domingo, 12 de setembro de 2021

NOTURNO EM DOR MAIOR



NOTURNO EM DOR MAIOR


Elmar Carvalho

 

na noite ca’lad(r)a

        um cão ladra

        sem resposta

um galo canta

sem o eco doutro galo

um vaga-

lume vaga

sem lume

vaga-

            rosa/mente

            demente

na noite vaga

uma ave

noctívaga

navega

na vaga

do m’ar sem movimentos

nos cataventos

      sem ventos

e de mirantes

        sem mira/gens

a morte espreita

nos olhos vidrados

do enforcado.  


Li atentamente o poema do confrade Elmar.


Um sentimento de profundidade e pesar assolou o meu coração, pareceu que a solidão e o medo associaram-se em conluio para representarem o inimaginável vulto da morte. A leveza das imagens descritas confundiu a minha mente com o encanto da própria morte, a exemplo da obra do poeta Fernando Pessoa, a quem tenho a honra de ser homônimo.


Assustou-me o fato de a descrição soturna da morte ter me embevecido como estivesse se reportando a uma figura divina, quiçá, feminina!


A figura do ser notívago, aludida no verso 14, por certo, demonstra o meu ver, corroborado, inclusive, 'pelos olhos vidrados do enforcado' assustadoramente envolventes!


Este é um poema assustadoramente belo!

Embora me reste apresentar-lhe cumprimentos pela obra, descobri a pequenez da palavra parabéns para significar o mérito da sua verve poética. Assim, vou repeti-la diversas vezes para reforçar o seu significado.

Parabéns, parabéns, parabéns, parabéns ...


Com um fraterno abraço,


Fernando de Sousa Rocha

Cadeira 32 da AMALPI

Observação: achei tão apropriado o comentário acima do Irm.: Fernando Rocha que resolvi publicá-lo imediatamente abaixo do poema.   

5 comentários:

  1. Li atentamente o poema do confrade Elmar.

    Um sentimento de profundidade e pesar assolou o meu coração, pareceu que a solidão e o medo associaram-se em conluio para representarem o inimaginável vulto da morte. A leveza das imagens descritas confundiu a minha mente com o encanto da própria morte, a exemplo da obra do poeta Fernando Pessoa, a quem tenho a honra de ser homônimo.

    Assustou-me o fato de a descrição soturna da morte ter me embevecido como estivesse se reportando a uma figura divina, quiçá, feminina!

    A figura do ser notívago, aludida no verso 14, por certo, demonstra o mer ver, corroborado, inclusive, 'pelos olhos vidrados do enforcado' assustadoramente envolventes!

    Este é um poema assustadoramente belo!
    Embora me reste apresentar-lhe cumprimentos pela obra, descobri a pequenez da palavra parabéns para significar o mérito da sua verve poética. Assim, vou repeti-la diversas vezes para reforçar o seu significado.
    Parabéns, parabéns, parabéns, parabéns ...

    Com um fraterno abraço,

    Fernando de Sousa Rocha
    Cadeira 32 da

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  2. Irmão, seu comentário foi tão pertinente e bem-feito, que o transportarei para o próprio blog, e o postarei abaixo do texto.

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  3. Li atentamente. Você se superou, arrasando. Belo é profundo.

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  4. Fiquei comovido com suas palavras generosas, caro amigo Chico Miguel. Abraço.

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