PARNAÍBA – 311 ANOS DE EXISTÊNCIA
Vicente de Paula Araújo Silva
Historiador e escritor
Hoje, domingo, 05 de junho deste
ano de 2022, a nossa cidade inicia a semana que registrará algumas celebrações
alusivas à memória de 311 anos de sua historia, que teve início oficialmente em
11 de junho de 1711, quando foi autorizada pelo Bispado de São Luiz do
Maranhão, a construção de uma igreja que abrigaria um altar com a imagem de
Nossa Senhora de Mont Serrat. A partir dessa data, segundo o trâmite legal da
época, a Villa de Nossa Senhora de Monserrathe da Parnaíba passou a existir, e
dentro de um novo ordenamento político, em 1762, passou a ser Villa de São João
da Parnahiba e posteriormente, em 1844, foi elevada a condição de cidade com o
nome de Parnahiba, grafia atualizada no nosso tempo como Parnaíba.
A trajetória histórica e
comprobatória da criação da Villa de Nossa Senhora de Monserrathe da Parnaíba,
está explicitada a seguir :
CAPELA DE NOSSA SENHORA DE MONSERRATHE DA PARNAÍBA
311 ANOS DE EXISTÊNCIA EM 11 DE
JUNHO DE 2022
MARCO HISTÓRICO DA EXISTÊNCIA DA
VILLA DE NOSSA SENHORA DE MONSERRATHE DA PARNAÍBA DESDE 11 DE JUNHO DE 1711
Imagem original de N. S do Mont Serrat em porcelana que,
vinda de Portugal, encontra-se no altar da Igreja de Nossa
Senhora do Monte do Carmo,
localizada na Praça
Irmão Dantas, em Piracuruca –
Piauí.(Foto: Moraes Brito para o Jornal da Parnaíba)
Altar da Capela de N. S. do Mont Serrat, em Parnaíba, primeira padroeira de
Parnaíba, permanece com uma
réplica da imagem esculpida pelo parnaibano Charles Santeiro
(Foto: Moraes Brito para o Jornal
da Parnaíba)
Daí, o loco-tenente Fernão Carrilho, foi
autorizado pelo governador do Maranhão D. Manoel Rolim de Moura a povoar e
construir uma casa forte próxima ao Ceará, fato noticiado em 24/08/1702, que provocou manifestação do Conselho
Ultramarino, através de uma consulta a respeito desse evento, com data de 30 de
janeiro de 1703, a favor da administração através da Capitania do
Ceará[subalterna à Pernambuco], dando início ao avanço desta no litoral[Barra
do Coreaú-Barra do Igaraçu] que pertencia ao Maranhão, portanto era área
litorânea do atual Estado do Piauí. Ver
Doc. Maranhão: AHU_ACL_CU_009, Cx. 10, D.1055.
Após a submissão dos nativos na já chamada
Região da Parnahiba, os jesuítas da Ibiapaba, passaram a atuar com mais
continuidade no norte do atual estado do Piaui. Foi quando, o Padre Domingos Ferreira
Chaves, Prefeito das Missões do Ceará, solicitou em 11/03/1703, ao então
Capitão-Mor do Ceará – Jorge Barros Leite - 40 índios para vir em missão à
Parnahiba, conforme atesta o documento a seguir:
Após 1703, com a chegada à região da
Parnahiba, de João Gomes do Rego, preposto do Coronel Pedro Barbosa Leal,
titular de terras nas margens dos rios Parnahiba, Igarassu e Pirangy, e a
instalação de currais nas margens desses rios, incluindo o Longá,
potencializaram a criação de gado pronto para abate e ou apto para venda nas
praças de Pernambuco, Bahia e Pará. Os rebanhos eram tangidos para os seus
pontos de vendas, pelas rotas de gado em caminhos longínquos e, durante os
percursos em tempo duradouro, havia perdas de reses por extravios e mortes,
ocasionando consideráveis prejuízos financeiros.
