DE RIBEIRA DE PENA AO PIAUÍ: A
TRAJETÓRIA DA FAMÍLIA CARVALHO DE ALMEIDA NOS SÉCULOS XVII E XVIII
Reginaldo Miranda
Historiador, genealogista e
escritor
Generalidades
A colonização do Piauí não data
do século XVI, mas somente da segunda metade do século XVII, quando os
paulistas capitaneados por Domingos Jorge Velho e Francisco Dias de Siqueira,
assentam arraial na bacia do Poti(1661); e Domingos Afonso Sertão, Julião
Afonso Serra, Francisco Dias d’Ávila e Bernardo Pereira Gago, da Casa da Torre,
na Bahia, conquistam os vales dos rios Piauí, Canindé, Gurgueia, Itaueira e
outros da região sul(1672). Em pouco tempo esses últimos estão recebendo as
primeiras sesmarias e, assim, repartindo entre si a nova conquista.
Com eles e depois deles chegam as
levas de colonizadores para efetivarem a posse da terra, assentarem as fazendas
e, assim, a base colonial portuguesa. O primeiro marco do Estado, no suceder à
concessão de sesmarias, é fundar a freguesia, erguer a cruz e erigir a capela,
divulgando o Evangelho. Entre os primeiros párocos desse sertão em conquista estão
os padres Miguel de Carvalho (Vigário de Rodelas), Tomé de Carvalho (vigário da
Mocha) e Inocêncio de Carvalho (vigário da Barra, com jurisdição no médio e
alto Gurgueia e Curimatá, território que iria se constituir no antigo termo de
Parnaguá, todas no Bispado de Pernambuco. No entanto, algum tempo depois essa
segunda freguesia(da Mocha), recebe o território do médio e alto Gurgueia em
permuta com o território do São Francisco, que lhe pertencia, e com suas
peculiaridades próprias iria se transformar em capitania, depois província,
hoje Estado do Piauí, no Nordeste do Brasil.
Contemporaneamente a esses três
Carvalho da fé, aqui também chegava Bernardo de Carvalho, que iria ser
mestre-de-campo do novo território, plantar fazendas e constituir descendência.
Duas décadas depois chegavam Manuel Carvalho de Almeida e Antônio Carvalho de
Almeida(2º), ambos também militares, que iriam casar na família Castelo Branco
e constituir numerosa progênie. Portanto, temos aqui seis membros da família
Carvalho, todos portugueses, três religiosos e três militares, que se fizeram
notáveis por aqueles dias da conquista. Desde então, por século e meio, quando
se começou a escrever a história da conquista, das fazendas, freguesias, vilas,
cidades e das famílias, muito sobre eles já se escreveu, porém, sempre com
equívocos sobre nomes completos e graus de parentesco.
Porém, com o avanço provocado
pela Internet, o acesso a documentos digitalizados e estudos sérios, foi
possível avançar nesse assunto. Em março último(2017), o conterrâneo Gustavo
Conde Medeiros divulgou interessante nota sobre o Pe. Tomé de Carvalho e Silva,
esclarecendo sobre nascimento, filiação e algum parentesco, colhidas num
processo de habilitação de um sobrinho à herança do tio vigário (Atrás de uma
herança no Piauí, http://gustavocondemedeiros.blogspot.com.br/2017/).
Em Portugal, um estudo revelador
foi publicado pelo advogado e genealogista Manuel Abranches de Soveral,
trazendo a origem dessa importante família lusitana desde o final da era dos
mil e quatrocentos, reportando-se a Damião Leitão, governador de Cabo Verde,
casado com uma senhora da família Almeida (Famílias de Ribeira de Pena:
subsídios para a sua genealogia – séculos XV a XVIII). Nesse estudo fica
esclarecida a origem e nome do Pe. Miguel de Carvalho e Almeida (ou Miguel
Carvalho de Almeida, como também assinava, na verdade, todos os seus parentes
ora são tratados por Carvalho de Almeida, ora por de Carvalho e Almeida). Foi
um avanço importante no esclarecimento da origem dessa família.
