sexta-feira, 13 de setembro de 2019

A Zona Planetária - Mercúrio

Fonte: Google


A ZONA PLANETÁRIA - MERCÚRIO

Elmar Carvalho

Poema épico moderno, inspirado no meretrício Zona Planetária, de Campo Maior, em que procurei mesclar a mitologia greco-romana, a astronomia e a sociologia dos cabarés. Na Zona Planetária cada um dos lupanares ostentava na fachada o nome e a imagem de cada um dos planetas, entre os quais Saturno e seus anéis. Irei, no blog, publicando cada uma das dez unidades desse relativamente longo poema.

           MERCÚRIO

Deus, dos deuses mensageiro
e moleque de recado do Olimpo.
De baixa rotação em torno de seu eixo,
mas de alta velocidade ao redor de Hélio
e de alta rotatividade em suas
camas redondas e antecâmaras ardentes.
Profissional do amor e da malandragem
surrupiou a aljava de Cupido
usando o tridente roubado de Netuno.
Usurpador de trono, de Júpiter, seu
pai, o cetro ferétreo furtou.
Proscrito do céu pelos seus crimes
a ele retornou forçando suas barras.
Arauto predileto dos editos de Eros e de Baco,
pregoeiro primeiro do “é proibido proibir”,
instituiu as grandes orgias
e as gigantescas bacanais.
Detentor do mágico caduceu em que
duas serpentes abraçadas nele se enroscavam,
em sinal de cura e reconciliação,
sob cujo poder legião de sádicos e masoquistas
da fúria fremente do sexo se apaziguavam.
Sob seu poder as hostes dos sátiros e das ninfas
e dos sacerdotes e das vestais
dos rituais de Masoch e de Sade
nos turbilhões do sexo se exauriam
e, novas Fênix, da exaustão o sexo retomavam.   

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