sexta-feira, 9 de novembro de 2018

OS QUE OUSAM PENSAR QUE SABEM MAIS DO QUE QUEM OS CRIOU




OS QUE OUSAM PENSAR QUE SABEM MAIS DO QUE QUEM OS CRIOU

Antônio Francisco Sousa 
Auditor Fiscal (afcsousa01@hotmail.com)

                Estudo patrocinado pelo British Medical Journal descobriu algo que, senão todos os homens, pelo menos, os crentes, achavam que somente Deus, o Criador Todo-Poderoso, a Natureza, sabia: quanto tempo dura a vida do ser humano. Chegaram à conclusão aqueles curiosos estudiosos colaboradores do periódico que ela teria quinze minutos a mais para cada pedaço de salsicha que o indivíduo haja deixado de levar ao estômago – uma peça da iguaria, em média, pesa cinquenta e cinco gramas -; ou um ano a menos para aqueles que deixarem de ingerir duas ou três xícaras de café, diariamente.

                Não saberia dizer se deram por encerradas as perquirições a respeito do número de estrelas que existem no firmamento. Falam, ou melhor, estimam, que somente na nossa via láctea, deveria haver entre cem e duzentos bilhões delas; calculam, ainda, que existiriam centenas de bilhões de galáxias. Como o número parece inconcluso, levando em consideração que milhões delas morreram e outras tantas nasceram, desde a última estimativa, arriscar-me-ia a dizer, sei lá se contrariando os mais entendidos, ou metidos a entendidos no assunto, que elas somariam um trilhão, duzentos e dez bilhões, noventa e um milhões e cento e seis, ou melhor, cento e sete mil unidades estelares. Aos que não acreditam no número anunciado, recomendaria sugestão a mim feita por alguém que, ironicamente, apontou quantidade diferente da minha: em caso de desconfiança, disse-me ele, somente haveria uma forma de dirimir todas as dúvidas e decretar a solução: contá-las, uma a uma.

                Por vezes, a gente percebe que, ou algumas pessoas imaginam dispor de mais tempo de vida que outras, o que lhes permite perder muito dele com ociosidade, divagações entre nada e coisa nenhuma, ou pensam que somos tão tolos, bobos ou idiotas, a ponto de acreditarmos em tudo que falam ou escrevem, porque seria fruto de labor intelectual dos mesmos, e não de meros devaneios ocasionais.

Ninguém sabe quanto tempo de vida lhe foi outorgado ou concedido pelo Criador, tomando, ou não, café, comendo ou não deliciosa e apetitosa salsicha. Quem delegara tanta autoridade a esses curiosos que se arvoram mais sábios do que quem os criou? A propósito, como teria chegado à conclusão de que o número de estrelas seria aquele por mim citado ali em cima, alguém poderia questionar. Responder-lhe-ia que, partindo de pressuposto semelhante ao de que pretensos estudiosos, mentirosos, falaciosos ou ficcionistas se valem: especulação. Ora, se admitem que o número delas não é infinito, tampouco precisam sua exatidão, por que estaria errado e eles que, como eu, não se meteram a contá-las, certos? Obviamente, não teriam feito a contagem da quantidade delas adotando regras e conhecimentos técnicos e matemáticos utilizados por engenheiros ou bombeiros para calcular o número de indivíduos que determinada área comporta; até porque, por mais que especulem, é impossível saber a área do cosmos e dos demais corpos celestes, o que inclui as estrelas.

                Se, de fato, soubesse quantos anos, dias, horas e minutos de vida me fornecera o Criador, poderia, caso quisesse, administrar o tempo que pretenderia ficar sobre a superfície terrestre, utilizando-me dos ensinamentos e descobertas de insignes estudiosos: comendo as salsichas que julgasse interessante e contrabalançando as perdas ingerindo a quantidade de café necessária para compensar os minutos perdidos com a guloseima proteica, gordurosa e sódica, até que chegasse a uma quantidade que me deixasse satisfeito e pronto para ingressar no mundo dos mortos, ir em busca da minha estrela.

                Sabem tão pouco esses que ousam pensar saber mais do que quem os criou, que amanhã ou, logo mais, suas conclusões “metacientíficas”, sequer, terão o valor de um bom recheio de salsicha ou de um péssimo café requentado.   

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