No entanto, recentemente tivemos
a oportunidade de examinar diversos autos de inquirição de genere desses e de
outros vigários da aludida família, autos cíveis, criminais e de habilitação
para familiar e comissário do Santo Ofício, a mesma fonte de Soveral, autos de
habilitação de um herdeiro do Pe. Tomé de Carvalho e Silva, com testamento,
certidão de batismo, óbito e diversos outros documentos, a mesma fonte de
Gustavo Conde Medeiros, cujo artigo somente li depois, tudo arquivado na Torre
do Tombo, de Lisboa, podendo assim comparar dados, contrastar informações e,
por fim, esclarecer muitos pontos até
agora obscuros na genealogia desse construtores do Piauí.
Ribeira de Pena: a origem em
Portugal
O concelho de Ribeira de Pena
localiza-se no distrito de Vila Real, sub-região do Alto Trás-os-Montes, no
norte de Portugal, limitando-se a norte com o concelho de Boticas, ao sul com
Vila Real, a leste com Vila Pouca de Aguiar e, por fim, a oeste com Mondim de
Basto e Cabeceiras de Basto.
Ao tempo em que interessa a esse
estudo, era esse concelho dividido em três freguesias: Salvador, Santo Aleixo
de Além Tâmega e Santa Marinha, as duas primeiras separadas pelo rio Tâmega,
daí os diversos casamentos entre gente dos dois lados. É de pequena população,
igual a qualquer pequena cidade do Piauí, razão pela qual naquele tempo, uma
família antiga como a Carvalho de Almeida, ali residindo por séculos era bem
aparentada, existindo muitos casamentos endogâmicos.
As principais famílias desse
concelho vêm sendo estudadas pelo advogado e genealogista Manuel Abranches de
Soveral, que sobre o assunto já publicou alguns trabalhos interessantes.
Falando sobre os Leitão e Almeida, traz importantes revelações sobre os
ancestrais dessa família ali radicada e uma das principais do lugar. A seguir
delinearemos breve resumo sobre as notas de Soveral, reportando o leitor mais
interessado para o seu blog (http://www.soveral.info/mas/RibeiradePena.htm),
onde colherá mais detalhes sobre o assunto. Conforme os dados por ele revelados
essa família tem origem com DAMIÃO LEITÃO (n.c. 1485), cavaleiro fidalgo da
Casa Real e governador de Cabo Verde, casado com uma mulher da família Almeida,
ele provável “irmão de Fernão Leitão, que foi morador em Negreiros, termo de
Barcelos, e abade reitor da igreja do Salvador de Ribeira de Pena, onde
instituiu em 1520 a capela de S. Pedro, concluída a 22.1.1521 (esta capela tem
um escudo, certamente religioso, composto por uma cruz e dois leões
assaltantes), e ambos filhos de Álvaro Leitão, tabelião do judicial (17.7.1482)
e juiz das sisas de Aguiar de Pena (6.5.1490)” (SOVERAL); filho:
F.1- Francisco Leitão (de Almeida)
#
F.1- FRANCISCO LEITÃO (DE
ALMEIDA) (c. 1509 – c. 1570), “que sucedeu na quinta do Outeiro, em Salvador de
Ribeira de Pena, e viveu em Vila Real, onde casou cerca de 1530 com Beatriz
Correa (da Mesquita), referida no meu Ensaio sobre a Origem dos Mesquita como
filha de João Correa (da Mesquita). A justificação de nobreza (1718) do seu
descendente António Leitão de Meirelles, senhor da antedita quinta, diz serem
‘descendentes legítimos dos verdadeiros Farias, Leitões, Almeidas, Borges,
Correas e Mesquitas destes Reynos’. Francisco Leitão ainda vivia a 23.7.1567
quando testemunhou um casamento em Vila Real. Beatriz Correa sucedeu a seu pai,
em 2ª vida, como senhora do prazo do casal de Donelo, em S. Pedro da Cova (Vila
Real). Algumas genealogias, como Gaio, dão este Francisco Leitão como filho de
um Cristóvão Leitão, capitão de Arzila, e de D. Josefa Hidalgo, filha de D.
Isidoro Hidalgo, de Briche (Galiza), mas é fantasia” (SOVERAL); filhos:
F.1.1- Cristóvão Leitão de
Almeida
F.1.2- Isabel Leitão, falecida
solteira.
F.1.3- Antônio Leitão de Almeida,
escrivão do público, judicial e notas, Câmara, almotaçaria e órfãos do concelho
de Ribeira de Pena e sucessor na quinta do Outeiro, c.c. Isabel Gomes; c.g.
