quinta-feira, 27 de abril de 2017

JERRY ADRIANI



JERRY ADRIANI

Antônio Gallas Pimentel
                
                      Final da semana passada fomos surpreendidos com a notícia de que um dos ícones da Jovem Guarda Brasileira, Jerry Adriani,  estava internado em um hospital no Rio de Janeiro, e seu estado de saúde era grave. A Jovem Guarda, um movimento cultural que surgiu na década de 1960, tendo como principais personagens o cantor Roberto Carlos, cognominado de o Rei da Jovem Guarda, o cantor e compositor Erasmo Carlos - o Tremendão, a cantora Wnderléia, "a Ternurinha da Jovem Guarda"  e muitos outros cantores, dentre os quais Jerry Adriani.

                    Quem, como eu, viveu a adolescência nesta época, sabe  da influência que  este movimento trouxe para a moda, para o comportamento e, principalmente para a música nacional. Há quem afirme que a Jovem Guarda foi um dos maiores fenômenos nacionais do século XX.

                     Jerry Adriani, como já citei, fazia parte desse movimento e esteve no Piauí, inclusive em Parnaíba, apresentando-se em um show. Sobre a vinda e apresentação  de Jerry Adriani em Parnaíba,  o escritor e poeta Antônio de Pádua Ribeiro dos Santos, Presidente da Academia Parnaibana de Letras (APAL), com o título O DIA EM QUE O PAJÉ TROUXE GRANDE ALEGRIA  À SUA TRIBO, faz um relato, que creio eu, o  objetivo principal era o de  homenagear o responsável pela vinda do artista à nossa cidade, como veremos a seguir:

                     "No início da década de setenta, Parnaíba, na sua cansada pacatez de cidade de fim de linha, ainda esperneava e conseguia, não sei como, trazer de longe  e sem ajuda do poder público, para que aqui cantasse e dançasse, sob o acompanhamento de músicos da terra, figuras de reconhecida fama.

                     Foi assim com relação ao cantor Jerry Adriani. Ele chegou de avião porque a cidade, como já disse, ainda esperneava e as  aeronaves por aqui passavam, pousavam e  traziam gente famosa; e o aeroporto nem tinha nome de ferro na fachada, e nem era internacional.

                    Carlos tinha um fusca verde, de teto solar - que era coisa rara - e exatamente por aquele buraco que se abria no rumo do céu ensolarado saía a cabeça  e mais da metade do corpo do galã que encantava a multidão enfileirada ao longo da Avenida Nossa Senhora de Fátima, à época único canal de acesso ao Centro para quem aqui chegava voando.


                    O diferente vôques - era assim  que se chamava aquele automóvel da Volkswagem - depois de desfilar para moças e rapazes que entupigaitavam ruas e esquinas, tendo como chofer  o próprio dono, que também era o promotor da festa, chegou e parou à porta do hotel onde o artista deveria ficar hospedado, descansando, esperando a hora do show, mas tudo depois de enfiar, por algumas vezes, a cabeça na janela do apartamento para receber  gritos, sorrisos e acenos de fãs,   que insistiam em chegar pelo menos mais perto do atraente ídolo.

                    À noite, em um clube na beira-rio, o espetáculo foi um sucesso, e contagiante a alegria de toda a Nação Teremembés. O visitante com sua voz estridente e inconfundível,  disse para o que veio cantando inesquecíveis músicas como Querida, Olhos Feiticeiros, Doce, Doce Amor, e muitas outras que então figuravam em todas as paradas de sucesso.

                    O Doutor Carlos, que depois de tanto tempo ainda continua sendo o bom e amigo médico dos corações parnaibanos, deve ter ficado bastante orgulhoso com o resultado daquele evento. E se aqui se faz alusão ao seu nome o termo pajé é simplesmente porque há no seu nome o Araken,  o mesmo nome daquele que, segundo Alencar, proporcionou grande alegria à tribo dos Tabajaras, trazendo ao mundo  a imortal Iracema.

                     E não venha o gentleman acadêmico dizer que o seu nome não tem raízes no poema alencarino, pois com certeza é de se acreditar que tem, até mesmo porque tinha ele um irmão, também bom amigo, que se chamava Moacir - o mesmo nome do querido filho da lendária guerreira dos lábios de mel.
Parnaíba,  Junho de 2010."

                     A crônica acima faz parte do livro "O Encantador de Serpentes" do autor citado, no qual, numa prosa bem humorada ele homenageia várias personalidades parnaibanas.  As ilustrações são do artista parnaibano Fernando Antônio Melo de Castro.
                    
                       Ícone da Jovem Guarda, Jair Alves de Souza nasceu em 29 do janeiro de 1947, no bairro do Brás, em São Paulo. Adotou o nome artístico de Jerry Adriani quando começou sua carreira como cantor, em 1964. Jerry Adriani,  morreu às 15h30 de domingo passado (23), aos 70 anos, no Rio de Janeiro.

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