quarta-feira, 31 de março de 2021

A título de posfácio

 


DIÁRIO

[A título de posfácio]

Elmar Carvalho

31/03/2021

Quando a pandemia foi dada como já estabelecida no Brasil, tomei a decisão de tentar manter a deliberação que havia tomado quando me aposentei na magistratura estadual, em 20 de dezembro de 2014, com mais de 39 anos de serviço público e 17 de atividade judicante, qual seja, diminuir meu horário diante da televisão, diversificar meus interesses e atividades culturais e outras, dar continuidade às postagens em meu blog, e prosseguir em minhas caminhadas na Avenida Raul Lopes.

Portanto, com o advento da pandemia mantive essa situação, menos a parte da caminhada, até porque ficou proibida no local em que eu a praticava. Posteriormente, passei a fazê-la na quadra de nosso condomínio. A outra coisa com que me preocupei, e para isso fazia as minhas orações e leituras de edificação espiritual, foi trabalhar a minha mente, no sentido de não me contaminar por tristeza e depressão, inclusive com o objetivo de não transmitir a familiares e outras pessoas eventuais negativismos.

Por conseguinte, continuei a ler, a escrever, sobretudo crônicas, a ver meus filmes pela Netflix e pela Prime/MGM. Como disse, reduzi o período em que assistia aos noticiários televisivos, para que me sobrasse mais tempo para as minhas atividades intelectuais e literárias. Ainda no início da pandemia, mais precisamente no dia 20/03/2020, resolvi iniciar o meu “Diário em tempos de pandemia”, que por conseguinte completou mais de ano. Vem sendo publicado como uma espécie de folhetim internético, mas pretendo publicá-lo no formato impresso, quando cessar estes dias sombrios.

Devo dizer que este meu Diário, a exemplo do “Diário Incontínuo”, que mantive por mais de seis anos, não se destinava a registros de “abobrinhas”, de fatos vulgares do cotidiano ou quaisquer outras banalidades. Na verdade, o meu objetivo era nele publicar textos, mormente crônicas, que pudessem ter algum valor literário. Essas matérias deveriam ser suscitadas por leituras, conversas, lembranças ou mesmo algum fato que eu julgasse interessante, seja pela jocosidade, pela estranheza ou pela importância cultural ou histórica, que pudesse ter. Algumas notas foram originadas de mensagens de WhatsApp, que recebi ou enviei. Em duas ou três oportunidades fiz uma montagem delas. Procurei escrever um, dois ou três textos a cada sete dias; no mínimo um foi a minha meta, que eventualmente pode ter sido quebrada por algum motivo alheio à minha vontade.  

Assim, esse livro diarístico contém crônicas puras e as crônicas que denomino de memorialísticas e/ou ensaísticas, além das que abrigam críticas ou comentários literários. Em muitos desses textos comentei livros, assuntos culturais e até mesmo fatos históricos. Como não quis elaborar um simples diário, devo dizer que em algumas destas páginas publiquei contos, microcontos e poema, feitos nestes tempos pandêmicos. Alguns foram suscitados por sonhos. De forma que, bem ou mal comparando, este volume é um bazar de variedades ou um baú de guardados, e de espantos e surpresas.

Ao longo desse mais de ano de distanciamento social, participei de várias reuniões e palestras virtuais. Quase todas foram publicadas no You Tube. Muitos desses eventos virtuais considero tenham sido importantes, tanto que os reduzi a textos, e os publiquei nestas páginas diarísticas. Entre eles cito apenas estes: as reuniões da APL em que discutimos o ensino de literatura piauiense nas escolas, importante conquista da gestão do presidente Zózimo Tavares; a que teve como tema a cidade de Teresina, em comemoração a seu aniversário; a em que discutimos a conservação do pouco que ainda resta do Meduna; Chá das 5 (TV Nestante/APL), em que palestrei sobre a Oficina Literária da APL; e as várias lives promovidas pelo confrade Dílson Lages Monteiro, através de seu site Entretextos, referentes às comemorações dos 179/180 anos em que Barras passou à categoria de vila; Leituras Compartilhadas de Rosa dos Ventos Gerais, livro de minha autoria; a que tematizava a Esperança e uma que abordava as gerações literárias contemporâneas de Parnaíba (em que houve a participação dos poetas e escritores Claucio Ciarlini e Jailson Júnior).

Posso dizer, e este Diário é um retrato e uma prova disso, de que estive bastante ativo até este momento, em que as vacinas já começam a ser aplicadas, embora de uma forma muito lenta. Essa lentidão concorre para que o cenário atual seja o de aumento elevado no número de mortes e de infecções; estas, muitas vezes, deixam sequelas graves, que perduram por muito tempo.

Creio que a pandemia não foi uma praga lançada por Deus, por causa dos abusos cometidos pela humanidade nos dias de hoje, como excessos no consumismo, na busca desvairada por riquezas, prazeres, sejam sexuais, gastronômicos, etílicos ou proporcionados por substâncias químicas, etc., fora os grandes crimes e pecados que se cometem a todo momento, inclusive contra o meio-ambiente. Dessa forma, entendo que o homem apenas está tendo o retorno de tudo quanto vem praticando de errado, ao infringir as leis naturais e as de Deus, inclusive com certos experimentos e indústrias, nem sempre éticos, como fabricação de armas químicas e biológicas. Cabe a cada um de nós refletirmos e nos corrigirmos. Não precisa de nenhum sacrifício, basta que sigamos a Lei de Ouro, deixada há dois mil anos por Jesus Cristo.

Contudo, mantive a Fé e a Esperança. Tenho Fé e Esperança em Deus de que a covid-19 será vencida, com o surgimento de outras vacinas e medicamentos mais eficazes. Reconstituindo o que disse na live sobre a Esperança, lembro que no portão de entrada do inferno dantesco se vê o terrível e acabrunhante letreiro: “Lasciata ogni speranza, voi ch’ entrate”. Deixai toda a esperança, ó vós que entrais.

Mas com toda Fé e Esperança que mantenho e tento manter todo dia, através de livros de edificação moral e espiritual e mormente através de orações, eu ouso afirmar que não perdemos a Esperança ao entrar no inferno, mas que o inferno é a própria perda da Esperança. Assim, exorto, persistamos, e mantenhamos a Fé e a Esperança.    

6 comentários:

  1. ...Mas com toda Fé e Esperança que mantenho e tento manter todo dia, através de livros de edificação moral e espiritual e mormente através de orações, eu ouso afirmar que não perdemos a Esperança ao entrar no inferno, mas que o inferno é a própria perda da Esperança. Assim, exorto, persistamos, e mantenhamos a Fé e a Esperança...

    Parabéns pelas reflexões!

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  2. Parabéns poeta pela excelente reflexão e registro. Vá em frente com seu diário e sua saúde mental.

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  3. Semeador de esperança, você colhe e colherá abundância. Assim tem sido; assim será!

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  4. Parabéns, poeta, pela forma produtiva com que tem utilizado seu tempo nestes tempos de pandemia. Produtivo, não no sentido que o mundo concebe, mas no sentido profundo que leva em conta o crescimento espiritual e a convivência fraterna e frutífera, pelo aprimoramento da fé e segundo os ensinamentos de Nosso senhor Jesus Cristo

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  5. Pensar e buscar a harmonia já é um bom começo. Desejo-lhe caminhada longa e laborativa. Gosto dos seus textos.

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