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A TRISTE PARTIDA DE “MALAQUIAS SORRISO”
Alcione Pessoa Lima
A paz e a tranquilidade dominavam um certo lugar. E quem ousava quebrar o silêncio? Nem os pássaros...! Tampouco um olhar, um sorriso, um gesto amigo, na tentativa de confortar uma alma angustiada. Nem mesmo a ameaça, o terror, nada o faria acordar.
De repente, uma palavra rude, uma insinuação irônica, daquelas que magoam pessoas sensíveis, fizeram-no lançar o olhar e, em um gesto de reprovação, balançar a cabeça, de maneira reprovativa, como a pedir respeito.
Naquele momento em que fotografava o silêncio, colhia pétala por pétala das flores que coloriram o seu caminho. E sem que desejasse, sentia a dor da morte, que o acenava, convidando-o para um passeio. Era a liberdade desejada.
De arreios e esporas uma besta lhe mostrava os dentes, convidando-o a uma cavalgada última, por um desfiladeiro, naquela despedida solitária de tudo quanto lhe foi valioso.
Por um momento, oscilante, vagueou por campos e prados, visitou a todos os amigos de jornada, tomou um gole de cachaça, revitalizou a alma, que insatisfeita não queria a separação. O corpo caindo aos pedaços não alcançava o espírito, que batia asas e planejava o voo, dispensando qualquer tipo de palpite ou modo de se conduzir.
E prostrado frente àquilo que achava ser sua grande realização, praguejou-se despido de qualquer escrúpulo, repetindo Goethe(Mefistófeles-Fausto): “De que serve o eterno criar, se a criação em nada acabar?” E foi-se assim, em um último suspiro, sem que deixasse para os que presenciaram a sua partida, um sorriso, gesto que o marcou por toda sua vida.
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