quinta-feira, 4 de outubro de 2018

LABIRINTO TINTO DE SANGUE


Fonte: Google

LABIRINTO TINTO DE SANGUE 

Elmar Carvalho

Faço um poema
com o sangue ardente
das nascentes de meus dedos:
vertentes de medos e degredos.
Os versos são fios de esperança
que saem de palpos de estranhas aranhas
construindo labirintos em arabescos
tintos de sangue nos afrescos.
Ariadne recolhe o fio
e Teseu surge intacto
com a espada embebida
do sangue do Minotauro que traz
no peito a rosa sangrenta da ferida.
Com esse fio
Penélope tece e destece
um longo manto ensopado
de pranto e quebranto
e se amortalha das dores
de amor de que padece
– amor que lhe pasta e apetece.
O que conclui desfaz peça por peça
e interminavelmente recomeça.   

2 comentários:

  1. Chico Acoram Araújo4 de outubro de 2018 às 16:12

    Dr. Elmar,

    Esse belo poema, de sua lavra, foi escrito recentemente?

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  2. Caro Acoram,
    Esse poema já consta na primeira edição de Rosa dos Ventos Gerais (APL/UFPI, 1996). Portanto, ele é de 1996 ou de data anterior. Tenho vaga lembrança que ele ainda deva ser da década de 1980.
    Estimo, conforme você já me disse pessoalmente, que você goste de muitos de meus poemas antigos.
    Abraço,
    Elmar

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