quinta-feira, 27 de outubro de 2022

A CHUVA

Fonte: Google


A CHUVA


Cícero Veras  


A noite cai negra e sombria

E no terreiro prepara uma fogueira

A viola num canto parada o dia inteiro

Agora se lança em cantoria

Um rasgo no céu clareia o mundo

É as primeiras gotas de esperança

Ninguém se importa se a fogueira apaga

Com a saraivada d’água fria

Ou se o sapo coaxa na estrebaria

Pois quando a chuva chega,

E o chão rachado encharca,

Nada pode conter tanta alegria!


O relâmpago anuncia o que viria

Nem se cogita parar a brincadeira

Cá dentro a luz de lamparina ou candeeiro

A viola dispara em sinfonia

O som das águas se ouve ao fundo

Um motivo a mais para a festança

Os dedos ágeis ao instrumento afaga

Corre solta a noite em alquimia

O sertanejo bravo festeja sua alforria

Pois quando a chuva chega,

E o chão rachado encharca,

Nada pode conter tanta alegria!


Aí quem me dera voltar um dia

Como quem canta a marcha derradeira 

Diz o sertanejo saudoso no sul forasteiro

Rasgando seu peito em agonia

Sonhando voltar àquele que é seu mundo

Nos dias de grande abastança

Dançar ao som dos pingos que se traga

Como se fosse uma grande fantasia

Descerrando o céu de uma noite fria

Pois quando a chuva chega,

E o chão rachado encharca,

Nada pode conter tanta alegria!


São Luis - 27/10/2022

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