F.1.4- Gonçalo Leitão da
Mesquita, residente em Vila Real, c.c. Violante Guedes, filha de Pedro Álvares
Galego e sua mulher Filipa Dias, ricos cristãos-novos; c.g.
F.1.5- Pedro da Mesquita Leitão,
segundo Gaio, que diz ter casado em Mirandela.
F.1.6- Ana da Mesquita, segundo
Gaio, que diz ter casado em Mirandela.
F.1.7- Maria Correa de Almeida,
c.c. Jerónimo de Souza Machado, “da casa de Eiriz, em Vila Pouca de Aguiar, de
ascendência conhecida, fidalgo da Casa Real que depois esteve em Alcácer
Quibir, onde ficou cativo, sendo remido em 1583, sendo então alcaide do castelo
de Aguiar até 1594, data em que foi viver para Ribeira de Pena, onde instituiu
o morgadio de Stº António de Trezena em Salvador do Outeiro, a que vinculou a
casa que aí mandara fazer e o prazo do vale de Senra de Baixo, foreiro à Casa
de Bragança, que sua mulher levara em dote e era então a principal propriedade
agrícola de Ribeira de Pena” (SOVERAL); c.g.
#
F.1.1- CRISTÓVÃO LEITÃO DE
ALMEIDA (c. 1508 - ?) Capitão da Ordenança de Ribeira de Pena, senhor da quinta
do Bruxeiro, teria “sucedido na capela de S. Pedro, instituída por seu
presumível tio na igreja do Salvador de Ribeira de Pena” (SOVERAL), não se
sabendo com quem casou; filhos:
F.1.1.1- Jerônimo Leitão de
Mesquita, “serviu na Índia e morreu na defesa de Ormuz, como se diz na mercê da
Ordem de Santiago a seu sobrinho José, herdeiro dos seus serviços” (SOVERAL).
F.1.1.2- Cristóvão de Almeida (c.
1543 - ?), “foi abade reitor do Salvador de Ribeira de Pena e sucessor na
quinta do Buxeiro e na capela de S. Pedro”(SOVERAL); c.g.
F.1.1.3- Camila Leitão
#
F.1.1.3- CAMILA LEITÃO (c. 1550 -
?), sucessora na quinta do Buxeiro e capela de S. Pedro, foi c.c. JOÃO
FERNANDES DE ALMEIDA; filhos:
F.1.1.3.1- José Leitão de
Almeida, n.c. 1571, em Ribeira de Pena, foi cavaleiro fidalgo da Casa Real,
cavaleiro da Ordem de Santiago, serviu em Ceuta, foi vedor do 2º correio-mor do
reino e familiar do Santo Ofício(22.5.1629); c.g.
F.1.1.3.2- Gervásio Leitão de
Almeida, instituiu a capela de N. Sra. do Amparo ou de Copacabana, na Ribeira
de Baixo (Salvador).
F.1.1.3.3- Maria Leitão de
Almeida
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F.1.1.3.3- MARIA LEITÃO DE
ALMEIDA (c. 1580 - ?), foi c.c. António Gonçalves de Matos, “provavelmente dos
Matos da casa de Terças, em Stª Marinha de Ribeira de Pena” (SOVERAL); filhos:
F.1.1.3.3.1- Catarina de Almeida
(1ª)
Ribeira de Pena: o tronco comum
dos Carvalho que passaram ao Piauí
F.1.1.3.3.1- CATARINA DE ALMEIDA,
n.c. 1608, no lugar da Ribeira de Baixo, da freguesia do Salvador do concelho
de Ribeira de Pena, foi c.c. DOMINGOS CARVALHO, natural do lugar de Bragadas,
moço da câmara da Casa Real, juiz de órfão de Ribeira de Pena, senhor da quinta
das Bragadas de Além Tâmega, em Santo Aleixo, onde faleceu a 7.7.1668, deixando
herdeiro e dotado o filho Miguel Carvalho de Almeida (SOVERAL); filhos:
F.1.1.3.3.1.1- Cap. Miguel
Carvalho de Almeida (três filhos passam ao Bispado de Pernambuco, no Brasil,
sendo dois padres e um militar).
