JERRY ADRIANI
Antônio Gallas Pimentel
Final da semana passada
fomos surpreendidos com a notícia de que um dos ícones da Jovem Guarda
Brasileira, Jerry Adriani, estava
internado em um hospital no Rio de Janeiro, e seu estado de saúde era grave. A
Jovem Guarda, um movimento cultural que surgiu na década de 1960, tendo como
principais personagens o cantor Roberto Carlos, cognominado de o Rei da Jovem
Guarda, o cantor e compositor Erasmo Carlos - o Tremendão, a cantora Wnderléia,
"a Ternurinha da Jovem Guarda"
e muitos outros cantores, dentre os quais Jerry Adriani.
Quem, como eu, viveu a
adolescência nesta época, sabe da
influência que este movimento trouxe
para a moda, para o comportamento e, principalmente para a música nacional. Há
quem afirme que a Jovem Guarda foi um dos maiores fenômenos nacionais do século
XX.
Jerry Adriani, como já
citei, fazia parte desse movimento e esteve no Piauí, inclusive em Parnaíba,
apresentando-se em um show. Sobre a vinda e apresentação de Jerry Adriani em Parnaíba, o escritor e poeta Antônio de Pádua Ribeiro
dos Santos, Presidente da Academia Parnaibana de Letras (APAL), com o título O
DIA EM QUE O PAJÉ TROUXE GRANDE ALEGRIA
À SUA TRIBO, faz um relato, que creio eu, o objetivo principal era o de homenagear o responsável pela vinda do
artista à nossa cidade, como veremos a seguir:
"No início da década
de setenta, Parnaíba, na sua cansada pacatez de cidade de fim de linha, ainda
esperneava e conseguia, não sei como, trazer de longe e sem ajuda do poder público, para que aqui
cantasse e dançasse, sob o acompanhamento de músicos da terra, figuras de
reconhecida fama.
Foi assim com relação ao
cantor Jerry Adriani. Ele chegou de avião porque a cidade, como já disse, ainda
esperneava e as aeronaves por aqui
passavam, pousavam e traziam gente
famosa; e o aeroporto nem tinha nome de ferro na fachada, e nem era
internacional.
Carlos tinha um fusca
verde, de teto solar - que era coisa rara - e exatamente por aquele buraco que
se abria no rumo do céu ensolarado saía a cabeça e mais da metade do corpo do galã que
encantava a multidão enfileirada ao longo da Avenida Nossa Senhora de Fátima, à
época único canal de acesso ao Centro para quem aqui chegava voando.
O diferente vôques - era
assim que se chamava aquele automóvel da
Volkswagem - depois de desfilar para moças e rapazes que entupigaitavam ruas e
esquinas, tendo como chofer o próprio
dono, que também era o promotor da festa, chegou e parou à porta do hotel onde
o artista deveria ficar hospedado, descansando, esperando a hora do show, mas
tudo depois de enfiar, por algumas vezes, a cabeça na janela do apartamento
para receber gritos, sorrisos e acenos
de fãs, que insistiam em chegar pelo
menos mais perto do atraente ídolo.
À noite, em um clube na
beira-rio, o espetáculo foi um sucesso, e contagiante a alegria de toda a Nação
Teremembés. O visitante com sua voz estridente e inconfundível, disse para o que veio cantando inesquecíveis
músicas como Querida, Olhos Feiticeiros, Doce, Doce Amor, e muitas outras que
então figuravam em todas as paradas de sucesso.
O Doutor Carlos, que depois de
tanto tempo ainda continua sendo o bom e amigo médico dos corações parnaibanos,
deve ter ficado bastante orgulhoso com o resultado daquele evento. E se aqui se
faz alusão ao seu nome o termo pajé é simplesmente porque há no seu nome o
Araken, o mesmo nome daquele que,
segundo Alencar, proporcionou grande alegria à tribo dos Tabajaras, trazendo ao
mundo a imortal Iracema.
E não venha o gentleman
acadêmico dizer que o seu nome não tem raízes no poema alencarino, pois com
certeza é de se acreditar que tem, até mesmo porque tinha ele um irmão, também
bom amigo, que se chamava Moacir - o mesmo nome do querido filho da lendária
guerreira dos lábios de mel.
Parnaíba, Junho de 2010."
A crônica acima faz parte do livro
"O Encantador de Serpentes" do autor citado, no qual, numa prosa bem
humorada ele homenageia várias personalidades parnaibanas. As ilustrações são do artista parnaibano
Fernando Antônio Melo de Castro.
Ícone da Jovem Guarda,
Jair Alves de Souza nasceu em 29 do janeiro de 1947, no bairro do Brás, em São
Paulo. Adotou o nome artístico de Jerry Adriani quando começou sua carreira
como cantor, em 1964. Jerry Adriani,
morreu às 15h30 de domingo passado (23), aos 70 anos, no Rio de Janeiro.
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