domingo, 8 de outubro de 2017

Cidade Grande


CIDADE GRANDE

Elmar Carvalho

Dando (m)urros
no vazio
por causa da dor
                   da doidice
da vida
da vivida mediocridade
entre as ruas
                nuas sujas tristes
as ladras
     ladram como cães
e os cães
gemem como homens.
Na (c)idade
do lobo
o lobo-homem
é o lobisomem
      do homem.
Tudo é
ferro feio (en)ferrujado
ferindo feridas
já abertas.
Na cidade
na cilada
das suas ruas
surgem (g)ritos
lavados em sangue
lavrados a ferro e fogo.
Soltam berros
soltam (b)urros
prendem os b’rros
que incomodam.
Na cidade grande
onde não existe
pôr-de-sol
o homem gira e pira
       sem (gira)sol
       sem (guarda)sol.    

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