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RESPEITEM O MACACAL (SÃO JOÃO)
José Maria Vasconcelos, cronista,
josemaria001@hotmail.com
Em 1970, a Zona Leste de Teresina
acabava no BALÃO DO SÃO CRISTÓVÃO. Seguia-se um fim de mundo de modestas casas,
raras residências nobres ao longo da inacabada AVENIDA KENNEDY, de mão única,
chão batido, ao norte.
Ricos do centro da capital sonhavam
atravessar a ponte do RIO POTI, morar no cobiçado e crescente JÓQUEI, construir
residência moderna, desfrutar fundos de quintais arborizados, friozinho
noturno, termômetro 20 à noite, privilegiados ricos. O JÓQUEI logo se estendeu
para a região de FÁTIMA e RIVER, e a valorização imobiliária disparou.
Em homenagem à simpática GUADALAJARA
mexicana, que torceu pelo BRASIL NA COPA DE 70, ergueu-se belo conjunto
residencial de mesmo nome, no prolongamento do RÍVER.
À direita de toda a modesta AVENIDA
JOÃO XXIII, só mão dupla e calçamento, estendia-se imensa floresta de babaçu e
matas, até confins da atual PONTE WALL FERRAZ ao RECANTO das PALMEIRAS. Região
úmida, mananciais pantanosos, frio intenso à noite, macacos divertiam-se,
gritando, quebrando coco e o silêncio da mata. Pouca gente cobiçava um lote na
imensa extensão daquelas terras úmidas e férteis. Baratíssimos. Dez vezes
menos, comparados aos do lado direito da JOÃO XIII. Pior, o futuro BAIRRO SÃO
JOÃO, estigmatizado de MACACAL. Ganhando meus primeiros salários de modesto
professor, arrisquei em cinco lotes, sabendo que, um dia, valeriam fortuna.
Dito e feito. Lá meu recanto e vida.
A arquidiocese de Teresina dispunha de
extensa gleba na região próxima ao atual CLUBE ELDORADO. DOM AVELAR BRANDÃO
VILELA dedicava-se às questões da exclusão social. O prelado dividiu a terra
com os pobres e reservou uma porção para construção do templo de SÃO JOÃO
BATISTA, a cargo das freiras de SANTA
CATARINA. Fundava-se, em 1973, a Paróquia JOÃO XXIII, constituída de modesta
comunidade, sem infraestrutura, isolada da ambição imobiliária. À noite, a
fumaça carvoeira de fundos de quintais infernizava a região.
Desdenhava-se o BAIRRO SÃO JOÃO de
MACACAL. “Zé Maria, você reside no MACACAL?!” Referência aos símios que
habitavam a floresta. Imobiliárias descobriam que valia a pena vender lotes
naquela região. Invejaram-me? Ora, eu já adquirira onze lotes!
Diariamente, músicas sacras e
bucólicas da amplificadora da igreja despertavam a comunidade. Não se ouvem
mais românticas melodias nem se respira certa tranquilidade e interação
comunitária, sob a liderança do pároco PADRE CARLITO. Macacos me mordam, se um
dia eu me separar do BAIRRO SÃO JOÃO. Sempre preservado de MACACAL.
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