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OS CARVALHO DE ALMEIDA E A COLONIZAÇÃO
DO PIAUÍ
Valdemir Miranda
Historiador, genealogista e escritor
Devemos a primazia da colonização do Piauí e a
criação de nossa primeira Freguesia aos padres da família Carvalho de Almeida.
No final do segundo século da ocupação portuguesa no Brasil, o território
piauiense pertence eclesiasticamente a Capitania de Pernambuco. Foi quando em
1694, o bispo de Pernambuco mandou o vigário da Vara dos Rodelas, padre Miguel
de Carvalho e Almeida, reconhecer os mais longínquos territórios que compunham
a Freguesia de Nossa Senhora do Cabrobó de Olinda. De sua primeira viagem na
companhia do Pe. Felipe Bourel, da Companhia de Jesus, Pe. Miguel de Carvalho
sugeriu ao bispo a criação de duas novas freguesias no território. Sugestão
esta dirigida a Roque Monteiro Paim, Secretário do Conselho Ultramarino, pelo
bispo Dom Francisco de Lima, para a criação da Freguesia de São Francisco da
Barra do Rio Grande no sertão hoje da Bahia e a de Nossa Senhora da Vitória, no
sertão do Piauí. Autorizada a criação das duas novas freguesias, o Bispo
delegou poderes ao Pe. Miguel de Carvalho, para sua instalação. Quando da
instalação das freguesias, nomeou o Pe. Miguel seu irmão Inocêncio Carvalho de
Almeida para a Freguesia de São Francisco da Barra, e seu primo Pe. Tomé de
Carvalho e Silva para a Freguesia de Nossa Senhora da Vitória no Piauí.
Destes fatos, encontramos sua fonte primaria
nos documentos referentes ao Piauí, no Projeto Resgate, (PORTUGAL – AHU –
Piauí, cx. 1, doc. 2, 3, 4 – AHU_CU_O16, Cx. 1 D 2; anexos 08 documentos).
As descobertas sobre o padre Miguel de
Carvalho e Almeida, do processo de advertência pela mesa da Santa Inquisição [digitarq.arquivos.pt/viewer?id=2310174] já há muito tempo disponível ao domínio
público foi mencionado por mim em artigo publicado neste blog.
Quanto às novas descobertas feitas sobre o
Padre Tomé Carvalho e Silva, estão no processo dos autos de justificação e
habilitação do dr. Manuel Carvalho da Silva e Almeida, como herdeiro do Padre
Tomé juntamente com seus irmãos. Encontra-se na Torre do Tombo no endereço http://digitarq.dgarq.gov.pt/viewer?id=4675988. Devemos a descoberta deste documento ao
engenheiro Gustavo Conde Medeiros, que como primeiro consulente, pagou para a
digitalização do documento, hoje de domínio público. Graças ao longo processo
com 214 páginas, com várias certidões de batismo, casamento e do próprio
atestado de óbito e testamento do padre Tomé, podemos esclarecer várias dúvidas
na história e genealogia das primeiras figuras que fizeram a história do Piauí.
Em seu testamento, página 24, o Pe. Tomé deixa
de herança a seus sobrinhos três fazendas: Caraíbas, Tranqueira e Vitória,
situadas nos Alongases de Baixo, Freguesia de Nossa Senhora do Carmo de
Piracuruca. Portanto a história da colonização dos municípios de Batalha,
Esperantina e Piracuruca, está intimamente ligada à figura do Padre Thomé de
Carvalho e Silva.
Pertencia a ele as terras que constituíam as
sesmarias: Boa Esperança, Caraíbas, Sítio Novo, Tranqueira e Vitória, fazendas
legadas há seus herdeiros e requeridas e doadas em carta de sesmarias em 1749.
As sesmarias Boa Esperança e Tranqueira
constituem hoje terras que compõem o município de Esperantina. A sesmaria Boa
Esperança foi requerida em sesmaria a 13.07.1739, por MIGUEL DE CARVALHO E
SILVA, fazenda povoada a 33 anos antes, pegando nas testadas do Sítio chamado
Tranqueira em diante, na parte direita do rio Longá até inteirar com a fazenda
chamada Taquari. Tranqueira foi doada em sesmaria a Antônio de Carvalho Castelo
Branco, a 20.07.1739, como herança de seu tio padre Tomé de Carvalho e Silva,
corria pelo Longá acima da parte direita das testadas da Fazenda Vitória.
As sesmarias Caraíbas e Vitória correspondem
hoje ao município de Batalha. Caraíbas foi legada a MARIA EUGÊNIA DE MESQUITA
CASTELO BRANCO, mulher do Capitão-Mor Antônio Carvalho de Almeida [primeiro do
nome], a 18.07.1739, fundada em 1705, situava-se na margem esquerda do rio
Longá, pegando nas testadas de Manoel da Costa Madureira, correndo pelo Longá
acima. A fazenda Vitória foi doada a ANTÔNIO CARVALHO DE ALMEIDA como herança
do Padre Tomé de Carvalho e Silva, principiava no estreito do Mato Grosso[rio
dos Matos] aonde mete no rio Longá correndo pelo rio acima a parte direita,
aonde faz extremas com a fazenda Tranqueira.
Quanto ao Sítio Novo, terras hoje do município
de Piracuruca, foi esta fazenda depois vendida, pois foi doada a Miguel
Rodrigues da Silva, em carta de sesmaria a 20.07.1739, situada a margem do rio
Piracuruca acima, principiando nas testadas da fazenda São João.
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