F.1.1.3.3.1.2- Gaspar Carvalho de
Almeida, residente em Santa Marinha, foi c.c. Senhorinha Gonçalves, falecida em
30.9.1642, vítima de complicações no parto; filho: Domingos de Carvalho,
nascido em 22.9.1642, em Santa Marinha, foi c.c. Maria de Souza Machado; c.g.
F.1.1.3.3.1.3- Catarina de
Almeida (2ª) (dois filhos padres e quatro netos, sendo um padre, passam ao
Piauí, no Brasil).
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F.1.1.3.3.1.1- Cap. MIGUEL DE
CARVALHO E ALMEIDA, n.c. 1630, capitão de infantaria dos Auxiliares de Ribeira
de Pena, sucessor na quinta das Bragadas de Além Tâmega, em Santo Aleixo, onde
faleceu a 6.4.1695, ficando pelos bens de almas seu filho Domingos Carvalho;
foi c.c. HELENA GONÇALVES DE MATOS, natural e falecida a 15.9.1684 em Santo
Aleixo, provavelmente sua parente, filha de Domingos Dias de Matos
(provavelmente dos Matos da casa de Terças, em Santa Marinha de Ribeira de
Pena) e de sua mulher Senhorinha Gonçalves, ambos naturais da freguesia de
Santo Aleixo (SOVERAL); filhos (quatro, sendo que no final do século XVII, três
deles passaram ao Brasil, capitania de Pernambuco, a cujo território pertencia
o Piauí):
F.1.1.3.3.1.1.1- Pe. Miguel
Carvalho de Almeida, natural de Ribeira de Pena, ordenado no Seminário de
Braga, foi vigário da freguesia de Rodelas, no Bispado de Pernambuco,
oportunidade em que visitou o Piauí por duas vezes, fundando a freguesia de
Nossa Senhora da Vitória, que deu origem à vila da Mocha, hoje cidade de
Oeiras, primeira capital do Piauí, depois retornando para a terra natal, onde
faleceu depois de muitos anos de sacerdócio; sobre ele escrevi ensaio
biográfico, ao qual reporto o leitor: Padre Miguel de Carvalho e Almeida:
fundador de paróquias e missionário do sertão
(http://www.portalentretextos.com.br/materia/pe-miguel-de-carvalho-e-almeida-fundador-de-paroquias-e-missionario-do-sertao,12648).
F.1.1.3.3.1.1.2- Domingos
Carvalho de Almeida
F.1.1.3.3.1.1.3- Cap. Antônio de
Carvalho e Almeida (1.º do nome), natural da freguesia de Santo Aleixo da
Ribeira de Pena, comarca de Vila Real, Arcebispado de Braga, capitão-mor da
cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, morou em Lisboa, em casa de Manoel
Mendonça Arraes, até março de 1701, quando mudou-se para servir no posto de
capitão-mor de Natal, no Rio Grande do Norte, onde praticou atos notáveis;
cavaleiro da Ordem de Cristo, familiar do Santo Ofício, moço da câmara da casa
Real, foi casado com Maria Teresa Pereira Rebello Leite; c.g.
F.1.1.3.3.1.1.4- Pe. Inocêncio
Carvalho de Almeida, natural de Ribeira de Pena, vigário da freguesia de São
Francisco da Barra do Rio Grande, hoje cidade de Barra, na Bahia(Brasil), sobre
quem ainda pretendemos escrever ensaio biográfico.
#
F.1.1.3.3.1.1.2- DOMINGOS
CARVALHO DE ALMEIDA, natural do lugar de Bragadas, freguesia de Santo Aleixo,
onde é morador, Familiar do Santo Ofício, c.c. MARIA GONÇALVES DE CARVALHO,
filha de Tomé de Carvalho e sua mulher Maria Gonçalves, ambos naturais da
sobredita freguesia de Santo Aleixo; neta paterna de Tomé Francisco e sua
mulher Senhorinha de Carvalho, ambos naturais do lugar de Bragadas, freguesia
de Santo Aleixo; neta materna de Pedro André e sua mulher Ana Gonçalves, ambos
naturais do lugar e freguesia de Santo Aleixo; filhos:
F.1.1.3.3.1.1.2.1- D. Maria de
Almeida, foi casada com Baltazar Pacheco de Andrade, de Stª Marinha de Ribeira
de Pena.
F.1.1.3.3.1.1.2.2- D. Helena de
Almeida, residente em Fontes, onde constitui família(SOVERAL).
