domingo, 29 de maio de 2022

EPIFANIA E REVELAÇÃO (*)

Fonte: Google

 

EPIFANIA E REVELAÇÃO (*)

 

Elmar Carvalho

 

Ouço ainda

Vinda da infância

A estática do motor do mundo

O som misterioso

E ondulado de micro-ondas

Que se expandia vibrando

No silêncio das madrugadas insones

Oriundo dos confins do tempo-universo

Vestígio vagido musical da explosão

Do átomo primacial.

 

Ouço a melodia

Dos discos dos monturos

Tocados pelos espinhos

Em tempos de ventania.

 

Escuto as vozes e gemidos

Das ranhuras das paredes

E dos cascalhos feridos.

 

Ouço o silêncio

Que sibila nos labirintos

E nos caracóis de meus ouvidos lacrados.

 

Nesse tempo eu via

Anjos nas paredes

Disfarçados em

Cilindros de pura luz

Que se contorciam

Como lagartas de fogo.

 

Um dia tive o êxtase

De minha epifania:

Anjo e irmão

Parente e aderente

Instantânea e simultânea-mente

Entrei na intimidade de todos

Os solares e casebres.

 

Foi apenas um vislumbre ubíquo

Que logo oblíquo se exauriu.

 

Te. 27/05/2022

 

(*) Após mais de ano sem produzir nenhum verso, eis que ontem (27/05/2022), logo após a meia-noite, elaborei este poema. Aliás, de alguns anos para cá, já quase nada produzo, nessa seara literária. Como já não alcanço o nível dos poemas que fiz, em meus melhores momentos, prefiro manter o silêncio; o silêncio que hoje prefiro exercitar como uma disciplina de aperfeiçoamento espiritual.    

10 comentários:

  1. O lastro de poemas publicados por você já o deixaram em aporte próprio de poeta notável.

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  2. Muito bem, poeta Elmar. Suas ondas sonoras continuam vibrando.
    Chico Miguel

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  3. Comovido lhes agradeço, estimados amigos.

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  4. Se for para silenciar por um tempo para lapidar poesia desse nível, repouse sua verve poética que nós seremos sempre gratificados com sua bela arte

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  5. Meu caro poeta Elmar, certa feita o amigo me falou que sua inspiração para fazer poesia tinha atingida a pedra. Na ocasião, eu falei que já havia furadeira moderna com broca de diamante que rompia a mais dura superfície. Agora vejo, que o amigo escreveu um belo poema. Parabéns.

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    1. Desculpa. Esqueci de me identificar. É o Chico Acoram. Um abraço.

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  6. É. Mas foi só uma minazinha que surgiu no "inverno". Kkkkkkkk.

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  7. Magnífico, poeta! Sua reclusão literária nós incomoda, todavia, sua (re)aparição poética nos encanta. Precisamos dela pra não amargar, nesses tempos tão estranhos.

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  8. Prezado amigo, como fico contente com suas estimulantes palavras.

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