AS ENTREVISTAS DE NUREMBERG
Valério Chaves
Des. inativo do TJPI
Des. inativo do TJPI
Penetrar em arquivos, manusear
documentos, ouvir depoimentos, realizar entrevistas e buscar vestígios de um
fato histórico ocorrido em épocas perdidas nas brumas dos tempos tem sido o
caminho mais viável que os pesquisadores e historiadores encontraram para reconstruir o passado e
ampliar suas possibilidades de pesquisa
no horizonte da História.
O livro como um complexo objeto de
cultura, embora tenha pouco mudado desde
que Gutemberg imprimiu os primeiros exemplares da Bíblia no final do século XV,
ainda é o principal acesso do homem às fontes de pesquisa cultural inclusive
colocando em evidência os grandes personagens de guerras que mudaram o curso da
humanidade.
Leon Geldensohn, escritor e oficial do
exército norte-americano, que durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) foi
responsável pela saúde mental dos oficiais nazistas recolhidos em presídios
enquanto aguardavam julgamento perante o Tribunal de Nuremberg, revela em seu
livro “As Entrevistas de Nuremberg”, publicado no Brasil pela editora Companhia
de Letras (in artigo de Luiz Lucio Merg, Cad. Literatura, AJURIS, 2006),
detalhes, até então desconhecidos, das atrocidades praticadas durante o
Holocausto contra os judeus.
Através das entrevistas reproduzidas
fielmente na obra, o autor conseguiu extrair relatos inéditos de 19 dos 24
criminosos nazistas importantes acusados de crime de guerra como: Hermam Greering,
Ribbentrop e Albert Speer que, ao contrário de alguns poucos acusados,
isentaram-se de responsabilidade direta nos massacres ocorridos nos campos de
extermínio, procurando atribuí-la a Adolf Hitler e Heinrich Luitpold Himmler – figuras mais
poderosas do alto escalão nazista.
Rudolf Auschwitz – um dos homens mais
importantes depois de Hitle - quando entrevistado por Geldensohn admitindo ter
conhecimento direto dos crimes diz textualmente:
“Fui chamado a Berlim e recebi ordens
de Himmler para erigir campos de extermínio dizendo-me com as seguintes
palavras: “Nós da SS, precisamos executar esses planos. É uma tarefa difícil,
mas se a ação não for imediatamente realizada, em vez de nós exterminarmos os
judeus, serão eles que exterminarão os alemães no futuro”.
Os julgamentos de Nuremberg, como se
sabe, tiveram início em novembro de 1945
na cidade alemã do mesmo nome situada ao norte do estado da Baviera, e
constituíram-se num marco do direito internacional na medida em motivaram
críticas levantadas por doutrinadores do direito sobre as violações dos
direitos fundamentai do homem com a realização de julgamentos por um tribunal
de exceção (ad hoc) onde além de não haver jurados, os acusados não tiveram
direito de escolher advogados.
No final, por terem admitido a
veracidade das acusações, o tribunal decretou 12 condenações à morte, 3 prisões
perpétuas, 2 condenações a 20 anos de prisão, uma a 15 e outra a 10. Três
acusados foram absolvidos: Hans Futzsche, Franz von Papen e Hjalmar Schacht.
Nenhum comentário:
Postar um comentário