F.1.1.3.3.1.1.2.3- Luiza (bat.
11.2.1703, em Stº Aleixo), parece que faleceu solteira.
F.1.1.3.3.1.1.2.4- Pe. Miguel de
Carvalho e Almeida (3º do nome), b. a 3.8.1704, sendo padrinhos Domingos Dias
de Matos, de Senra, Salvador, e Ângela de Almeida (irmão do padre Tomé de
Carvalho e Silva). “Tirou IG em Braga a 31.12.1721 (SOVERAL).
F.1.1.3.3.1.1.2.5- Rosa, b. a
25.9.1707.
F.1.1.3.3.1.1.2.6- Domingos, b. a
21.12.1710.
F.1.1.3.3.1.1.2.7- Francisco, b.
a 25.3.1714.
#
F.1.1.3.3.1.3- CATARINA DE ALMEIDA (Santo Aleixo, c.1640 –
17.10.1703), foi c.c. JOSÉ DA SILVA (Soveral, anota José da Silva Carvalho),
morador em Bragadas, onde faleceu a 21.11.1687; filhos:
F.1.1.3.3.1.3.1- Cristóvão da
Silva (herdeiro do casal, cf. Soveral).
F.1.1.3.3.1.3.2- Domingas
Carvalho, madrinha do irmão Pe. Tomé de Carvalho e Silva.
F.1.1.3.3.1.3.3- Antônia (bat.
21.2.1669, cf. Soveral).
F.1.1.3.3.1.3.4- Pe. Tomé de
Carvalho e Silva (bat. 23.1.1673, padrinho Tomé Carvalho e madrinha sua irmã
Domingas Carvalho); foi o primeiro vigário do Piauí, sobre quem escrevia ensaio
biográfico (http://www.portalentretextos.com.br/materia/padre-tome-de-carvalho-e-silva-primeiro-vigario-do-piaui,12645).
F.1.1.3.3.1.3.5- Pe. Miguel de
Carvalho e Silva (3º vigário da família com o prenome Miguel), paroquiava no
Piauí, ao tempo do testamento do irmão padre, conforme consta no documento.
F.1.1.3.3.1.3.6- Catarina Almeida,
moradora na freguesia de Gondiães, Portugal; c.g.
F.1.1.3.3.1.3.7- Maria Almeida,
c.g, nomeadamente a filha Ângela de Almeida, contemplada no testamento do tio
Pe. Tomé.
F.1.1.3.3.1.3.8- Izabel de
Almeida
F.1.1.3.3.1.3.9- Ângela de
Almeida
#
F.1.1.3.3.1.3.8- IZABEL DE
ALMEIDA, residente em Aroza, freguesia de São João de Cabés, parte do concelho
de Ribeira de Pena; em 24.1.1782, c.c. DOMINGOS DIAS (bat. 28.4.1755, tendo por
padrinho Sebastião, irmão da mulher de Francisco Dias, e madrinha a mulher de
Lucas Francisco, todos do lugar da Aroza), natural do lugar de Aroza, freguesia
de São João de Cabés, comarca de Braga, filho de Francisco Dias, de Aroza e sua
mulher Maria Pacheco (Francisco Dias, filho de Domingos Dias e sua mulher Maria
Gonçalves, do lugar de Bragadas, freguesia de Santo Aleixo, casou-se em
7.1.1655, na freguesia de São João de Cabés, com Maria Pacheco, filha de
Agostinho Sanches); filhos:
F.1.1.3.3.1.3.8.1- Dr. Manoel
Carvalho da Silva e Almeida, nascido em 18.12.1710, no lugar de Aroza,
freguesia de São João de Cabés, parte do concelho de Ribeira de Pena, bacharel
em Leis pela Universidade de Coimbra; morou parte da infância e juventude na
vila da Mocha(Oeiras), no Piauí, em companhia do tio padre Tomé de Carvalho,
depois passando à Bahia e, por fim, a Coimbra, onde estudou e se formou às
expensas do tio padre, não mais retornando ao Brasil; foi casado com D. Tereza
Maria de Almeida e muito lutou para receber uma herança que lhe deixou o
referido tio e protetor, fato que nos proporcionou conhecer muito da história
da família.
