FUGA AO PASSADO
Elmar Carvalho
Uma da tarde. O apito da
Moraes
estridula no ar. Emocionado
sinto como se o tempo
houvesse parado
e eu me encontrasse ainda
preso às âncoras do
passado.
O apito me deixa comovido
e eu não sou mais eu
mas alguém que já fui e que
no esquecimento se deixa
escondido.
E aquele tempo perdido
inverte a rota da ampulheta
e retorna intacto como se
jamais
deixasse de ter existido.
E o tempo se embaralha
sem passado, sem futuro e
sem presente
e as recordações comovem tanto
que a própria alma de tanto
sentir não se sente
e evola para um tempo
sepulto pela areia da ampulheta.
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