TERESINA – 170 ANOS
Enéas Athanázio
A Capital piauiense completou 170
anos. É ainda uma cidade jovem, comparando-se com a maioria das demais.
Considerada a Cidade Verde, está situada à margem direita do Rio Parnaíba que
divide o Piauí do Maranhão. Situa-se no sertão nordestino, lembrando que
sertão, aqui para nós, é a floresta, o mato inceiro, enquanto por lá é a
caatinga, o semi-árido. Por tudo isso, é uma cidade de clima quente e seu calor
é a forma calorosa com que recebe os visitantes, com perdão da redundância. É a
única capital nordestina distante do litoral, foi pré-planejada e sucedeu a
Oeiras, no sul do Estado, a primeira capital. Tenho o prazer e a honra de
portar a Comenda Conselheiro Saraiva, o fundador da cidade, e o título de
Cidadão Honorário do Piauí. Estive lá muitas vezes e conquistei inúmeros
amigos.
Organizado pelo escritor e
fotógrafo Inácio Marinheiro, com a colaboração dos também fotógrafos Juscelino
Reis e Terceiro Matos, foi lançado o belíssimo livro-álbum “ Teresina – 170
Anos”, contendo belas imagens da cidade colhidas pelas lentes do trio. Foram
fixados os mais expressivos logradouros e os mais belos panoramas que enchem os
olhos do leitor. É admirável verificar como a cidade cresceu em todos os
sentidos e se desenvolveu com elegância à margem do caudaloso curso d’água que
a banha. Teresina está muito longe daquela que visitei pela primeira vez em 1970
e se apresenta moderna e movimentada. Como dizem os organizadores, a publicação
contém “verdadeiros cantos de louvor e exaltação à bela e acolhedora Cidade
Verde” nos poemas de autoria de inúmeros poetas piauienses de ontem e de hoje
que ilustram as imagens com seus inspirados versos. É, na verdade, uma
antologia ilustrada.
O prefácio é de autoria de Adrião
Neto, um dos mais profícuos homens de letras daquele Estado e que considero o
arauto do Piauí, tal o seu empenho na divulgação do Piauí e sua Capital. Ele
revela nesse breve texto o imenso serviço prestado por Inácio Marinheiro à sua
terra de adoção. Plínio da Silva Lopes, em pequeno ensaio, recorda o nascimento
de Teresina na confluência dos rios Parnaíba e Poty, cujas águas resistem e
tardam a se juntar. Era a Vila do Poty, na Chapada do Corisco. Lucia Ana de
Melo Silva contribui com uma crônica memorialista descortinando a Teresina de
outrora, nos idos de 1974. Outra crônica registra os efeitos da pandemia sobre
a cidade e seu povo, observando com olhar agudo as transformações impostas pela
doença. E, em seguida, tem início o deslumbrante desfile de todos ilustradas
por poemas das mais variadas correntes e estilos.
Entre os poetas publicados estão
Adrião Neto, Altevir Alencar. Barros Pinho, Cineas Santos, Domício Proença
Filho, Elmar Carvalho, Francisco Miguel de Moura, H. Dobal, Hardi Filho,
Francisca Lopes, Lisete Napoleão, Lucídio Freitaas, Nara Santos, Oliveira Neto,
Paulo José Cunha, Raisa de Caldas Castelo Branco, Rubervan Du Naascimento,
Torquato Neto, Zózimo Tavares. Homens, mulheres, jovens, maduros. Todos
entoando louvores à sua cidade. Muitos deles meus conhecidos. Seguem-se notas
biográficas dos participantes.
Todas as fotos são de alto nível
artístico. Algumas sobrelevam pelo local e pelo ângulo retratados. Assim
acontece com a visão de Teresina e suas três pontes, o Palácio de Karnak, sede
do governo, a Praça da Bandeira e suas cores, os tarrafeiros do Parnaíba, a
visão da Catedral Metropolitana, o bosque e o Cabeça-de. Cuia, a noite na
Metrópole, o restaurante flutuante, a Ponte João Luís Ferreira (governador que
foi colega de Lima Barreto na Politécnica do Rio de Janeiro), a vista
panorâmica, a gare ferroviária, o encontro das águas, o Teatro, o casario
antigo. Depois desta lista, retornei ao livro-álbum e fiquei em dúvida sobre
minha escolha. Terei feito justiça? Confesso que não sei.
Concluindo, felicito aos que idealizaram e realizaram esta magnífica homenagem à Cidade Verde. Ficará como um marco.
Muito interessante essa descrição de nossa amada Teresina pelo famoso escritor catarinense Enéias Athanazio. Leitura de encher a boca. Parabéns Athanaxio, Elmar e nossa Terezina.
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