F.1.1.3.3.1.3.8.2- Cap. Antônio
Carvalho de Almeida (2.º do nome), nascido em 1703, no lugar de Aroza,
freguesia de São João de Cabés, parte do concelho de Ribeira de Pena (bat.
25.3.1703, sendo padrinho Antonio Sanches e Maria, solteira, filha de Luiz
Antunes, todos do mesmo lugar), capitão-mor do Piauí, para onde veio em
companhia do irmão e sob proteção do tio padre; rico fazendeiro, foi casado com
Maria Eugênia de Mesquita Castelo Brando, natural do Piauí, de cujo consórcio
deixou numerosa e ilustrada descendência.
#
F.1.1.3.3.1.3.9- ÂNGELA DE
ALMEIDA, residente em Ribeira de Pena, foi c.c. MANOEL SANCHES; filho:
F.1.1.3.3.1.3.9.1- Antônio
Sanches de Carvalho, n. 5.5.1709 (bat. 10.5.1709, na freguesia de São João de
Cabés, sendo padrinho Antônio Gonçalves de Carvalho, de Bragadas, freguesia de
Santo Aleixo, e Antônia, filha de Sebastião Sanches, do lugar de Aroza); veio
morar na vila da Mocha, hoje cidade de Oeiras, no Piauí, em companhia do tio
padre Tomé de Carvalho e Silva, sendo um dos agraciados em seu testamento,
herdando a fazenda Sítio Novo, no rio Piracuruca, com duas léguas e meio de
comprimento e uma de largura; povoou e conseguiu data de sesmaria da fazenda
Taquari, no riacho de mesmo nome, freguesia de Piracuruca, com três léguas de
comprimento e uma de largura, mais tarde as vendendo ao primo Antônio Carvalho
de Almeida(2.º).
Conclusão
Com essas notas fica elucidado o
parentesco existente entre os três padres que chegaram ao Bispado de Pernambuco,
no final do século XVIII, sendo Miguel de Carvalho, irmão de Inocêncio de
Carvalho, ambos primos do padre Tomé de Carvalho (embora tivessem outros
sobrenomes complementares era assim que costumavam assinar e assim eram
conhecidos).
Também, o parentesco destes com o
capitão-mor Antônio Carvalho de Almeida, que colonizou o norte do Piauí e
deixou grande parentela na família Castelo Branco. Era este sobrinho, protegido
e herdeiro do Pe. Tomé de Carvalho. Da mesma forma, fica esclarecido que um seu
homônimo e não ele foi o capitão-mor do Rio Grande do Norte, este último sendo
irmão dos padres Miguel e Inocêncio de Carvalho.
Da mesma forma, fica esclarecido
que a família Carvalho teve ao menos três padres com o nome de Miguel, em
homenagem a um ancestral comum, sedo que dois destes se vincularam ao Piauí.
Todavia, ainda não foi
esclarecido o parentesco deste núcleo com dois outros colonizadores do Piauí:
Bernardo de Carvalho e Aguiar (natural de Vila Pouca de Aguiar) e Manuel
Carvalho de Almeida (natural de Linhares), este último casado com Clara da
Cunha e Silva Castelo Branco. No que se refere ao primeiro, não temos dúvida do
parentesco, pois Vila Pouca de Aguiar é fronteiriça com Ribeira de Pena, de
forma que diversas famílias se dividem pelos dois concelhos, o que não seria
diferente com os Carvalho, família antiguíssima na região (Carvalho era a mãe
de Bernardo); da mesma forma, o sobrenome comum e o casamento na mesma família
Castelo Branco, fazem presumir estreito parentesco entre Manuel Carvalho de
Almeida com Antônio Carvalho de Almeida, embora, seguramente, não sejam irmãos,
porque o último já tinha um irmão bacharel com esse prenome e foi atestado em
autos judiciais que este era o único sobrinho do padre Tomé de Carvalho com
prenome Manuel. Penso que esses dois eram primos de segundo ou terceiro grau
dos pioneiros vigários, o que ainda vai se apurar.
Não sabemos por quem ficou
representada a descendência de Antônio Sanches de Carvalho, sobrinho e herdeiro
do Pe. Tomé, que também se fixou no Piauí. Também, ficou esclarecido que o Pe.
André da Silva, coadjutor em Oeiras, era sobrinho do Pe. Tomé de Carvalho e
Silva.
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