A VIDA INTELECTUAL DO PIAUÍ
Valério Chaves
Des. Inativo do TJPI
Toda vez que falamos ou escrevemos alguma
coisa sobre academias de letras, livros, escritores e poetas piauienses
imortalizados, a partir de relatos literários e historiográficos, nos
possibilita tirar do esquecimento muitas figuras que honraram a inteligência do
Piauí, e que em sua trajetória de vida souberam transmitir às gerações que lhes
sucederam, exemplos de sabedoria e abnegada vocação de nobreza nas biografias
com que firmaram suas personalidades.
Muitos piauienses ilustres, embora
tenham se destacado no cenário nacional pelo seu valor intelectual e destacada
atuação nas diversas áreas do saber, permanecem na obscuridade, as vezes
lembradas pelo nome de uma rua ou de um logradouro público de Teresina, ou de
alguma cidade do interior do Estado.
Sabemos
que a vida dos homens que se dedicam às letras e ao cultivo da sensibilidade
humana é construída com a imagem do seu tempo e a sua oferenda, tecendo o fio
insensível de cada instante dentro do cenário grandioso da vida. O
desembargador piauiense Cristino Castelo Branco (1892-1983) – um sonhador que
na sua época vivenciou a intelectualidade do nosso Estado e sempre esteve
empenhado no aprendizado da vida - dizia que “Na história de cada homem há um
rastro de luz a lhe aclarar os caminhos.
Humberto de
Campos, Odylo Costa, filho, e Alberto da Costa e Silva foram exemplo de homens
ilustres aos olhos de seus contemporâneos e das gerações futuras porque não
deixaram sair da sagrada existência da imortalidade o sentimento de amor à
terra mafrense - aquele amor que invadiu Odylo Costa, filho, que ao escrever “A
Faca e o Rio” disse ser maranhense, mas ter um lado do coração no Piauí.
Nesse
contexto, não podemos esquecer que no advento do século XX muitas
personalidades e intelectuais como o poeta Felix Pacheco notadamente pela
coerência e pelas convicções, vivenciaram o Piauí na Academia Brasileira de
Letras ao espaço de vanguarda e liderança que marcou a vida dessa instituição –
“iniciada por um moço e completada por moços” como afirmou Machado de Assis ao
empossar-se como seu primeiro presidente em 1896.
É importante
destacar que a vida intelectual do Piauí no começo do século XX, girava tão
somente em torno de nomes como Higino Cunha, Clodoaldo Freitas e Abdias Neves,
por suas múltiplas produções culturais. Na sucessão de acadêmicos piauienses
dedicados ao ofício da criação literária e que ocuparam merecidamente cadeira
no “Petit Trianon”, no Rio de Janeiro, há nomes que permaneceram além do tempo
como por exemplo: José Felix Pacheco (1913), Deolindo Augusto de Nunes Couto
(1963), Carlos Castelo Branco (1982) e Evandro Cavalcanti Lins e Silva (1998).
Detalhe: todos eram filhos de magistrados que continuam até hoje como objeto do
nosso culto, honram a nossa existência e guardam a proteção dos nossos ideais.
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