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Símbolo d’arte
Félix Pacheco (1879 – 1935)
Se o meu verso não fora o
agonizar de um lírio,
E o suave funeral de um
crisântemo roxo,
Diluindo-se, murchando, à vaga
luz de um círio,
Entre o planger de um sino e o
gargalhar de um mocho;
Se, essas flores do mal, em pleno
desabrocho,
Eu não sentira em mim, num êxtase
e em delírio,
Meu orgulho de rei julgara vesgo
e frouxo,
Pois a glória de um sol não vale
esse martírio.
Se, na terra que piso, algum
prêmio ambiciono,
É o deserto, a cabala, o
claustro, a esfinge, o outono,
O calmo encanto da noite e a
augusta paz da morte...
E o meu símbolo d'arte, o ideal
que me fascina,
É a tristeza a florir a graça
feminina,
Como um farol pressago a iluminar
o norte!
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