semana)

Um comentário:

  1. Caro professor e escritor Alcenor Candeira Filho:

    Após ler com a atenção que os seus textos merecem, fico muito feliz que haja decido a rever o passado, na sua dimensão história e política.
    Só o fato de retornar, com muito mais bagagem de experiência de vida, de docência e de mais ampla visão intelectual, é um sinal verde de que seremos brindados com competência e serenidade em novos textos que, pelo que se vê, seguramente desaguarão numa obra histórica, política e,ainda que não o desejasse, escrita com a notação densa mediada pela sua linguagem fluente, elegante, de ensaísta, crítico e de poeta.
    Não sei quem falou (ou eu li em algum autor) que Gilberto Freyre era um sociólogo que escrevia com a pureza e a limpidez de um grande escritor.
    Quero que crer que, com o prezado amigo, os seus textos serão forjados, "malgré vous," utilizando-se dessa mesma estratégia, de vez que o vejo mais na condição de escritor do que de um jornalista ou historiador.
    De qualquer forma, na vida literária brasileira, houve com frequência a combinação do jornalista com o escritor. Para mim, isso é ótimo.
    Faço, pois, votos que V. leve a bom termo este projeto de escavação, pela memória, de momentos memoráveis ou não tão memoráveis, da história da política parnaibana a partir do marco cronológico dos anos 1950.
    Espero que venha o melhor de V.
    Ressalto, para finalizar, que muito me honra a generosa citação que faz de um comentário meu sobre o seu projeto.

    Um abraço cordial do

    Cunha e Silva Filho

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