segunda-feira, 6 de abril de 2020

POEMITOS DA PARNAÍBA


POEMITOS DA PARNAÍBA

Elmar Carvalho



17.           Pacamão

– Eu sou um monumento
anatômico e biotônico
onde a lenda se mistura com a realidade;
onde o homem se confunde com o mito.
E neste instante, sinto-me
forte como um elefante!
– Cadê a tromba? – perguntou um gaiato.
– Está aqui – retrucou Paca/mão na braguilha.
Pacamão: pacamônicos folclores
de ditos repetidos pela boca
do povo – arma de repetição
deflagrando gargalhadas.



18.           Expedito Maciel

Enchia galões de gasolina
até a borda de cerveja
para beber e banhar.
Comprava defuntos frescos
para fazer o enterro.
O caixão seguia de carroça,
enquanto a banda tocava
por entre goles de aguardente.
Acendia charutos cubanos
com cédulas de cinco mil réis.
Dirigia carro importado dos EUA
vestido com roupa de estopa
de saco de açúcar.
Expedito Maciel,
Howard Hughes da Parnaíba,
milionário e excêntrico,
perdulário e esquizofrênico,
filho pródigo de si mesmo.



19.           Luse

Sua saia rodada
sua saia rodando
era uma festa de
cores e folhas e flores
nas festas de que gostava.
Das pontas estelares de seus dedos
saltavam saltitantes valsas
pelos tec-tec teclados do piano.
Hoje ela estendeu um arame
nas pontas da lua nova,
colocou uma estrela e toc-toc
toca berimbau.



20.           Mário Reis

Vulgo Mário Bola, tinha
a graça de um tatu bola.
Orfeu de novos carnavais
carregava o encantamento
dos sopros (marítimos) que
transformava em música em
sua gaita – caixa de mágico som.
Entre a música e a fofoca
uma piada de recheio.

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