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O CANAL DE SÃO JOSÉ EM PARNAÍBA
Vicente de Paula Araújo Silva
Desde o ciclo econômico do Couro na Villa
de São João da Parnaíba, as embarcações de maior porte não tinham acesso ao
Sítio dos Barcos, devido a barra do Rio Igaraçu em Amarração, ser muito rasa,
como é ainda. A partir dessa problemática, já no século XX, quando foi
incrementado o ciclo de exportações de
produtos agrícolas como o algodão, a cera de carnaúba, babaçu, borracha
da Maniçoba e outros produtos agrícolas, bem como, a importação de bens de
consumo domésticos, que eram negociados ao longo do Rio Parnaíba, os
empresários da cidade de Parnaíba, resolveram construir um canal de acesso do
Rio Parnaíba ao Rio Igaraçu, evitando o trecho existente no braço do Parnaíba,
que passa pela Lagoa do Bebedouro e chega até as proximidades do Riacho Molha
Bunda no atual bairro São José. Visava
este projeto, encurtar a distância entre Tutoia e Parnaíba facilitar à veiculação de embarcações ao
Ancoradouro de Tutoia e região do Alto Parnaíba, melhorando assim os seus
negócios comerciais no país e exterior, através do porto fluvial de Parnaíba,
que na época já era conhecido como Porto Salgado. Sobre o assunto, o Almanack
da Parnahyba, edição de 1925, mostra, em
artigo publicado, o seguinte trecho: “ O Porto de Amarração, o Cáes de
Parnahyba, o Canal de São José, a navegação fluvial, o transporte por Tutoya, e
tantos outros importantes serviços públicos, que homens superiores , como o
espírito trabalhador e dedicado de Joaquim Pires, conseguiram iniciar,
reduziram-se a essa formidável fonte de afilhadagens e patotas, por onde se
escoam, sem proveito algum, centenas de contos dos cofres públicos!”
Mesmo com as mazelas mencionadas, a
abertura do canal foi dada como concluída pelo DNPVN (Departamento Nacional de
Portos e Vias Navegáveis) na década de 1940, e já existia em 1953, conforme
registra o documento emitido nesse ano
pelo Cartório do 1º Ofício da Comarca de Parnaíba - Auto de Arrolamento e
Partilha dos Bens deixados pela falecida Raimunda Moreira Cornélio - assim descrito: “HAVERÁ, para este pagamento,
UMA PROPRIEDADE RURAL, denominada Taboleiro, situada na Ilha Grande de Santa
Isabel, deste município, na parte agora também conhecida por Ilha do Taboleiro,
em virtude de estar separada da dita Ilha Grande por um, naquele tempo, pequeno
igarapé, só de inverno e atualmente, um canal trabalhado pelo govêrno e
denominado Canal de São José, por onde está se está fazendo a navegação
fluvial, propriedade que se limita: - pelo lado Sul, com um terreno cercado de Booth & Co. Ltd.; pelo lado Norte com
o terreno de Silvestre Moreira Lima; pelo lado Leste, com o rio Igaraçu, e
finalmente, pelo lado Oeste, com o referido Canal de São José,...”
Após a abertura do Canal de São José, a
chamada Ilha Grande de João Gomes do Rego “Barra”, foi dividida em duas partes,
as quais, atualmente têm as denominações de Ilha do Tabuleiro e Ilha Grande de
Santa Isabel, sendo esta última composta por áreas territoriais nos municípios
de Parnaíba e Ilha Grande do Piauí.
É importante salientar que depois da
abertura do Canal de São José, por ocasião da celebração do centenário da
Parnaíba como cidade, em 14 de agosto de 1944, três demandas econômica eram
notáveis para o desenvolvimento do Piauí :
Construção do Porto do Piauí, Continuação do leito da ferrovia da
Estrada de Ferro Central do Piauí até Teresina, e a plenitude da navegabilidade
do Rio Parnaíba. Hoje, após 80 anos, outras demandas são emergentes,
salientando-se o aproveitamento e realinhamento do atual leito da Estrada de
Ferro Central do Piauí, até a estrutura portuária em Luís Correia, para
consolidação da Zona de Exportação do Piauí.
O mapa a seguir datado de 1826, mostra
como era a situação da Ilha Grande de Santa Isabel, na formatação física do
Delta do Rio Parnaíba, antes da abertura do Canal de São José.
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