Os juízes Carlos Brandão, Elmar Carvalho, Luís Moura e Paulo Roberto Barros |
Esculturas do artista parnaibano Juca Lima |
Fotografias tiradas com os celulares da época, sem muita nitidez |
Elmar Carvalho
Estava no centro histórico e
comercial de Teresina, caminhando em direção à agência central do INSS, onde ia
buscar uma certidão sobre o meu tempo de contribuição previdenciária, quando o
celular tocou. Era o doutor Paulo Roberto que me ligava, a me avisar que
conseguira que o seu dentista me atendesse na próxima quarta-feira, à tarde. A
seguir, passou o telefone ao amigo Carlos Brandão, que me convidou a me
encontrar com eles, no CENAJUS – Centro Nacional de Cultura da Justiça,
entidade que dirige, ligada à Justiça Federal, mas sem personalidade jurídica.
Ambos são magistrados dignos, humanitários, estudiosos, desprovidos de empáfia
e arrogância, e maçons da melhor cepa.
A entidade funciona no antigo
prédio da Justiça Federal do Piauí. Até meados da década de noventa, a Seção
Judiciária do Piauí, contava com apenas um juiz federal; um dos quais foi meu
professor na UFPI, no caso o doutor Hércules Quasímodo da Mota Dias. Gravei o
seu nome porque o primeiro prenome é uma homenagem ao heroico semideus da
mitologia Grega, grande trabalhador, pois se celebrizou por ter realizado doze
dificultosos e penosos trabalhos, e o outro, foi retirado, certamente, do livro
do romancista e poeta Vítor Hugo, intitulado O Corcunda de Notre Dame.
Era um magistrado digno e honrado
e um professor de muito mérito, entretanto não fazia jus aos dois prenomes,
porquanto não tinha a musculatura avantajada do semideus e nem a feiura do bom
e sofrido Quasímodo, conquanto não fosse também nenhum Apolo nem Adônis. Tive a oportunidade de
conhecer a Biblioteca Abdias Neves, da prefeitura de Teresina, e um museu de
peças do artesanato piauiense, que lá se encontram bem abrigados, em ponto
central da cidade e perto das linhas de ônibus.
Abdias Neves, patrono da
biblioteca, foi senador da República, magistrado. romancista, poeta e
historiador. Polemista, sobretudo em questões anticlericais, literariamente era
um talentoso polígrafo. Membro e patrono de uma das cadeiras da Academia Piauiense
de Letras. Entre suas principais obras, destacam-se o romance Um Manicaca e A
Guerra de Fidié.
Pedi para a atendente verificar
se na biblioteca havia livros de minha autoria. Felizmente, no cadastro
constava as minhas principais obras, entre as quais lá estavam, enfileiradas
nas estantes: Noturno de Oeiras, Cromos de Campo Maior, Rosa dos Ventos Gerais
e Lira dos Cinqüentanos.
No museu, estavam expostas
notáveis obras dos grandes mestres do artesanato piauiense, inclusive do
parnaibano Juca Lima, que conheci, assim como conheci seu pai, o velho
jornalista e tradutor comercial Souza Lima, autor do livro Vareiros do Parnaíba
e Outras Histórias, que conta a saga dos antigos porcos d' água, quando a
Princesa do Igaraçu despontava como a mais importante cidade comercial do
Piauí, com grandes firmas sediadas em seu território, entre as quais podem ser
referidas a Marc Jacob, a Casa Inglesa, a Pedro Machado, a indústria Moraes, a
do sr. Ranulfo Torres Raposo.
E quando os navios de grandes
empresas de navegação de cabotagem percorriam o Igaraçu e o Parnaíba, indo em
demanda do porto de Tutoia ou de lá voltando, transportando passageiros ou
mercadorias, sobretudo na época do auge do extrativismo vegetal, quando os
coronéis da carnaúba imperavam, orgulhosos de seu dinheiro e cabedais. Terminei
“viajando” na redação, assim como viajei vendo as obras do Juca e dos outros
artistas.
Ao chegar, flagrei dois
estudantes aos beijos e abraços e amassos, num dos corredores. Não ficaram
constrangidos com a minha presença, e continuaram com os seus colóquios. Contei
aos dois colegas, que um dos governadores de Minas Gerais ficou embevecido ao
contemplar um casal de namorados, da janela do palácio. Ao ser indagado por um
secretário e amigo se estava com inveja, respondeu que não; que estava com
saudade. De minha parte também não senti inveja, mas somente uma pontinha de
saudade de meus tempos juvenis, dos quais tento me afastar com sobranceria e
sobriedade.
Um pouco depois, chegou outro
colega, o juiz de Direito Luís Moura. Nesses tempos de modernismo tecnológico,
celebramos o encontro dos quatro magistrados da Justiça federal e estadual com
uma fotografia tirada através de meu celular. Hoje, o telefone celular é muita
coisa, porquanto é multifuncional; é até telefone!...
20 de dezembro de 2010
Linda a biblioteca de arte santeira ,como interessante o fraga amoroso dos jovens.
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