A partida
Francisco Miguel de Moura (1933)
Na partida os adeuses, gume e corte
dos prazeres do amor, quanto tormento!
Cada qual que demonstre quanto é forte,
lábios secos mordendo o sentimento.
Do ser brotam soluços a toda hora,
as faces no calor do perdimento,
olhos no chão, no ar, por dentro e fora,
pedem aos céus a força e o alimento.
Ninguém vai, ninguém fica: se reparte
no transporte que liga e que desliga,
confusão de saber quem fica ou parte.
Não se explica tamanha intensidade
amarga e doce, e errante, que interliga
os corações perdidos na saudade.
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