ABENÇOADO B-R-O-BRÓ
JOSÉ MARIA VASCONCELOS
CRONISTA, josemaria001@hotmail.com
Chega B-R-O-BRÓ, chega de chororô. Repórteres alarmistas
enxergam inferno nos 38 a 40 graus. Assemelham-se a profetas apocalípticos.
Deveriam difundir os benefícios que a bendita estação nos proporciona. Gente de
regiões frias, residentes aqui, ressalta as virtudes de nosso calor. Repare:
“Frio é bom para
turistas, mas quem reside no Sul, prefere o clima do Nordeste, particularmente
do litoral” - afirma o gaúcho e pastor evangélico, Sérgio Campanelli.
Jesuíta e italiano já falecido, PADRE LUCIANO afirmou certa
vez: “Vocês precisam explorar os benefícios do calor”. Na Itália, há picos de
45 graus. Todo mundo se banha mais do que no rigoroso inverno.”
Gerente de importante empresa paranaense: “Tempo gelado
incomoda até quem se senta no sifão. Não há agasalho que resista. Aqui, vocês
enfrentam estiagem; lá, as geadas queimam a pele e as plantações”.
É preciso tirar
proveito do calor, estação sazonal da manga, caju (cajuína), abacaxi, mamão...
Bebe-se mais água, que elimina radicais livres, toxinas, excessos de sais e
açúcares no sangue, previne cáuculos. Hábitos que prometem longevidade.
Em tempo de
estiagem, consegue-se produção agrícola com moderna tecnologia de gotejamento.
Cadê minhas favas? Estou colhendo-as em pleno B-R-O-BRÓ, com irrigação por
gotejamento. Aprendi a técnica quando visitei Israel. Meio a plantações, suor,
prazeres que não encontro em academia. Deliciosas favas, caras e disputadas no
mercado, cozidas (prefiro as verdes) com arroz, cheiro verde e azeite de coco.
Seduzido pelo fácil manejo, sem pragas e predadores, o agrônomo Bartolomeu
resolveu seguir-me a lição, cumprindo a parábola do bom semeador.
Piauí, solo
fértil, aquíferos e mananciais; mais abundante, só o chororô e cuia na mão,
avidez de verbas públicas, sabe Deus com que intenções.
Todas as manhãs,
generosos ventos frescos invadem Teresina. À tarde, a canícula dispara, até
primeiras horas da noite. Mas aquele ventinho das dez... Antigamente, pessoas
sentavam-se à porta das casas, esticavam o papo, aguardando a brisa relaxante,
ao brilho do luar. Na zona rural, ainda se conserva saudável hábito. Na
capital, porém, muita gente se deleita na cerveja estupidamente gelada.
Edênica CIDADE
VERDE, quente como a terra de JESUS, que bateu longo e belo papo com a
samaritana, à beira do poço, sedento e fatigado pelo calor do meio-dia (João,
4). Dois milênios antes, ABRAÃO e três mensageiros à sombra dos carvalhos de
MAMBRÉ, “no maior calor do dia”, confraternizavam-se com carne de cordeiro e
promessa de futuro filho, sem maldição das safadezas sodomitas (Gênesis, 18).
Teresinenses confraternizam-se à sombra das árvores ou balneários, em finais de
semana.
Lamentar B-R-O-BRÓ, eu, hein?! Sem bendito calor, faltar-me-ia
a suculenta manga, caju, cajuína, mil frutas, de dar água na boca dos que não
se adaptam aos ciclos e mistérios da natureza.
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