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As
mentiras sobre o azeite de coco e a campanha política no Brasil
Pádua Marques
Jornalista e escritor
Andava eu escacaviando
ontem na internet e me veio notícia de que uma epidemiologista alemã de nome
Karin Michel, presidente de um tal de Instituto
para a Prevenção e Epidemiologia de Tumores, na Universidade de Freiburg e
pesquisadora da Universidade de Harvard que andou descobrindo coisas horríveis
sobre o nosso tão querido e gostoso óleo de coco. Disse poucas e boas.
Disse pra uma pá de gente
pelo mundo que o óleo de coco é mais perigoso que a banha porque contém quase
que exclusivamente ácidos graxos saturados que aumentam os níveis de
colesterol, o bom e o ruim, o que pode entupir as artérias. Portanto, na
opinião dela, o óleo de coco é um veneno. Quem sou eu que não sou médico nem nada
pra discutir com tão alta autoridade?
Óleo de coco. Sim, aquele
mesmo que até outro dia era usado e abusado na nossa cozinha, agora passou a
ser espinho de garganta! Qual é o filho de Deus aqui no Nordeste que não
conhece? Qual é o cristão aqui em cima da terra que já morreu porque havera de
ter comido um capitão de feijão temperado com azeite de coco, uma manjubinha
frita, um mandi, um feijão verde, me diga? Conversa mais besta essa, dizer agora
que azeite de coco causa alguma doença!
Desde que me entendo por
gente, e quando e quando ainda não tinha por aqui esse tal de óleo de soja, que
no interior, aqui do Bom Princípio, Cocal, Buriti dos Lopes, Marruás, Brejinho,
que se tempera comida com azeite de coco ou banha de porco. E vem um e diz uma
coisa e vem outro e desmente ou acrescenta mais! E em quem se pode acreditar
numa hora dessas, meu Deus do Céu! Aonde é que inventaram mais essa, botando
culpa no azeite de coco?
Azeite de coco que servia
até pra passar no cabelo das meninas. A gente via no final de tarde nas portas
das casas, as mães sentadas com as filhas menores entre as pernas, catando
piolho. E aquele pente fino ia tirando os piolhos e as lêndeas que iam caindo
aos montes num pano encardido. Horas e mais horas naquela arrumação besta na
porta de casa. Uma coisa sem fim. Se pegava piolho que nem nuvem. Depois vinha
o banho de azeite de coco. Shampoo era coisa de astronauta!
Aquelas meninas com
olhinhos de bribas, reclamando às vezes de algum puxão mais duro. Era ocasião
pra duas, três mulheres ficarem na porta de casa falando da vida alheia ou
delas próprias. Se pabulando disso ou daquilo. Estava ali mais uma serventia do
azeite de coco. E a mãe ali, matando piolho com aquela sensação de pegador de
jacaré, com aquela faca no cós da calça, pronto pra rasgar a goela do bicho.
Tudo assim sem pestanejar
e sem muita conversa. Depois o jacaré ia ferver na panela ou frito com azeite
de coco. Agora mais essa de dizer que faz mal. Faz mal e muito é neste tempo de
pouca confiança os políticos andarem na rua prometendo isso e aquilo. Dizendo
que vão fazer porto, ponte, dar luz e água de graça, escola, aumento de salário
pra professor e hospital de primeiro mundo. Isso é que faz mal. Queria ver era
essa pesquisadora subir no coqueiro e ir derrubando coco pra tirar azeite.
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