A ERA DA ELETRICIDADE - Parte I
Celson Chaves
Professor, escritor e historiador
AS USINAS ELÉTRICAS MUNICIPAIS:
de 1932 a 1970.
A primeira Usina Elétrica de
Campo Maior foi inaugurada, em 03 de janeiro de 1932, pelo prefeito nomeado
Francisco Alves Cavalcante, conhecido popularmente pela alcunha de coronel
Chico Alves, com a presença do Interventor Federal Landri Sales Gonçalves e
outras autoridades municipais e estaduais.
A Usina Elétrica Municipal 04 de Outubro, denominação oficial da empresa fornecedora de energia, possuía um gerador de baixa potência. O combustível usado para geração de energia foi à queima de lenha, depois passou a ser o óleo diesel. A extensão da rede elétrica era curta. Os postes de luz continuavam de madeira. Alguns da época dos antigos lampiões.
Usina Elétrica Municipal “04 de Outubro” -1932.
A fonte de iluminação pública mudou dos lampiões para a energia elétrica. Contudo, os problemas do setor permaneciam. Não havia regularidade no fornecimento de luz. A cidade convivia com os apagões. O abastecimento de luz não durava a noite toda. Funcionava das 18 às 23 horas. Por conta disso, a vida noturna na cidade era limitada, prejudicada.
Maquinário da Usina Elétrica Municipal 04 de
Outubro.
Por meio do decreto-lei nº 07 de
30 de junho de 1942, o prefeito Raimundo Ney Baumann, abriu um credito especial
no valor de Cr$ 224.840.000 para construção da nova Usina Elétrica Getúlio
Vargas. No ano seguinte, o mesmo prefeito destinou mais duzentos mil cruzeiros
(decreto-lei nº32 de 25 de fevereiro de 1943) para a conclusão da referida
obra. Contudo, a segunda Usina Municipal de Campo Maior foi inaugurada na
gestão do prefeito Acendino Pinto Aragão.
No mês de novembro de 1944, houve
um incêndio na Usina Getúlio Vargas provocado pelo “excessivo aquecimento das
caldeiras e sua muito próxima colocação do assoalho de madeira já sobremodo
ressequido”. O prefeito Edgar Miranda encarregou-se da reconstrução da Usina em
1945. Segundo ele a Usina ficou bastante danificada após o incêndio: “o fogo,
apesar de devido às providências tomadas no momento, não ter atingindo às
máquinas, atingira, entretanto a todo o pavimento central do prédio, deixando-o
sem teto, portas, janelas, revestimento das paredes e até partes destas”. Foram
gastos na recuperação do edifício Cr$ 11.817,30.
A Usina Elétrica Municipal
Getúlio Vargas, mesmo com geradores mais potentes que da antiga Usina 04 de
Outubro, não conseguiu resolver o velho problema da falta e da distribuição de
energia elétrica em Campo Maior. O prefeito Waldeck Bona, em 1948, abriu
concorrência pública para aquisição de máquinas e todo o material necessário
para restabelecer o serviço de fornecimento elétrico. A rede de distribuição
era pequena e deficiente, enquanto o consumo de energia só aumentava. Em 30 de
julho de 1950, o prefeito Ivon Pacheco tentou organizar o serviço de iluminação
pública da seguinte forma: um mecânico (chefe do departamento), três
eletricistas e um vigia. Ivon Pacheco também pôs à venda a “maquinaria velha da
Usina Elétrica”.
Em 1940, o gasto com a produção de energia foi de 123.600,00. Na década de 1950, a despesa da prefeitura no setor elétrico aumentou de forma assustadora. No ano de 1955, consumiu-se a cifra de Cr$222. 600,00. A prefeitura tomava empréstimos e usava parte de repasses financeiros do governo estadual e federal para manter o setor funcionando. Em 1956, o gasto saltou para Cr$ 402.245.60. As despesas centrava-se na compra de combustível (óleo diesel), lubrificantes, lâmpadas, concertos e serviços na rede elétrica. No ano seguinte (1957), foi utilizado Cr$ 452.245.60. Os dispêndios com energia oscilava entre a terceira e o quarto maior custo orçamentário do município. De 1960 a 1965, as despesas com a produção de energia saltaram de Cr$1.461. 946.00 para Cr$13.056.640.00. Crescimento assustador.
Além da iluminação pública, o prefeito José Olímpio da Paz, por meio da lei nº 493 de 16 de gosto de 1962, resolve fornecer energia gratuitamente a entidades educacionais particulares como o Ginásio Santo Antônio e o grupo escolar Vilagran Cabrita. Sem o auxílio da prefeitura era praticamente inviável para essas instituições particulares manter o ensino noturno.
Sede da Usina Elétrica Municipal
Getúlio Vargas, depois quartel e delegacia de Campo Maior. Hoje o prédio
encontra-se abandonado. Cruzamento das ruas coronel Antônio Maria Eulálio Filho
com a capitão Manoel Oliveira.
Foram estabelecidas as primeiras
taxas municipais de energia para bancar as despesas do setor. O tributo foi
aumentado algumas vezes. O custo de manutenção era alto. Em 1952, Maria Gondim
Uchoa fez uma petição direcionada a Câmara contra a cobrança excessiva da taxa
de energia elétrica. A moradora argumentava que possuía apenas um rádio como
eletrodoméstico. A taxa era fixa, não existia contador. Grande parte da energia
gerada pelas Usinas Municipais destinavam-se para iluminação pública, enquanto
o consumo residencial ficava limitadíssimo.
O deputado federal Demerval Lobão sugeriu a Câmara Municipal um estudo para a privatização da Usina Elétrica Getúlio Vargas, em 1953. O prefeito José Olímpio da Paz tentou programar, em 13 de novembro de 1955, o serviço de “energia elétrica diurna”. Para isso buscou recurso junto ao Banco do Nordeste. Por meio da lei de nº 398 de maio de 1959, José Olímpio da Paz conseguiu contrair um empréstimo de 8 milhões de cruzeiros para ser aplicada na compra de um gerador capaz de suprir a demanda crescente da época e reformar toda a extensão da velha rede elétrica, boa parte ainda do tempo da antiga Usina 04 de Outubro. José Olímpio da Paz foi o último prefeito antes da chegada da energia elétrica fornecida pelos potentes geradores da Usina Hidroelétrica de Boa Esperança, localizada entre os municípios de Guadalupe-PI e São João dos Patos-MA.
Foto da Avenida José Paulino. Em
destaque a antiga rede elétrica das Usinas Municipais (04 de Outubro e Getúlio
Vargas). O poste de madeira continuava sendo o principal suporte para suspensão
da fiação e iluminária. Vista do cruzamento da Avenida José Paulino com a rua
padre Manoel Félix.
As praças Bona Primo e Rui Barbosa receberam um tratamento especial dos gestores quanto à iluminação pública. As duas praças representava o centro comercial e administrativo da cidade. A maioria dos consumidores residia em torno das duas praças. A vida noturna era intensa nas proximidades da Bona Primo e Rui Barbosa por conta da concentração de bares, lanchonetes, hotéis, cinema e da própria Igreja Matriz de Santo Antônio. Geradores foram instalados nas proximidades das praças para reforçar o fornecimento de energia nos dois principais points da cidade.
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