Devido a essas dificuldades, João Gomes do Rego, preposto do
empreendedor baiano Pedro Barbosa Leal, na administração de suas fazendas,
iniciou timidamente a feitoria de salga da carne dos bois abatidos com o
aproveitamento da courama, na beira do rio Igaraçu, no lugar que passou a ser
conhecido como Arraial Novo.
Dai, em 1608, foi iniciado o processo para a
regularização de uma Villa, onde existia a feitoria, que, de acordo com as
normas da época, teria na sua composição: o donatário Cel. Pedro Barbosa Leal,
o Capitão-Mor João Gomes do Rego e um altar com a imagem de Nossa Senhora de
Monte Serrathe, santa de devoção do proprietário do lugar.
Seguindo os trâmites vigentes, a povoação teve
três momentos distintos na sua criação, após a posse de Pedro Barbosa Leal:
1: Villa Nova – quando foi
solicitada a patente de Capitão-Mor a João Gomes do Rego em 19/05/1708;
2: Villa de Nossa Senhora de
Monserrathe da Parnahiba – data da solicitação e autorização para a construção
da igreja em 11/06/1711;
3: Consolidação da Criação da
Villa - confirmação de João Gomes do Rego, como Capitão-Mor em 16/11/1711.
A data de 11 de junho de 1711,
quando foi autorizada a construção da Igreja de Nossa Senhora do Monserrathe, é
uma das Datas Magnas da Memória da Existência da Parnaíba, através da Lei
Municipal nº 2581, de 13 de agosto de 2010, sancionada pelo prefeito José
Hamilton Castelo Branco, descendente de José Lopes da Cruz I e Florência do
Monte Serrathe Castello Branco, esta um das filhas de João Gomes do Rego e
Maria do Monte Serrate Castello Branco.
Já neste século, em 11 de junho
de 2011, o Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Parnaíba – IHGGP,
apoiado pela administração municipal da época, promoveu ampla programação
alusiva aos 300 anos da memória da criação da Villa, que hoje é a cidade de
Parnaíba.
O documento (PT/TT/RGM/C/0007/48211. Registo
Geral de Mercês, Mercês de D. João V, liv. 7, f.541 v), publicados em primeira
mão pelo pesquisador Reginaldo Miranda e os apresentados a seguir, mostram a
parte legal dos fatos narrados:
LIVRO DE PROVISÕES DA SÉ EM SÃO
LUÍS (MA)
SOLICITAÇÃO DE JOÃO GOMES DO REGO PARA ERIGIR A IGREJA EM 1711
Documento solicitando licença para
erigir a Capela de Nossa Senhora de Monte Serrathe da Parnahiba, conservado no
Bispado de São Luiz, Maranhão:
O Coronel Pedro Barbosa Leal [...] senhor
da Vila Nova da Parnahiba [...] bastante [...] geral administrador [...] Rego,
que ele suplicante quer fundar na sua vila e bem assim [...] que ficava dentro
dos termos [...] portanto [...] pede a V. Mercê [...] seu Governador do Bispado
do Maranhão lhe faça [...] conceder [...] para poder erigir a dita igreja
Paroquial para [...] nomear Pároco dela, como também dos Curados [...]
receberem [...] concedemos licença ao suplicante para poder [...] Paróquia de
Nossa Senhora do Monte Serrathe [...] e dita Paróquia com todo o necessário de
fábricas e o [...] para a dita igreja, na forma do Sagrado Concílio
Tridentino.
São Luiz,11 de junho de 1711.
Barreiros
[Documento transcrito pelo Padre
Cláudio Melo].
AUTORIZAÇÃO PARA A CONSTRUÇÃO DA IGREJA
Diante o exposto, nesta semana, a comunidade parnaibana contando com o apoio de alguns órgãos ligados à cultura, estará participando de eventos, que culminarão no dia 11 [sábado], celebrando 311 anos de Memória da Existência da Parnaíba, a nossa invicta cidade, como gosta de dizer o nosso quase centenário Dr. Lauro Andrade Correia.
PHB, 05/06/2022 – Vic.
Nenhum comentário:
Postar um comentário